Atenção: possível ciclone sub-tropical ‘Theta’ a caminho de Portugal

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos está a acompanhar um sistema de baixas pressões no meio do Atlântico que poderá fazer história. Poderá ser batizado como ‘Theta’, sendo a vigésima nona tempestade nomeada, algo inédito, e rumar até Portugal.

Theta
Já podemos ver o núcleo de baixas pressões a ganhar cada vez mais consistência e organização, o que dará origem ao possível ciclone subtropical Theta.

A agência norte-americana NOAA (EUA) está a monitorizar um sistema de baixas pressões que se desenvolveu a sudoeste dos Açores. A nebulosidade, a chuva e a tempestuosidade estão a chamar a atenção dos especialistas. No entanto, este sistema de baixas pressões poderá continuar a desenvolver-se ao longo dos próximos dias, adquirindo características tropicais ou subtropicais. Nas próximas 48 horas a probabilidade de que adquira organização já é bastante razoável, cerca de 40%, mas nos cinco dias seguintes aumenta para 60%.

Se for nomeada de Theta, esta temporada de furacões confirmará mais uma vez o seu carácter histórico. Nunca antes se tinha nomeado 29 tempestades

Se acabar por adquirir características tropicais ou subtropicais, ser-lhe-á atribuído o nome de Theta, algo inédito. Até agora, nenhuma temporada de furacões chegou a apresentar 29 tempestades nomeadas. O recorde foi batido em 2005 quando se utilizou o alfabeto grego até chegar a ‘Zeta’. De momento o Eta continua em ação, e durante esta semana poderemos ir mais além, com a vigésima nona. O Atlântico continua muito ativo.

O modelo Europeu prevê para esta terça-feira, as primeiras rajadas de vento significativas em torno do núcleo de baixas pressões, localizado a sudoeste do Arquipélago da Madeira. Em princípio, prevê vento de cerca de 80 km/h nos cenários mais adversos, o que enquadrar-se-ia com uma intensidade de tempestade tropical ou subtropical.

Será que chega a Portugal?

Antes de definir a trajetória, o sistema tem de formar-se. Em princípio, formar-se-á, de acordo com os nossos mapas de confiança, ao alcançar uma pressão mínima de 1008 hPa esta terça-feira, para depois manter estas características até chegar à Madeira na sexta-feira (13). Nessa altura, deverá aprofundar-se um pouco mais e mostrar mais organização. Durante todo este trajeto, o ainda hipotético sistema subtropical, deverá deixar chuvas intensas associadas a núcleos convectivos e rajadas de vento próximas aos 90 km/h.

Às portas do fim de semana, após esta junção de fatores, o ciclone deverá continuar a circular rumo a nordeste, em direção a Portugal continental. Alguns cenários do modelo europeu colocam o sistema relativamente perto de Lisboa no próximo sábado com alguma intensidade, outros simulam-no no próximo domingo, já mais enfraquecido. A incerteza ainda é elevada, dada a distância temporal.

Porque será subtropical, e não tropical?

O sistema de baixas pressões deverá ser subtropical, e não tropical, porque organizar-se-á a partir de um cavado e ar frio em altitude, ao observarmos o modelo dos 500 hPa. Os sistemas subtropicais híbridos geralmente apresentam estas características, subsistindo devido à energia
que libertam as águas relativamente quentes da zona e da convecção
existente no interior de um cavado ou núcleo de ar frio em altitude. Já os ‘tropicais’ são gerados unicamente pela convecção gerada pelo ar quente e húmido existente sobre a água.