O verão de 2025 já ficou marcado por uma série de eventos meteorológicos extremos

O verão deste ano está a ser caracterizado por uma sequência de fenómenos meteorológicos severos e destrutivos no hemisfério norte.

Inundações
Estão a ocorrer fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais intensos.

Os 10 anos mais quentes registados ocorreram todos na última década, com 2024 a ultrapassar 2023 como o mais quente em quase 200 anos de registos e 2025 poderá ser o segundo mais quente.

Calor recorde neste verão

De acordo com Fred Hattermann, cientista do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático, atualmente estamos no meio de uma mudança climática e o risco de eventos extremos aumentou significativamente.

O ano 2024 foi o primeiro ano em que a temperatura média da superfície do planeta ficou 1,6ºC acima da referência pré-industrial.

O verão de 2025 já está a ser marcado por eventos climáticos extremos em várias regiões do hemisfério norte. A Europa, tem enfrentado um aumento na frequência e intensidade de ondas de calor, com junho de 2025 a ser o mês mais quente alguma vez registado na Europa.

Ondas de calor
As ondas de calor intensas têm sido muito frequentes este verão no hemisfério norte.

Mas não só na Europa o calor tem sido excessivo, já em maio, as temperaturas ultrapassaram os 50 °C nos Emirados Árabes Unidos. A 1 de agosto, o termómetro atingiu 51,8 °C, pouco abaixo do recorde histórico de 52 °C.

Toda a região do Golfo está sufocante. A capital saudita, Riade, registou temperaturas de 44 °C, enquanto o Kuwait atingiu frequentemente os 50 °C.

O mesmo aconteceu no Iraque, onde o ar condicionado se tornou vulnerável a cortes crónicos de energia e as reservas de água estão no nível mais baixo em anos.

A Turquia viu o limite de 50 °C ser ultrapassado pela primeira vez: a cidade de Silopi, na fronteira com o Iraque e a Síria, atingiu 50,5 °C em 26 de julho. O país sofreu milhares de incêndios neste verão no meio de uma seca severa.

No sudeste dos EUA, no início de agosto tivemos temperaturas cerca de 46oC, com 136 milhões de pessoas na metade oriental do país a sofrer com o «risco de calor intenso» e outros 14 milhões sob risco «extremo».

Na Ásia, entretanto, o Japão bateu o seu recorde histórico de temperatura na passada terça-feira (5 de agosto), com 41,8 °C na cidade de Isesaki, a noroeste de Tóquio. As icónicas cerejeiras do país, emblemáticas do arquipélago, estão a florescer mais cedo do que nunca devido ao calor.

Na Escandinávia, onde o tempo normalmente é mais frio, este ano, desde julho, a Noruega, a Suécia e a Finlândia têm registado temperaturas mais típicas do Mediterrâneo. O dia 3 de agosto marcou o fim de um período de 22 dias com temperaturas acima dos 30 °C na Finlândia, que é um recorde para este país.

Em Rovaniemi, uma cidade finlandesa a norte do Círculo Polar Ártico, as temperaturas atingiram os 30 °C, mais altas do que no sul da Europa na mesma altura.

Com o aquecimento global a acelerar, este verão pode muito bem ser o mais fresco do resto das nossas vidas.

Os recordes de temperatura do verão no hemisfério norte estão a ser quebrados em muitos lugares.

Inundações mortais neste verão

As alterações climáticas estão a agravar as tempestades e as chuvas torrenciais, uma vez que uma atmosfera mais quente pode reter mais água, levando a chuvas intensas. O vapor de água atmosférico atingiu um recorde em 2024, e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) afirmou que este foi o terceiro ano mais chuvoso de que há registo.

Em mais de 140 anos de registos, no dia 6, registou-se em Hong Kong o valor máximo de precipitação para o mês de agosto, 355 mm num único dia.

Na China continental, no final de julho, chuvas intensas mataram pelo menos 44 pessoas e deixaram nove desaparecidas em distritos rurais a norte de Pequim.

A monção de 2025, que começou mais cedo, foi descrita como «incomum» pelas autoridades paquistanesas. A província mais populosa do Paquistão, Punjab, registou 73% mais precipitação em julho do que em 2024.

No Paquistão, 266 pessoas, quase metade delas crianças, já perderam a vida devido às chuvas torrenciais que assolam o país, associadas à monção.

Em Rovaniemi, uma cidade finlandesa a norte do Círculo Polar Ártico, as temperaturas atingiram os 30 °C, mais altas do que no sul da Europa na mesma altura.

Incêndios florestais devastadores

O Canadá está a passar por uma das piores temporadas de incêndios florestais já registadas, amplificada pela seca e pelas temperaturas acima do normal.

Este verão, os incêndios florestais em toda a Europa atingiram um nível recorde, devido às condições de seca e temperaturas elevadas.

De acordo com o observatório meteorológico e climático Copernicus da União Europeia, as emissões totais de fumo e gases de efeito estufa desde o início do verão no hemisfério norte estão entre as mais altas alguma vez registadas.

Incêndios florestais
Neste verão, devido às temperaturas elevadas, os incêndios florestais atingiram grandes proporções.

Grécia, Turquia, Reino Unido e Chipre registaram um recorde de emissões dos incêndios florestais em 2025.

O total registado de área ardida registado até agora na União Europeia é superior à média dos últimos 19 anos.