A cobertura de gelo polar marítimo aumenta

Embora a tendência no Pólo Norte continue a ser de uma diminuição da extensão e volume do gelo marinho, não se espera um novo recorde de baixa este ano. Enquanto isto, o gelo marinho na Antártida está a aumentar em quantidade.

Gelo polar aumenta
A extensão do gelo no Ártico e na Antártida tem aumentado nos últimos anos.

O relatório mais recente do National Snow and Ice Data Centre (NSIDC) foi intitulado "uma mudança no ritmo", referindo-se à taxa de degelo no Ártico. Como sabemos, a extensão e o volume de gelo que se forma nos Invernos nos Pólos Norte e Sul diminui em maior ou menor grau de ano para ano, sendo o Ártico o que mais notoriamente diminui ao longo dos anos, enquanto o contrário se verifica na Antártida, onde tem vindo a aumentar recentemente.

Naturalmente, o nosso planeta tem ciclos, mas é claro que eles podem ser influenciados por vários fatores. Estes ciclos permitem que haja um aumento do aquecimento sendo que, por vezes, há anos sem alterações ou com uma ligeira diminuição de temperatura à escala global, quando o gelo, a neve e o frio podem recuperar território, e é isto que temos vindo a experimentar nos últimos anos, graças, também, ao fenómeno climático conhecido como La Niña.

O gelo aumentou no Ártico

Durante o mês de Julho, a taxa de degelo no Oceano Ártico abrandou, devido aos centros de baixa pressão predominantes, gerando uma extensa cobertura de nuvens, temperaturas de cerca de 0°C e eventual queda de neve, reduzindo a probabilidade de um recorde de baixa cobertura de gelo em 2021. A extensão média em Julho foi de 7,69 milhões km2, o que é 1,78 milhões de km2 abaixo do valor médio para 1981-2010, ficando em 4º lugar desde que há registo.

O frio, a neve e o gelo continuarão a existir, mesmo que só ouçamos: "código vermelho", "estamos no ponto de não retorno"....

Do final de Março e até meados de Setembro, ocorre a época de degelo natural, que tinha estado em mínimos históricos, no entanto, este abrandou em Julho e, desde o início de Agosto, o gelo quase não derreteu. Até 10 de Agosto de 2021, a cobertura de gelo é maior do que em 2007, 2011, 2012 e entre 2015 e 2020, ou seja, há mais gelo do que nesses anos, ocupando 6,114 milhões de km2. Estas são, sem dúvida, boas notícias entre tantas más notícias sobre calor, incêndios e secas. Faltam aproximadamente 5 semanas até que o mar comece a congelar.

Como se tem portado a Gronelândia e a Antártida?

O Inverno de 2020-2021 resultou em valores quase normais para a quantidade de massa de gelo/neve sobre a Gronelândia, com perdas compensadas por ganhos. Mais notavelmente, a 26 de Maio, uma tempestade de neve recorde nos setores sul e sudeste acrescentou mais de 12 gigatoneladas de massa de neve quando a época de derretimento começou.

Entre Junho e Julho houve mais ganhos de massa, uma situação que favoreceu a manutenção de valores acima do normal, que persistiram até à data atual. No entanto, no final de Julho, a entrada de ar quente acima dos 20°C favoreceu a perda de gelo e neve até 8 gigatoneladas, uma quantidade significativa, mas que foi de curta duração sem reduzir notavelmente a queda de neve acumulada.