Esta cidade de Portugal continental é a primeira a receber o sol de manhã
Se detesta perder tempo a dormir, este é o destino certo. Aqui pode acordar mais cedo que o resto do país para ver os primeiros raios de sol — e ainda lhe sobra manhã para aproveitar.

Se gosta de começar o dia cedo e com um belo nascer do sol, há uma cidade em Portugal continental que pode vangloriar-se de ser a primeira a ver os primeiros raios dourados todas as manhãs. Não, não é Lisboa, nem Faro, nem o Porto.
Parece surpreendente? Talvez. Mas há razões muito claras para isso — e uma viagem até lá pode ser uma experiência tão luminosa quanto o próprio nascer do sol.
Por que é Mogadouro a primeira cidade continental a ver o sol?
A explicação é simples: o sol nasce sempre no leste, e Mogadouro é, entre as cidades portuguesas continentais, uma das mais orientais.
Localizada no distrito de Bragança, no nordeste da Região Norte, fica próxima da linha imaginária por onde o sol desponta.
Segundo dados do site dadosmundiais.com, em meados de julho, o sol nasce em Mogadouro por volta das 6:06 da manhã, enquanto em Lisboa, por exemplo, só aparece às 6h23. Pode parecer pouco tempo de diferença, mas quem já viu o céu a clarear sabe que esses minutos fazem toda a diferença.
Mogadouro: um lugar onde o tempo abranda
A recente cidade de Mogadouro pode não aparecer nas capas de revistas ou nos roteiros turísticos mais populares, mas guarda em si um encanto raro. Com menos de dez mil habitantes, é um destino ideal para quem procura tranquilidade, autenticidade e contacto direto com a natureza.
"À primeira vista, ninguém diria que visitar Mogadouro fosse memorável. Pois, acredite quando lhe dizemos que a cativante vila de Mogadouro foi uma das localidades que mais nos surpreendeu na nossa última passagem pelo Nordeste Transmontano", notam os autores do blogue 'Vaga Mundos'.
Como viver o nascer do sol em Mogadouro: roteiro para um fim de semana especial
Para aproveitar em pleno este fenómeno, o ideal é chegar ao destino na noite anterior. Assim, evita madrugadas apressadas e ganha tempo para jantar com calma e preparar o espírito para a manhã seguinte.

A escolha do alojamento pode variar consoante o gosto e o estilo de viagem. A Casa das Quintas é uma opção encantadora para quem procura um ambiente rural com todo o conforto e uma vista deslumbrante. Para quem prefere algo mais prático e central, o Hotel Trindade Coelho é simpático, bem localizado e acolhedor. Se viajar em família ou quiser total privacidade e silêncio, as Casas de Campo da Quinta da Perdigueira são perfeitas — rodeadas por natureza e tranquilidade.
Na manhã seguinte, convém pôr o despertador cedo. No verão, o sol nasce por volta das 6:06, por isso o ideal é levantar-se entre as 5:30 e as 5:45. O Miradouro de São Cristóvão, com a sua vista panorâmica sobre os vales envolventes, é um dos melhores lugares para testemunhar o momento. A luz começa por pintar o céu com tons rosados e dourados, num silêncio quase absoluto, apenas interrompido pelo som dos pássaros a acordar. Se quiser dar um toque especial, leve consigo um casaco leve, uma manta e um termo com café ou chá — o cenário faz o resto.
Outra alternativa igualmente mágica é ver o amanhecer nas ruínas do Castelo de Mogadouro. As pedras antigas ganham um brilho especial quando iluminadas pela primeira luz do dia, e a atmosfera convida à contemplação.
Depois de tanta beleza natural, é altura de recuperar energias com um pequeno-almoço bem servido. O pão regional e os folares caseiros fazem as delícias de quem passa pelas pastelarias locais.

“A gastronomia, assente em produtos genuínos da terra e confeção tradicional, oferece uma variedade de sabores onde se destaca: posta, marrã, enchidos de carnes de porco, bulho com cascas, sopas de Xis, cabrito e cordeiro assado, queijos (ovelha e cabra), mel, azeite, vinho, bolos secos, folares da Páscoa e cogumelos silvestres”, lê-se no site da autarquia.
Com o estômago reconfortado, a manhã convida à exploração. Para os amantes da natureza, um trilho no Parque Natural do Douro Internacional oferece vistas arrebatadoras sobre escarpas, penhascos e o rio lá em baixo, frequentemente sobrevoado por grifos, abutres e águias. Se preferir um ambiente mais calmo e típico, uma visita à aldeia de Urrós, a apenas 20 minutos de carro, revela a essência do mundo rural transmontano: casas de pedra, campos agrícolas, gente hospitaleira e uma paisagem que convida a ficar.
A tarde pode ser dedicada à descoberta do património local. A Igreja Matriz, de estilo gótico, merece uma visita, tal como o Pelourinho e o antigo Paço dos Távoras, testemunhos de um passado senhorial importante. O pequeno Museu Rural também é uma boa paragem para conhecer melhor os costumes e modos de vida desta região.
Se ainda houver tempo e vontade, siga até Miranda do Douro, a cerca de 35 quilómetros. A vila, conhecida pela língua mirandesa e pelas suas tradições únicas, oferece uma vista deslumbrante sobre as arribas do Douro — o pôr do sol ali é tão impressionante quanto o nascer que viu horas antes.
E nas ilhas? Onde nasce o sol primeiro?
Se falarmos das ilhas portuguesas, a resposta não é tão linear. Nas ilhas dos Açores, o sol costuma nascer primeiro na ilha de São Miguel, por ser a mais oriental do arquipélago. A zona da Povoação ou do Nordeste costuma ser das primeiras a ser tocadas pela luz, especialmente nos dias limpos de verão.

Já na Madeira, embora a ilha seja mais compacta, os primeiros raios de sol costumam aparecer na zona de São Jorge, no concelho de Santana, do lado nordeste da ilha. No entanto, como o relevo nas ilhas é montanhoso, o nascer do sol pode variar muito dependendo do ponto de observação, da estação do ano e das condições atmosféricas.
Mesmo em Portugal continental, a resposta pode variar, dependendo da altura do ano. Como o caminho do sol não é uma linha reta e o seu movimento varia ao longo do ano (devido à inclinação do eixo da Terra), a longitude exata do ponto onde o sol aparece primeiro muda ligeiramente. A diferença de alguns minutos entre locais leva a debates entre os portugueses e amantes da astronomia.