Mortes devido ao calor podem triplicar até 2050

É inegável que as alterações climáticas têm implicações a curto, médio e longo prazo nas vidas dos seres humanos. Desta forma é importante que ajustemos a forma de construir habitações de maneira a minimizarmos os riscos associados ao calor. Fique a saber mais sobre este tema, connosco!

Típico bairro britânico.
Parque habitacional típico das ilhas britânicas, onde se denota um tipo de construção que não privilegia o isolamento acústico ou térmico.

Devido à mudança dos padrões climáticos em certas regiões do globo, é expectável que as mortes relacionadas com o calor venham a aumentar substancialmente nas próximas décadas. Algumas regiões, como é o caso do Reino Unido, não estão, de todo, preparadas para temperaturas máximas na casa dos 40 °C, sendo que as construções existentes não estão devidamente isoladas contra estes eventos meteorológicos extremos.

Alguns especialistas locais acreditam que o possível aumento do número de vítimas mortais poderá estar relacionado com a fraca qualidade de construção das habitações britânicas - alguns estudos indicam que pelo menos 4,6 milhões de casas, só em Inglaterra, registam temperaturas muito elevadas no seu interior (sobreaquecem) devido a problemas de projeto e/ou de isolamento.

Há mais de uma década que o Comité de Mudanças Climáticas do Reino Unido alerta para a existência de habitações com fraco isolamento, que sobreaquecem com muita facilidade, colocando em risco a saúde e a vida da população. No entanto, neste período, foram construídas mais de 500 mil casas com os mesmos “problemas”.

É extremamente importante que, tanto a população como o governo e o setor da construção civil estejam em sintonia no que concerne às regras de construção que possibilitem fornecer bons índices térmicos.

Mesmo depois de vários anos de alertas, só em junho deste ano o Governo Britânico fez entrar em vigor uma lei que exige que as casas recém-construídas sejam testadas em relação ao conforto térmico. A maioria das casas novas foi construída segundo padrões de temperatura desatualizados, sem ter em conta as temperaturas mais elevadas que atualmente se fazem sentir no verão britânico, algo que pode por ter impactes diretos na qualidade de vida da população.

Mudanças no clima e nas casas

O Reino Unido está a vivenciar o fim de mais uma onda de calor, com as temperaturas nos últimos dias a ultrapassarem os 35 °C na maior parte do território. Desde 2020 que as sucessivas ondas de calor fizeram mais de 2000 vítimas mortais. Estes fenómenos são cada vez mais frequentes e com cada vez mais implicações na população - por exemplo, o dia mais quente do ano já é, em média, cerca de 1 °C acima do que se registava na década de 70 do séc. XX.

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É extremamente importante que, tanto a população como o governo e o setor da construção civil estejam em sintonia no que concerne às regras de construção que possibilitem fornecer bons índices térmicos. Os edifícios construídos nos centros das cidades britânicas, com grandes janelas de vidro, são um exemplo de construção que sobreaquece facilmente.

Em dias de muito calor, as temperaturas dentro de certas habitações podem chegar aos 36 °C, criando um desconforto real. Este tipo de situação pode agravar problemas de saúde pré-existentes, como asma, doenças cardíacas ou doenças mentais.

Calor, um "assassino silencioso"

Apesar de toda esta informação, o calor continua a ser um “assassino silencioso”, pois é muito difícil comprovar que foi uma causa direta de morte. São necessários investimentos avultados para combater estes problemas, que passam pela instalação de ar condicionado ou de novas janelas que possam bloquear o calor de forma mais eficaz.

Estima-se que a legislação que entrou em vigor nos últimos meses demore vários anos até que se notem melhorias concretas. Entretanto, quem não tem possibilidade de fazer investimentos em equipamentos de ar condicionado pode optar por ventoinhas ou ventiladores elétricos, por fechar cortinas ou estores durante o dia abrindo as janelas durante a noite.