Feira Internacional da Cortiça regressa a Coruche de 29 de maio a 1 de junho. Exportações do setor estão em queda
A Feira Internacional da Cortiça (FICOR) 2025, organizada pelo município de Coruche, diz-se a maior montra nacional da fileira, mas o setor não está a atravessar o melhor momento. As exportações caíram 5,2% em 2024 e o saldo da balança comercial também baixou.

O setor da cortiça em Portugal gera anualmente cerca de dois mil milhões de euros de volume de negócios, agregando 700 empresas e garantindo trabalho a cerca de oito mil trabalhadores (dados de 2022).
Os últimos dados da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) revelam, contudo, que as exportações de cortiça caíram 5,2% em 2024, para 1.148 milhões de euros, fruto da redução na procura por rolhas de cortiça, que representam mais de 70% do total exportado pelas empresas do setor.
A França, que é o maior produtor mundial de vinho, continua a ser o principal importador da cortiça portuguesa, seguindo-se Espanha, EUA, Itália e Alemanha.
Também em 2023, e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o saldo da balança comercial dos produtos de origem florestal tinha registado um excedente de 2,9 mil milhões de euros, embora esse valor já tivesse ficado abaixo do verificado em 2022, que tinha atingido os 3,3 mil milhões de euros.
Saldo da balança comercial cai para 929 milhões
Em 2024, porém, as contas agravaram-se e o saldo da balança comercial da fileira, embora continuasse positivo, caiu a pique face aos anos anteriores, fixando-se nos 929 milhões de euros.
Paulo Américo de Oliveira, presidente da APCOR, referiu, em comunicado divulgado em finais de fevereiro deste ano, que “a conjuntura internacional, nomeadamente de guerras comerciais entre blocos económicos, não nos permite antecipar uma recuperação rápida” das exportações.
A maior empresa do setor, a Corticeira Amorim, encerrou o ano de 2024 com um resultado líquido de 69,7 milhões de euros, mas isso significou uma redução de 21,6% face ao período homólogo, revelou a companhia liderada por António Rios Amorim em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

E é neste cenário económico que se realiza este ano a 16ª edição da Feira Internacional da Cortiça (FICOR), que regressa a Coruche entre 29 de maio e 01 de junho e que ficará concentrada no Parque do rio Sorraia.
O certame divide-se em dois espaços distintos mas complementares: o Pavilhão Multiusos, dedicado à vertente técnica e expositiva da cortiça, e o Parque do Sorraia, onde se concentra a componente cultural, gastronómica, económica e de lazer.
O mesmo espaço acolhe ainda conferências e colóquios promovidos em parceria com a Associação de Produtores Florestais de Coruche (APFC), a FILCORK e o Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça .

No Parque do Sorraia, estará montada uma tenda que reúne produtores locais, artesãos e marcas regionais, enquanto o espaço Wine & Cork convida à prova de vinhos e à descoberta de harmonizações com cortiça.
FICOR é um investimento de 200 mil euros
A Câmara de Coruche referiu à agência Lusa que tem “apostado muito na componente científica, sobretudo na área da investigação florestal”. O concelho acolhe, aliás, o Observatório do Sobreiro e da Cortiça, que agrega os principais agentes do setor.
A vereadora do Planeamento Estratégico, Susana Cruz, não tem dúvidas de que a FICOR é “um palco privilegiado para que os investigadores divulguem aquilo que são os principais resultados da investigação” que fazem na floresta e na produção florestal.
A edição da FICOR 2025 representa um investimento global na ordem dos 200 mil euros.