As complexidades do vórtice polar estratosférico e as incertezas meteorológicas das próximas semanas

Diante da complexidade associada ao vórtice polar estratosférico, meteorologistas permanecem com dúvidas quanto às previsões meteorológicas das próximas semanas. As dinâmicas complexas deste fenómeno dificultam previsões fiáveis, atendendo às interações entretanto geradas. Saiba mais aqui!

vórtice polar
Foram identificadas várias complexidades e incertezas decorrentes da atividade do vórtice polar estratosférico.

A 8 de janeiro de 2024, uma análise das condições atmosféricas revelou uma série de eventos em torno do vórtice polar estratosférico. Há duas semanas, as previsões apontavam para um possível "aquecimento estratosférico drástico", mas a realidade apresentou apenas um aumento de temperatura na estratosfera ligeiro, contrariando as expectativas iniciais dos meteorologistas.

Ondas atmosféricas e a sua relevância à escala internacional

O papel das ondas atmosféricas à escala planetária é destacado como o componente-chave na comunicação entre a estratosfera e a troposfera. Originadas por diversos fenómenos, estas ondas desempenham um papel semelhante às ondas oceânicas, amplificando-se na direção vertical até atingirem a estratosfera. A ausência de configurações específicas, como a baixa pressão sobre as Ilhas Aleutas e alta pressão sobre o Atlântico Norte, nas condições atmosféricas atuais, pode ter contribuído para a não concretização completa deste fenómeno.

Uma análise atenta ressalta, aliás, a importância dos ventos na estratosfera, que devem soprar de oeste para este, contribuindo para a formação de condições ideais de “aquecimento estratosférico repentino”. A sazonalidade destes ventos, que favorecem os meses de inverno do Ártico, é uma condição fulcral. A ausência destas condições, seja devido aos ventos de este para oeste no verão ou à inversão após um sobreaquecimento, destaca os movimentos que a atmosfera realiza para a ocorrência deste fenómeno.

Na ocorrência destes processos estratosféricos destaca-se a importância da configuração do vórtice polar. A forma ideal do vórtice polar estratosférico é comparada com a ressonância de um sino, influenciando a amplificação das ondas atmosféricas. A análise retrospetiva das últimas duas semanas indica uma amplificação da atividade das ondas, sugerindo que a estratosfera estava na configuração certa. No entanto, a ausência de um pulso de ondas intensas da troposfera pode ter contribuído para o aquecimento parcialmente bem-sucedido.

Previsões e incertezas: um olhar atento às previsões meteorológicas

As previsões meteorológicas indiciam um enfraquecimento do vórtice polar nas próximas semanas, com algumas previsões a sugerirem a possibilidade de outro grande evento de aquecimento estratosférico. Contudo, a incerteza persiste em relação à evolução do fenómeno após meados de janeiro.

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Velocidade do vento (superior) e temperatura (inferior) observada e prevista do vórtice polar em comparação com a faixa natural de variação. Fonte: Dados de NOAA GEFSv12.

A deslocação do vórtice polar em direção à América do Norte e Escandinávia, bem como a possibilidade da sua divisão em dois lóbulos na estratosfera inferior, ajuntam uma camada adicional ao já complexo cenário meteorológico. Desta forma, os meteorologistas permanecem vigilantes, conscientes de que a atmosfera continua a colocar à prova as previsões das próximas semanas.

Referência da notícia:NOAA (2024). Cooking up a stratospheric polar vortex disruption. Disponível em: Cooking up a stratospheric polar vortex disruption | NOAA Climate.gov (consultado em 10 de janeiro de 2024).