Conheça o Trovador, o robô que planta árvores onde máquinas e humanos não conseguem chegar
Marta e Sebastião têm 19 anos e desenvolveram a primeira máquina autónoma todo-o-terreno do mundo, que se move como uma aranha e é capaz de reflorestar encostas íngremes e áreas de difícil acesso.

No verão de 2023, depois de concluir o curso de Ciências e Tecnologias no ensino secundário, Marta Bernardino aproveitou as férias para passar por Pedrógão Grande, no distrito de Leiria. Quis ver de perto como estava a decorrer a reflorestação após o grande incêndio de 17 junho de 2017.
Ficou surpreendida ao deparar-se com as paisagens ainda cinzentas e sem vegetação. Perguntando a moradores e a organizações de reflorestação, percebeu, então, que o município estava diante de um enorme obstáculo.
Marta usou então o seu gap year para construir uma máquina autónoma capaz de subir e descer encostas para plantar árvores nos lugares de difícil acesso.
Do fracasso, nasceu um projeto inovador
No seu primeiro protótipo, que lhe custou apenas 15 euros, usou materiais reciclados, como caixas de ovos, PVC e acessórios eletrónicos aproveitados de projetos anteriores. Diante do primeiro teste, a máquina não resistiu aos materiais frágeis e acabou por se partir ao fim de 15 minutos.
O fracasso faz parte do processo e Marta usou a experiência para desenvolver um robô mais robusto, capaz de plantar 200 árvores por hora. O seu protótipo é 500% mais rápido que a mão-de-obra humana e 90% mais eficiente do que os métodos convencionais.
Um tributo ao rei D. Dinis
E assim nasceu o robô Trovador, que ganhou o cognome de D. Dinis, o rei que plantou o Pinhal de Leiria. A missão seguinte é construir uma versão em escala real. Marta Bernardino conta agora com a ajuda de Sebastião Mendonça para criar uma solução climática única no mundo. Ambos têm 19 anos e são os fundadores da start-up Trovador.

Além do robô que estão a desenvolver, andam também numa roda-viva, tentando angariar fundos para viabilizar o seu projeto. Já venceram vários concursos nacionais e internacionais para ideias inovadoras, como o 2024 Slingshot Challenge. promovido pela National Geographic Society, o Fundo 1517, do Medici Project, ou o Step Up to Start Up, do Instituto Rodrigo Guimarães.
Marta e Sebastião estão quase lá, faltam-lhe 14 mil euros, que esperam angariar através de uma iniciativa de crowdfunding, que lhes poderá permitir apresentar no mercado aquele que é o primeiro robô de reflorestação todo-o-terreno do mundo.
Uma solução mais eficaz do que drones
O trovador é 100% português e escala terrenos acidentados, indo onde outras tecnologias e métodos não conseguem alcançar. Os drones, por exemplo, têm uma taxa de sucesso de sobrevivência de sementes de apenas 20%.
O Trovador, por seu turno, graças à plantação precisa e à adaptação em tempo real às condições do solo, tem taxas de sobrevivência das árvores de 85%. É a sua eficiência, segundo os cofundadores da start-up, que o torna numa solução económica, conseguindo reduzir o custo por cada árvore plantada.
Além de eliminar riscos humanos em zonas perigosas, o Trovador protege também os ecossistemas subterrâneos, evitando os danos no solo provocados pela maquinaria pesada utilizada na reflorestação.

O método de Marta e Sebastião oferece, portanto, um serviço completo de planeamento, execução e ainda de monitorização da reflorestação, podendo chegar em breve às florestas portuguesas. Quem sabe, atravessar até a fronteira para continuar uma missão, deixando D. Dinis, o Trovador, certamente muito orgulhoso.
Referências da notícia
Trovador – Tree Planting Robot: https://trovador.eu/
Vídeo de crowdfunding do Trovador: https://youtu.be/R74qnMTAI7E?si=rZGXwTuExwty7yhl
Se quiser contribuir para o projeto de Marta Bernardino e Sebastião Mendonça, consulte a iniciativa de croudfunding da start-up Trovador.