COP28: Guterres afirma que as promessas relativas ao petróleo e ao gás são insuficientes contra as alterações climáticas

Na COP28, o Secretário-Geral da ONU criticou a insuficiência dos compromissos assumidos pela indústria para enfrentar a crise climática, sublinhando a necessidade de eliminar as emissões de combustíveis fósseis.

A COP28 está a decorrer desde quinta-feira, 30 de novembro, até 12 de dezembro, no Dubai.

Na COP28, realizada no Dubai, o Secretário-Geral da ONU criticou as promessas insuficientes da indústria do petróleo e do gás para fazer face à crise climática. Durante a conferência sobre o clima deste ano, António Guterres afirmou que os compromissos assumidos pela indústria dos combustíveis fósseis são claramente insuficientes.

Embora o compromisso de reduzir as fugas de metano dos oleodutos até 2030 tenha sido considerado um passo na direção certa, António Guterres salientou que não aborda de forma fundamental a eliminação das emissões provenientes do consumo de combustíveis fósseis.

Metano, um gás com efeito de estufa com um grande impacto

    O metano (CH4), um dos principais componentes do gás natural, é um poderoso gás com efeito de estufa que contribui para cerca de um terço do atual aquecimento global. Embora tenha um tempo de vida curto, é mais potente do que o dióxido de carbono (CO₂), o gás com efeito de estufa mais influente nas alterações climáticas.

    Se não forem tomadas medidas significativas, prevê-se que as emissões globais de metano causadas pelas atividades humanas aumentem até 13% até 2030.

    A ONU classificou as empresas petrolíferas e de gás como os "gigantes por detrás da crise climática", referindo que o seu compromisso não prevê uma via clara para atingir emissões líquidas nulas até 2050, o que é "absolutamente essencial para garantir a integridade".

    "A ciência é clara: temos de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis num prazo compatível com a limitação do aquecimento global a 1,5 graus", reiterou, referindo-se a um dos principais objetivos do histórico Acordo de Paris de 2015. "Não deve haver lugar para o greenwashing", alertou, aludindo aos perigos do marketing verde enganador e das falsas alegações de sustentabilidade.

    Uma nova iniciativa de alerta precoce

    A iniciativa "Alerta Rápido para Todos", lançada na COP28, tem como objetivo proteger todas as pessoas dos riscos meteorológicos, hídricos ou climáticos através de sistemas de alerta rápido até 2027. "Trata-se de um objetivo ambicioso mas exequível. Precisamos que todos colaborem e cooperem de uma forma nunca antes vista", afirmou o Secretário-Geral no evento principal de domingo.

    Guterres apresentou um novo relatório do Gabinete das Nações Unidas (ONU) para a Redução do Risco de Catástrofes (UNDRR) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que mostra que mais vidas estão a ser protegidas de fenómenos meteorológicos extremos e dos efeitos das alterações climáticas, mas o ritmo dos progressos é insuficiente.

    Até à data, 101 países comunicaram ter um sistema de alerta precoce, o que representa um aumento de seis países em relação ao ano passado e uma duplicação da cobertura desde 2015. No entanto, metade dos países do mundo ainda não dispõe de sistemas adequados de alerta precoce contra riscos múltiplos.

    "Os progressos são encorajadores, mas não podemos ser complacentes. Com um aumento de 80% no número de pessoas afetadas por catástrofes desde 2015 e metade do mundo ainda sem acesso a alertas precoces, é imperativo agir agora para salvar vidas, meios de subsistência e bens", afirmou Mami Mizutori, Diretora da UNDRR.

    "Os alertas precoces são a fruta madura da adaptação climática. Não são um luxo, mas uma necessidade", acrescentou Petteri Taalas, Secretário-Geral da OMM, sublinhando que, apesar dos progressos, os países de África, do Pacífico e da América do Sul ainda têm lacunas significativas nas observações meteorológicas necessárias para a previsão.

    Referência da notícia:
    Organización de las Naciones Unidas. COP28: Las promesas de la industria del petróleo y el gas se quedan cortas para abordar el cambio climático, asegura Guterres (2023).