Raposa da América do Sul podia ser animal de estimação dos humanos

Novas descobertas levam a crer que certas espécies de raposas, animal que hoje vive em ambiente selvagem, podem ter sido animais de estimação no passado. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Raposa.
A raposa continua a ser um animal com um população representativa na América do Sul, apesar de em latitudes mais a Norte.

Um estudo publicado esta semana, na revista Royal Society Open Science indica que uma espécie de raposa, entretanto extinta da América do Sul poderia ter fortes vínculos com os seres humanos. Esses seres humanos, que viveram há cerca de 1500 anos, eram caçadores-recolectores na Patagónia, atualmente uma região do Sul da Argentina. Antes da chegada dos cães europeus, a raposa era um animal de estimação de tal maneira relevante para estes povos que até eram sepultados no mesmo espaço.

Ainda haverá muito a desvendar sobre a forma como animais que agora assumem uma forma de vida selvagem se relacionavam com as sociedades primitivas.

Alguns estudos apontavam para o facto de que as espécies de cães que atualmente povoam aquela região da Argentina serem uma mistura entre cães europeus e raposas autóctones, no entanto, isso é desmentido por este novo estudo, que indica que as raposas desapareceram ainda antes dos europeus chegarem às Américas.

As análises levadas a cabo por peritos indicam que a relação entre a raposa e o ser humano seria de tal maneira forte que até partilhavam a mesma dieta, ou seja, comiam os mesmos alimentos. Depois de passarem a vida juntos, acabam por ser enterrados na mesma sepultura, um sinal de respeito mútuo e até de admiração e companheirismo.

Dados da descoberta

Este novo estudo incidiu na análise da descoberta de um conjunto e sepulturas, no sítio de Cañada Seca, a cerca de 200 km a Sul da cidade de Mendoza, no Oeste da Argentina. Neste local já foram recuperadas e analisadas mais de 20 sepulturas, de várias idades, para além dos seus pertences, como foi o caso de ferramentas de pedras, colares e enfeites labiais.

A espécie Dusicyon avus é uma espécie extinta de canídeo cerdocyonina do género Dusicyon, nativa da América do Sul durante as épocas Pleistoceno e Holoceno. Era de médio a grande porte, mais ou menos do tamanho de um pastor alemão.

Uma das sepulturas humanas tinha uma parte do esqueleto de uma raposa, a Dusicyon avus, já extinta e parente direta das raposas das Falkland (Dusicyon australis), que também já se encontram extintas desde o final do séc. XIX. Aparentemente, este enterro não foi casual, já que tendo em conta as posições dos corpos, humano e animal teriam um relacionamento profundo.

As conclusões do estudo apontam para uma extinção precoce da raposa da patagónia, essencialmente devido a questões relacionadas com alterações do clima e das paisagens. A chegada dos europeus ao Sul com continente americano provocou alterações profundas na paisagem e na forma de organização da sociedade. A análise do ADN da raposa da patagónia também demonstrou que esta seria incompatível, do ponto de vista da reprodução, com os cães europeus.

Ainda haverá muito a desvendar sobre a forma como animais que agora assumem uma forma de vida selvagem se relacionavam com as sociedades primitivas.