População de insetos: de vizinhos incómodos a vizinhos amigos

Os insetos são seres vivos que praticamente só recebem a nossa atenção quando queremos afugentá-los, mas podem ter um papel fundamental na sobrevivência dos ecossistemas. Fique a saber mais sobre este assunto, aqui!

Insetos.
Os insetos e os humanos têm uma relação de amor-ódio, que não traduz a importância que têm para a sobrevivência do ser humano.

Os ecossistemas, a nível mundial, estão cada vez mais ameaçados, em grande parte, devido às consequências da atividade humana. A biodiversidade consiste na variedade de formas de vida que habitam a superfície terrestre, e quanto maior for, mais saudável e resiliente será um ecossistema.

Vários tipos de artrópodes, nomeadamente insetos e aranhas, desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde dos ecossistemas, dos quais os humanos dependem para viver. Um estudo recente indica que a atividade humana afeta a biodiversidade entre os artrópodes, registando-se um impacte ainda mais significativo nas áreas urbanas. Os fatores não biológicos, como as variações diárias de temperatura e a proximidade ao oceano/continentalidade também são tidos em conta nesta análise.

Os artrópodes constituem aproximadamente 84% de todas as espécies animais conhecidas.

O estudo acima referido foi desenvolvido durante mais de um ano, por investigadores da Faculdade de Letras, Artes e Ciências da USC Dornsife. Este trabalho centrou-se numa área geográfica bastante extensa, na costa Oeste dos Estados Unidos da América, mais especificamente em Los Angeles e na sua área metropolitana.

Nas áreas urbanas, níveis elevados de biodiversidade estão associados a benefícios para os ecossistemas e populações, que se traduzem em melhor qualidade do ar, diminuição do risco de inundações e até melhorias ao nível da saúde mental dos seres humanos.

Espécies continuam a prosperar, apesar da atividade antrópica

Numa primeira fase foram capturados artrópodes voadores, como abelhas, moscas e borboletas. Para além disso, também se procedeu à captura de aranhas no solo. Estas capturas tinham como objetivo averiguar a variedade de espécies que viviam em determinadas áreas, nomeadamente as que foram fortemente humanizadas nas últimas décadas.

(...) as pessoas responsáveis pelo planeamento urbano, nas cidades, podem criar infraestruturas que permitam a manutenção dos níveis de biodiversidade (...).

Esperava-se que se registasse pouca biodiversidade, em resposta a alterações significativas na paisagem, mas os resultados demonstraram uma realidade (felizmente) bem diferente. A maioria das espécies de aranhas e insetos capturados encontraram respostas às alterações introduzidas pelo homem e continuam a prosperar.

Contudo, nem tudo são boas notícias já que ficou claro que a biodiversidade dos artrópodes diminui drasticamente em locais onde as temperaturas são mais elevadas. Já a impermeabilização dos solos com betão e asfalto tiveram efeitos contraditórios: certas espécies conseguiram uma boa adaptação, já outras… nem tanto!

Em suma, os autores do estudo indicam que, de forma a manter ou pelo menos a não perder a biodiversidade existente, responsável pela saúde dos ecossistemas, se deve priorizar a manutenção e a criação de mais áreas verdes nas cidades, conjugado com a diminuição do uso de pesticidas.

Para além disso, as pessoas responsáveis pelo planeamento urbano, nas cidades, podem criar infraestruturas que permitam a manutenção dos níveis de biodiversidade, como se fossem “ninhos” onde várias espécies de artrópodes se podem reproduzir.

Referência da notícia:
Guzman, L. M. et al. Drivers of arthropod biodiversity in an urban ecosystem. Nature (2024).