Glaciar pode desabar e elevar o oceano em mais de meio metro

Uma plataforma de gelo que suporta um glaciar crítico na Antártica poderá desabar nos próximos cinco anos, advertem os cientistas. Uma área de gelo que cobre 170 mil km2 está em risco.

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Um dos maiores e mais altos glaciares da Antártica pode entrar em colapso dentro de poucos anos.

Até recentemente, o Glaciar Thwaites era considerado muito estável, mas na semana passada os geólogos relataram que encontraram novas fissuras na plataforma de gelo que o suportava e que este se poderá desintegrar dentro de três a cinco anos. O Glaciar Thwaites é um dos maiores e mais altos glaciares da Antártica e caso caia no oceano, poderá elevar o nível do mar em 65 centímetros.

Desde de 2004, a parte oriental de Thwaites tem sido protegida por esta plataforma de gelo flutuante - uma extensão do glaciar que se estende até ao mar. Atualmente, a parte inferior da plataforma está ancorada num monte submarino a cerca de 50 km da costa. Esse ponto de fixação ajuda, essencialmente, a manter toda a massa de gelo no seu lugar. Mas os novos dados mostram que o aquecimento dos oceanos está a corroer a plataforma de gelo oriental a partir de baixo e é provável que esta se desintegre em centenas de pequenos icebergues e que o glaciar se quebre no mar em menos de 5 anos.

O degelo da plataforma não aceleraria imediatamente a subida do mar, visto que esta já flutua na superfície do oceano e ocupa a mesma quantidade de espaço, seja sólido ou líquido. Mas quando se partir, a parte oriental do glaciar Thwaites triplicará a sua velocidade em direção à costa, depositando gelo sobre a água que anteriormente estava em terra. O colapso total de Thwaites poderia resultar numa subida do nível do mar sem precedentes em milhares de anos, pondo em perigo milhões de pessoas nas zonas costeiras.

Se esta plataforma de gelo flutuante se partir, o Glaciar Thwaites irá acelerar e a sua contribuição para a subida do nível do mar chegará aos 25%.

A superfície do glaciar é de cerca de 170 mil km2, semelhante à área da província de Córdova, e até à data é responsável por 4% da subida global do nível do mar. Está localizado na Antártica e desagua no Mar de Amundsen, cerca de 30 quilómetros a leste do Monte Murphy.

Não se trata apenas de alterações climáticas

As alterações climáticas não são as únicas responsáveis por este possível colapso. Um estudo publicado em Agosto descobriu que o Glaciar Thwaites também está a derreter devido ao calor da Terra. Dados de satélite mostram que nos últimos 30 anos, o fluxo do glaciar Thwaites através da terra para o mar quase duplicou.

Desde 1980, o glaciar perdeu pelo menos 600 mil milhões de toneladas de gelo, de acordo com uma análise de 2017 utilizando dados da NASA. "A temperatura no fundo do glaciar depende de uma série de fatores, por exemplo, se o solo é constituído por rocha compacta, sólida ou metros de sedimento saturado de água", explicou o co-autor e geofísico Dr. Karsten Gohl. "A água conduz calor ascendente de forma muito eficiente".

O glaciar Thwaites foi apelidado de "glaciar doomsday" devido ao seu grave impacto na subida do nível do mar. Mas o seu colapso não só alteraria diretamente a altura dos oceanos, mas a sua queda também desestabilizaria outros glaciares na Antárctida Ocidental, arrastando mais gelo para a água.