Associações de produção de cereais (praganosos, milho e arroz) alertam para “situação de emergência” no setor
A Associação de Produtores de Cereais (ANPOC), Associação dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS) e a Associação de Orizicultores de Portugal (AOP) denunciam uma “grave crise no setor”. Exigem a “implementação imediata” da Estratégia +Cereais.

A “queda abrupta dos preços à produção” gerada pela “entrada massiva de grão importado de países terceiros” e em resultado do “aumento dos custos de produção” de cereais em Portugal está a gerar uma “situação de emergência no setor”.
A ANPOC, ANPROMIS e AOP, associações representativas da produção de cereais (cereais praganosos, milho e arroz) em Portugal alertaram nesta segunda-feira, 6 de outubro, para aquilo a que chamam “uma situação de emergência”.
Dizem que, “nos últimos seis anos, desde a campanha 2020, os custos médios aumentaram cerca de 55% enquanto o cereal valorizou apenas 20%”.
Para estas três associações do setor “esta concorrência desleal está a colocar em risco centenas de explorações e a ameaçar um setor considerado estratégico para a soberania alimentar nacional”.
Avisando que “as contas não fecham e trabalhar no vermelho deixou de ser sustentável”, as associações da produção de cereais exigem “medidas urgentes“ e “uma resposta imediata do Governo português e da União Europeia”.
Execução da Estratégia +Cereais
Entre as medidas que querem ver implementadas, a ANPOC, ANPROMIS e AOP falam da Estratégia +Cereais, que querem ver executada através de “todas as dezassete medidas aí previstas”.

Também a futura Política Agrícola Comum (PAC 2028-2034) está em cima da mesa. As associações do setor dos cereais querem que o orçamento seja “reforçado e ajustado à inflação” e que “preserve a sua natureza comum e os dois pilares”, assegurando “apoios integrais” e a distribuição de recursos “de forma justa entre países”.
Apoio ao setor cerealífero português
Estas organizações defendem também “flexibilidade” face às realidades do Sul da Europa, com “participação efetiva dos agricultores”.

Entre as exigências está também a atualização dos preços de intervenção para os cereais “recalculando-os face aos custos atuais”.
No entender destas associações, os preços praticados atualmente “nada têm a ver com os que eram praticados em 2001/2002, altura em que o preço de intervenção foi definido nos 101,31€/tonelada”.
Por fim, a ANPOC, ANPROMIS e AOP pedem um “controlo rigoroso nos portos e fronteiras, com reforço dos serviços de inspeção, para garantir que o cereal importado cumpre com os mesmos padrões sanitários exigidos à produção nacional”.
O setor dos cereais em Portugal ocupa uma área que ronda os 250 mil hectares e está presente em cerca de 95 mil explorações agrícolas distribuídas de Norte a Sul do país.
Cientes desta importância, as associações ANPOC, ANPROMIS e AOP advertem: A produção de cereais em Portugal não é apenas uma atividade económica.
O que está em causa é "a preservação de solos agrícolas, a fixação de população no interior, o combate à desertificação, a manutenção da biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas e a redução da dependência externa em bens alimentares básicos”.