No verão vivemos sol, mar e calor. Mas há outros fenómenos muito comuns na época estival portuguesa. Saiba quais!
Quando primeiramente pensamos no verão, o que vem logo à cabeça é o sol, o calor, a praia e o mar. Porém, nem só disso a época estival é feita em Portugal. Muitos mais fenómenos meteorológicos condicionam a estação veranil!

Normalmente, o anticiclone dos Açores manifesta-se a oeste da costa de Portugal continental ao longo da estação do verão. Este centro de altas pressões, aliado à depressão térmica sobre o deserto norte-africano, condiciona de maneira decisiva os estados do tempo vividos durante a época estival.
Já no inverno, a história é outra no que toca às condições climático-meteorológicas. Com o anticiclone açoriano numa posição geográfica mais meridional, o Continente fica exposto à passagem de distintas massas de ar.
Conhecendo o Vento Norte ou Nortada
O Vento Norte (Nortada) é um fenómeno meteorológico que consiste em ventos de direções entre 315 º e 45 º, com velocidades maiores ou iguais a 7 metros/segundo. Manifesta-se também na temperatura à superfície do mar, favorecendo a formação de nevoeiros na faixa costeira ocidental.
A Nortada atinge em cheio a costa ocidental portuguesa durante praticamente toda a duração dos verões e é fator igualmente explicativo da formação de uma corrente de deriva litoral Norte-Sul, bem como temperaturas da água do mar relativamente baixas.
Note-se ainda que a nortada associa-se ao efeito de brisa de mar, resultando do diferencial da temperatura à superfície, entre o mar e a terra e ainda ao efeito de Coriolis.

Os valores mais baixos da temperatura da água ao largo da costa de Portugal continental, sobretudo na Costa Norte do nosso país, refletem o contexto geofísico associado à nortada que sopra durante o verão e que contribui para a circulação oceânica com o efeito de Coriolis.
Isto significa que, no verão, dá-se um desvio para a direita da corrente estimulada pela nortada, o que desencadeia o afastamento das águas superficiais em direção ao largo e à subida das águas mais profundas próximas à costa, com temperaturas mais baixas.
Vento na praia e o contributo do anticiclone açoriano
Quando o anticiclone dos Açores se posiciona a noroeste de Portugal (gradiente de pressão fraco entre 1010-1020 hPa), o vento sopra mais forte, quase de maneira perpendicular à costa, sobretudo entre as 12:00 e as 15:00, começando a afastar-se da praia a partir das 16:00 e rodopiando lentamente para a direita.
Nesta situação, o vento não se manifesta na praia de um modo geral, mas é possível observarem-se pequenas ondas de espuma branca no mar, reflexo da presença de vento moderado.

Contudo, quando o anticiclone dos Açores se situa a norte da Península Ibérica, a pressão atmosférica exibe valores entre 1012 e 1018 hPa. Quando isto sucede, por norma, forma-se nevoeiro a norte do Cabo da Roca que se prolonga sobre o mar.
O vento matinal é fraco (inferior a 11 km/h), mas a partir do início da tarde começam a aparecer as pequenas ondas de espuma branca no mar. A partir das 14:00 o vento aproxima-se da praia, aumenta de intensidade (28 a 37 km/h), sopra de Noroeste e diminui de intensidade ao final da tarde.
Nevoeiro, um fenómeno muito comum nas madrugadas e manhãs de verão em Portugal continental
Afinal de contas, o que é que acontece na atmosfera sobre a geografia continental portuguesa que faz com que o nevoeiro seja tão frequente no verão, especialmente no litoral?

O nevoeiro surge quando o ar satura por efeito de arrefecimento, ou radiativo (por ausência de radiação solar direta), ou advectivo (quando a temperatura é igual à temperatura do ponto de orvalho), ou adiabático (por expansão) ou por aumento de vapor de água.
É muito semelhante às nuvens estratiformes e por isso facilmente confundido com as mesmas. O nevoeiro é um conjunto de minúsculas gotículas de água, de diâmetro compreendido entre 1μm e 20μm, suspensas no ar, mas próximas da superfície. Dependendo do volume de concentração, tamanho e número de gotículas de água, ocorre uma redução da visibilidade horizontal.
O nevoeiro marítimo é comum em regiões costeiras, como o litoral ocidental de Portugal continental e ocorre muito frequentemente no verão, durante a madrugada e manhã.
Para haver nevoeiro, este depende das condições meteorológicas prevalecentes no final da noite e princípio da manhã, quando a temperatura do ar e da camada superficial do solo atingem os valores mínimos.
O nevoeiro marítimo é o tipo de nevoeiro que mais aparece na costa ocidental de Portugal continental
O nevoeiro marítimo costuma aparecer em regiões costeiras e forma-se quando o ar sobre o oceano está saturado e atinge um grau de supersaturação devido tanto à evaporação como ao arrefecimento.

Este tipo de nevoeiro pode deslocar-se para terra em áreas costeiras se o vento soprar com força suficiente para o deslocar, mas não demasiado para dissipá-lo.
Este tipo de nevoeiro forma-se por arrefecimento, com o aumento de estabilidade e condensação de vapor de água da camada mais baixa da atmosfera, quando o ar marítimo se desloca lentamente de Oeste para Leste, por ação do vento fraco, e encontra a baixa temperatura da superfície oceânica junto à costa (resultante dos fenómenos de upwelling).
Este nevoeiro tende a dissipar-se para a tarde, como consequência do aquecimento e da intensificação da brisa. O nevoeiro formado por este processo afeta a costa ocidental com maior frequência e intensidade a norte do Cabo Carvoeiro.