Atum com selo azul de pesca sustentável cresce 24% no último ano. Desembarque anual atinge 2,82 milhões de toneladas

O Dia Mundial do Atum assinala-se a 2 de maio. O objetivo é sensibilizar para o facto de estas unidades populacionais estarem ameaçadas por procura excessiva. O mercado português de atum com certificação MSC mantém-se estável nas 325 toneladas.

Atum
O volume de atum vendido com o selo azul MSC, da pesca ambientalmente sustentável, cresceu 24% em relação ao ano anterior, atingindo perto de 300 mil toneladas em 2024-2025.

O volume de atum vendido com o selo azul do Marine Stewardship Council (MSC), a certificação de pesca ambientalmente sustentável, cresceu 24% em relação ao ano anterior, atingindo perto de 300 mil toneladas em 2024-2025.

Os novos dados divulgados pelo MSC na edição mais recente do seu Sustainable Tuna Yearbook [Relatório Anual do Atum Sustentável] abrangem as vendas de atum fresco e congelado, incluído em refeições prontas ou em alimentos para animais de estimação, bem como atum enlatado ou em conserva.

No mercado português, o volume de atum com o selo MSC “manteve-se estável nas 325 toneladas, sendo na sua grande maioria atum gaiado”, revela a mesma fonte.

Da oferta nacional de tunídeos com a certificação MSC em Portugal, 39,8% são conservas, 36,2% congelado, 6,3% comida para levar, 6,2% peixarias, 2,3% restauração e 9,2% outros.

Desafios no aumento do volume disponível

Apesar de se considerar que “ainda existirem desafios no aumento do volume disponível no mercado nacional”, a categoria de conservas com atum MSC apresenta atualmente uma maior diversidade de opções.

Entre as cadeias da grande distribuição alimentar, o Lidl lançou as suas primeiras referências de atum MSC com a sua marca NIXE, o E. Leclerc com a MARCAGUIA lançou também uma conserva de atum em óleo vegetal com a certificação MSC. O Continente mantém a sua conserva de atum MSC em Posta em azeite virgem extra biológico. A ALDI, pioneira no mercado nacional, lançou a primeira conserva de atum MSC e tem em perspetiva aumentar as referências de atum MSC no mercado.

É certo que a oferta de atum com certificação MSC nos pontos de venda “continua limitada”, representando apenas uma pequena fração do total de pescado disponível com o selo azul no país no último ano. Ainda assim, os dados agora divulgados no Relatório Anual do Atum Sustentável mostram que o mercado nacional contou com “desenvolvimentos relevantes” de atum com a certificação do MSC.

Cardume de atum
A origem do atum é um fator decisivo para os consumidores e as empresas. O MSC tem promovido iniciativas para a certificação das frotas nacionais.

No mercado da exportação, prevê-se que, entre abril de 2024 e março de 2025, as empresas portuguesas que exportam atum com certificação MSC atinjam um impacto de 10 milhões de euros em valor.

Certificação de pesca sustentável

A nível global, e ao longo do último ano, várias pescarias de atum obtiveram certificação como ambientalmente sustentáveis. Entre elas, destacam-se a Kyowa-Meiho – a primeira pescaria japonesa de atum com redes de cerco com retenida a obter a certificação –, o atum-rabilho australiano e a pescaria de atum do Atlântico ao largo do Senegal.

A pescaria sul-africana de atum-voador com salto-e-vara foi a primeira a passar no Programa de Melhoria do MSC para a certificação em 2024.

Atualmente, 2,82 milhões de toneladas de atum provenientes de pescarias com certificação MSC são desembarcadas anualmente, representando metade das capturas mundiais de atum selvagem.

Laura Rodriguez, diretora de estratégias de espécies do MSC, revela que “as vendas de atum com rótulo ecológico têm vindo a crescer nos últimos anos” e não dão sinais de abrandar. A mesma responsável assume que “é encorajador ver os progressos alcançados pelas pescarias de atum em todo o mundo para responder a esta procura por parte dos retalhistas e consumidores, o que, por sua vez, está a impulsionar melhorias no mar”.

Os atuns são migratórios, pelo que as unidades populacionais podem ser partilhadas por vários países, que têm de chegar a acordo sobre as medidas de gestão necessárias para garantir uma pesca sustentável. Este facto pode constituir um grande desafio para as pescarias do atum e para as Organizações Regionais de Gestão das Pescas (ORGP).

Duas importantes pescarias – a do gaiado do Oceano Pacífico Ocidental e Central (OPOC) e a do atum-voador do Pacífico Norte – alcançaram marcos considerados “relevantes" na gestão sustentável, no último ano, ao “implementarem com sucesso” estratégias de captura rigorosas que asseguram a saúde a longo prazo destas populações de atum.

Atum
O mais recente relatório da International Seafood Sustainability Foundation revela que 87% das capturas globais de atum já provêm de populações em níveis considerados saudáveis.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), “a quantidade total de atum capturado anualmente tem vindo a aumentar de forma constante desde a década de 1950”.

Origem do atum é decisiva

O seu mais recente relatório sobre o estado das pescas no mundo (SOFIA), publicado em 2024, revela que, em 2022, foram capturadas mais de três milhões de toneladas de gaiado e mais de 1,5 milhões de toneladas de atum-albacora, ambas em peso vivo.

Justamente em resposta a dados científicos que mostraram que um terço das unidades populacionais das sete principais espécies de atum estavam a ser exploradas a níveis biologicamente insustentáveis, as Nações Unidas declararam, em 2016, o dia 2 de maio como o Dia Mundial do Atum. O objetivo é sensibilizar para o facto de estas unidades populacionais estarem ameaçadas por uma procura excessiva.

A MSC refere que, desde que se começou a assinalar o Dia Mundial do Atum, muitas pescarias têm “demonstrado um empenho considerável em melhorar as suas práticas para garantir a sustentabilidade do atum”.

O mais recente relatório da International Seafood Sustainability Foundation sobre o estado das populações revelou que 87% das capturas globais de atum já provêm atualmente de populações em níveis considerados saudáveis.

A origem do atum é um fator decisivo para os consumidores e para as empresas, quer no mercado português, quer a nível internacional. O MSC tem promovido iniciativas para a certificação das frotas nacionais, aguardando-se a primeira pescaria de tunídeos certificada no país.

Nesta quarta-feira, 7 de maio, o MSC participou num painel durante a Seafood Expo Global, em Barcelona, para debater a oferta e a procura de atum sustentável. A sessão contou com a participação de parceiros comerciais que estão na linha da frente do abastecimento responsável de atum.