As abelhas estão a viver metade do tempo que viviam há 50 anos

As abelhas mantidas em condições laboratoriais vivem agora metade do tempo que viviam na década de 1970. O que poderá estar a causar isto? Saiba aqui, connosco!

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A esperança de vida das abelhas criadas em laboratórios americanos é de metade comparando com a década de 1970.

A esperança de vida das abelhas criadas em laboratórios americanos é de metade comparando com a década de 1970, o que sugere que pode haver uma razão genética por detrás das taxas crescentes de colapso das colónias.

Esperança média de vida das abelhas: a comparação

Há cinco décadas, o tempo de vida médio de uma abelha operária ocidental (Apis mellifera), que passou a sua vida adulta num ambiente controlado, era de 34,3 dias. Agora, a mediana é de 17,7 dias, de acordo com a investigação de Anthony Nearman e Dennis vanEngelsdorp na Universidade de Maryland.

Ao examinar a literatura científica sobre estudos semelhantes ao longo do tempo, Nearman observou uma tendência decrescente na duração de vida deste inseto desde a década de 1970 até hoje.

Paradoxalmente, verificou-se que as taxas de mortalidade duplicaram desde que os protocolos para a criação de abelhas em laboratório foram formalizados nos anos 2000.

Esta mudança implicou que soluções para a vida reduzida das colónias no campo, um problema cada vez mais encontrado pelos apicultores, pudessem ser encontradas nas próprias abelhas. "Na sua maioria, as abelhas são animais de criação, pelo que se reproduzem frequente e seletivamente a partir de colónias com características desejáveis, como a resistência a doenças", diz Nearman.

"Neste caso, pode ser possível que a seleção para o resultado da resistência a doenças tenha sido uma seleção inadvertida para a redução da duração de vida entre as abelhas individuais", frisou Nearman. "As abelhas de vida mais curta reduziriam a probabilidade de propagação de doenças".

Quando é que os cientistas se aperceberam deste problema?

Os investigadores começaram a documentar taxas crescentes de perda de colónias por volta de 2006, após um fenómeno conhecido como distúrbio de colapso de colónias ter começado a matar enormes quantidades de colónias nos EUA.

A desordem foi detetada por volta de 2008, mas as taxas de perda de colónias permaneceram superiores ao que os apicultores consideram economicamente viável e as razões pelo qual isto acontece são incertas.

Este estudo deu para perceber o quão em declínio as abelhas de laboratório estão, contudo, não explica o porquê de isto estar a acontecer. Serão feitas mais investigações, de forma a tentar explicar esta disparidade da esperança média de vida.

O trabalho de modelação da equipa demonstrou que uma redução de 50% na duração de vida individual das abelhas resultaria numa taxa de perda de colónias anual de 33% - um número que bate certo com as taxas de inverno e com as perdas anuais de 30% e 40%, que foram relatadas pelos apicultores.

Com isto, serão feitas mais investigações que analisarão as tendências da duração de vida das abelhas em diferentes partes dos EUA e em todo o mundo, numa tentativa de comparar o impacto relativo dos fatores genéticos e ambientais.