Furacão Lorenzo a caminho de atingir os Açores

O furacão Lorenzo está agora posicionado a 1600 quilómetros a oeste de Cabo Verde, mas os modelos meteorológicos antecipam a sua trajetória para norte até aos Açores, com potenciais efeitos de destruição derivados de chuvas torrenciais e ventos fortes. Contamos-lhe mais aqui!

Furacão Lorenzo está agora na categoria 4 da escala Saffir-Simpson. Deverá afetar os Açores na próxima semana. Fonte: Terra/Modis da NASA.

O furacão Lorenzo já evoluiu da denominação de tempestade tropical para furacão, uma vez que a velocidade e intensidade dos ventos já se situa na categoria 4 da escala Saffir-Simpson. Referimo-nos a ventos entre 209 e 251 km/h, com potencial das devastadoras rajadas alcançarem mais de 250 km/h, (especialmente no Corvo e Flores) que alimentadas pelo calor do oceano atlântico e pelas baixas pressões potenciam o efeito monstruoso deste furacão.

Os modelos numéricos de previsão são praticamente unânimes na trajetória prevista para a deslocação deste furacão, cuja tendência será para se tornar mais colossal, podendo vir a atingir categoria 5. Só não se sabe com exatidão onde e com que intensidade passará, mas pelo menos até amanhã o sistema convectivo vai continuar a ser alimentado pelas águas quentes do oceano Atlântico, desenvolvendo movimentos verticais ascendentes. Prevê-se que à medida que rume em direção ao Arquipélago dos Açores, enfraqueça devido ao centro de altas pressões (anticiclone) que desempenhará um papel crucial no desenrolar deste furacão.

O núcleo do furacão poderá começar a perder força daqui a alguns dias e estagnar, contudo, a probabilidade de descarga de água (chuvadas torrenciais de até 100 mm em apenas 6 horas!), vento forte e potencial destruição nos grupos Ocidental e Central dos Açores é razoavelmente elevada, com probabilidade superior a 50%. Há que continuar a monitorizar com o máximo de atenção esta situação para evitar desastres e preparar planos de contingência de proteção civil, caso seja necessário.

Quanto ao modelo Europeu de previsão (ECMWF), este antecipa descargas de água em doses enormes entre o final do dia 1 de outubro e grande parte do dia 2, quer no grupo Ocidental, quer no grupo Central. Ainda assim, maiores certezas nestas previsões só daqui a 48/72 horas. Com base nas projeções do National Hurricane Center (NHC), a tendência prevista para o furacão será para enfraquecer a partir do dia 30, enquanto se dirige para os Açores. O grau de incerteza ainda é algo significativo e certezas maiores só a partir de domingo, 29 de setembro.

De acordo com um comunicado do Centro de Previsão e Vigilância Meteorológica dos Açores, assinado às 9 horas de hoje "o furacão Lorenzo encontrava-se a 1.600 quilómetros a oeste de Cabo Verde, prevendo-se que nos próximos dias se desloque para norte".

Como se forma um furacão?

Um ciclone tropical é um sistema que possui um centro de baixa pressão com um forte sistema convectivo (movimentos verticais ascendentes) associado que produzem ventos e chuvas muito fortes. Estes sistemas variam em intensidade, desde depressões tropicais, ventos inferiores a 61 km/h, passando por tempestade tropical, ventos superiores a 61 km/h até furacões e tufões, quando o vento atinge valores superiores a 118 km/h. Todos eles podem ter associadas chuvas devastadoras que ocorrem com uma taxa de precipitação elevadíssima, superior a 50 mm/h.