Aquecimento do Ártico traz grandes alterações ao clima doutros continentes

As variações anómalas da temperatura num determinado continente têm implicações em vastas áreas do planeta. Neste caso, o Ártico tem sido palco de algumas mudanças que se vão manifestar nas áreas limítrofes. Saiba mais aqui!

Degelo.
O degelo no Ártico tem batido recordes nas últimas décadas.

Nas últimas décadas, as regiões que se encontram em latitudes intermédias, nomeadamente do interior da Europa, da Ásia e da América do Norte têm experimentado sucessivos invernos com temperaturas baixas a bater recordes, isto apesar da temperatura média da superfície terrestre ter apresentado uma tendência de subida.

A região do Ártico, junto ao Polo Norte, aqueceu cerca de duas vezes mais rápido que o restante planeta, muito devido à redução da massa de gelo marinho e ao aumento das temperaturas, tanto do ar como da superfície do Oceano Ártico. Apesar disto, os invernos com condições severas, nas latitudes intermédias, tornaram-se cada vez mais comuns.

(...) as emissões de carbono e a queima desmedida de combustíveis fósseis estão a fazer que aquilo que para os cientistas seriam anomalias se tornem o novo normal.

Isto acontece tendo em conta o padrão Warm Arctic Cold Continents (WACC), que foi estudado pela primeira vez em 1973. Significa que o aquecimento do Ártico impulsiona uma mudança na circulação do ar nos continentes circundantes, fazendo com que certas regiões a latitudes intermédias registem temperaturas mais baixas que o próprio Ártico durante o inverno no Hemisfério Norte!

À medida que se perspetiva que o Acordo de Paris, de 2015, não vá ser cumprido, o aumento da temperatura global entre os 1,5 °C e os 2 °C pode fazer com que esta situação se torne num novo normal, se bem que o “aquecimento” irá amenizar os invernos nas latitudes intermédias.

Consequências práticas

No ensino escolar da disciplina de Geografia, os Professores transmitem aos seus alunos que entre o Círculo Polar Antártico e o Polo Norte há a chamada “Zona Fria do Norte”, caracterizada por registar temperaturas baixas ao longo do ano e principalmente no inverno do Hemisfério Norte. Contudo, a divisão entre a “Zona Fria do Norte” e a “Zona Temperada do Norte” é uma linha cada vez mais ténue.

Enquanto no Norte da Gronelândia, em pleno inverno, é possível registar mais de 60 horas seguidas de temperaturas acima dos 0 °C, na mesma altura, locais como Oslo, Varsóvia e mesmo Roma registam temperaturas bem abaixo da média para altura do ano, com acumulações de neve e gelo que fazem lembrar… precisamente o Ártico!

O recuo do gelo no Oceano Glacial Ártico tem sido um dos fatores preponderantes nestes acontecimentos e também uma consequência prática do aquecimento da atmosfera. À medida que o gelo marinho recua, expõe a água a temperaturas mais elevadas que vai acabar por libertar mais calor para atmosfera. Isto acaba por causar perturbações sérias na corrente de jato.

A ação do homem tem sido essencial nestes acontecimentos: as emissões de carbono e a queima desmedida de combustíveis fósseis estão a fazer que aquilo que para os cientistas seriam anomalias se tornem o novo normal.