Os Caminhos de Santiago: uma peregrinação de reflexão profunda e oportunidade de desconexão
A peregrinação a Santiago é considerada uma experiência liminar assim como uma oportunidade reflexão profunda. Fique aqui a saber mais sobre os caminhos!

Desde meados dos anos 90, o número de pessoas que percorrem a rota de peregrinação do Caminho de Santiago até ao que os fiéis acreditam ser o túmulo do Apóstolo Santiago, na cidade de Compostela, no noroeste de Espanha, disparou.
Atualmente este número continua a aumentar, aproximando-se provavelmente do número de pessoas que faziam a peregrinação na Idade Média, altura em que se crê que cerca de 2 milhões de pessoas faziam o percurso todos os anos.
A peregrinação medieval e contemporânea
Os peregrinos medievais preparavam-se para a peregrinação pondo em ordem os seus assuntos financeiros e espirituais: escreviam um testamento e confessavam-se.
A peregrinação era vista como um ritual de passagem, ou uma busca individual em que o estatuto social e as redes de contatos eram trocados pelo anonimato e pela pobreza em constante mobilidade. A chegada significava a salvação, ou talvez uma cura ou uma revelação mística.
A peregrinação contemporânea e pós-secular do Caminho de Santiago é frequentemente empreendida em momentos de viragem na vida do peregrino, por motivos psico-existenciais.

No entanto existem outros motivos que levam a empreender a viagem pelo Caminho em direção a Compostela.
A procura de si próprio, a arte ou a ideia de chegar a pé ao fim do mundo são as razões que levam o peregrino a percorrer um caminho tão longo.
No Caminho, a autenticidade e a simplicidade são valorizadas e mostram ao peregrino que, na realidade, precisa de muito pouco. A mobilidade lenta facilita a introspeção e pode ter efeitos transformadores.
O mundo digital no Caminho
As ferramentas digitais têm sido bastante utilizadas para quem gosta de planear e organizar tudo com antecedência, no entanto corre-se o risco de se tornar hiper-informado, perdendo as oportunidades de descoberta, admiração e surpresa que fazem parte da peregrinação.
Atualmente pode recolher informações de aplicações oficiais e comunidades em linha, eventualmente para aprender um pouco de espanhol, e para tomar decisões no planeamento do percurso, alojamento, equipamento e formação.
Todavia, já no Caminho, a interação digital ininterrupta pode contrariar alguns dos objetivos da sua viagem.
Se o seu medo é perder-se, não se preocupe! Confie na sua intuição e na comunidade de peregrinos que encontra no Caminho.

Não precisará de um mapa. O trilho está marcado com setas amarelas e vieiras estilizadas.
Mesmo sem telefone, é possivel planear a caminhada do dia seguinte com um guia e, se quiser reservar uma cama para o dia seguinte, o pessoal do albergue de peregrinos pode ajudar.
São muitos os que vêem a peregrinação ao Caminho como uma oportunidade para uma desintoxicação digital e tentam, pelo menos, regular a quantidade de tempo passado com um smartphone.