Grandes elevações do Planeta sofrem com as chuvas: quais são as possíveis consequências para a população?

Os pontos mais elevados do nosso planeta estão a sofrer com os efeitos das alterações climáticas. Mais chuva e menos neve pode ter consequências dramáticas a vários níveis. Fique a saber mais connosco!

Inundações.
Grandes inundações de 2022, no Paquistão, deixaram um rasto de destruição de atividades económicas e de infraestruturas, bem como um número significativo de vítimas mortais.

Alguns dos pontos mais elevados do planeta estão a sofrer com a mudança do paradigma da precipitação. Os tradicionais nevões são cada vez menos frequentes e estão a ser substituídos por chuvas fortes, em estado líquido, como o próprio nome indica. Esta situação tem consequências a curto prazo, pois pode causar cheias e inundações, potencialmente mortíferas, mas também a longo prazo, pois pode interferir nas disponibilidades hídricas à superfície e no subsolo.

Nos grandes conjuntos montanhosos, as chuvas fortes têm consequências mais problemáticas do que os grandes nevões ou a acumulação de gelo.

De acordo com um estudo publicado recentemente, através da comparação de dados da queda de neve e da pluviosidade registados desde a década de 50 do século passado com modelos de previsão climática computorizados, estima-se que por cada °C que o Planeta aquece, a probabilidade de precipitação em forma de chuva em áreas de altitude mais elevada aumenta cerca de 15%.

Este estudo, com mais ênfase no Hemisfério Norte, descobriu que à medida que a altitude aumenta a probabilidade de ocorrência de chuvas intensas também é maior. Há, inclusive, um nível em que esta situação é notória: a partir dos 3000 metros de altitude. Isto implica que grandes porções do Oeste do Estados Unidos, parte das Montanhas Apalaches, os Alpes, na Europa, e os Himalaias (Ásia) sejam áreas em que esta situação já está a ocorrer com mais frequência.

Consequências para a população (e não só!)

Nos grandes conjuntos montanhosos, as chuvas fortes têm consequências mais problemáticas do que os grandes nevões ou a acumulação de gelo. Por um lado, aumenta substancialmente a probabilidade de ocorrência de deslizamentos de terras e de erosão, no geral. Por outro, mais a jusante dos cursos de água, as inundações podem ser mais significativas, afetando mais pessoas, interferindo em mais atividades económicas (agricultura, por exemplo) e provocando mais prejuízos económicos.

Para além destas consequências há ainda outra igualmente grave, que é o armazenamento de água. A ocorrência de chuvas intensas não permite que a água fique convenientemente armazenada no inverno, como acontece com a neve e com o gelo, que quando derretem na primavera e no verão abastecem os cursos de água superficiais e os aquíferos, potenciado situações de seca, que em certas áreas do planeta já se registam há décadas.

Para que se tenha uma ideia da gravidade da situação, cerca de 1/4 da população mundial reside na área de influência de uma grande montanha, perto de grandes vales e de declives acentuados que ao serem atingidos por chuvas intensas com mais frequência, são mais vulneráveis a inundações e a deslizamentos de terras.

As inundações que, no ano passado, submergiram 1/3 da área do Paquistão e que provocaram mais de 1700 vítimas mortais podem ter sido resultado de mais episódios de chuva e menos de queda de neve, na cordilheira dos Himalaias. Urge que cada cidadão tome ações que ajudem a reverter estas situações, diminuído as probabilidades de impactes severos no nosso estilo de vida.