“A Economia Portuguesa em Contexto de Incerteza Mundial”. AICEP lança guia prático para as empresas exportadoras

Com os EUA a aplicarem as tarifas alfandegárias mais elevadas dos últimos 100 anos, o estudo da AICEP traz uma análise detalhada sobre o impacto das tensões geopolíticas, em especial dos EUA. Destina-se às empresas exportadoras.

Contentor
A implementação de tarifas alfandegárias por parte dos EUA, que são as mais elevadas dos últimos 100 anos, gerou um clima de incerteza política e económica mundial sem precedentes.

A pandemia de COVID-19 no início de 2020, a invasão da Ucrânia pela Federação Russa em fevereiro de 2022, o conflito armado no Médio Oriente que se agravou desde 7 de outubro de 2023, entre outros eventos disruptivos de âmbito internacional estão a gerar consequências nas relações políticas, económicas e comerciais entre países e entre vários blocos económicos.

Os choques provocados por estes e outros acontecimentos fez com que a distância geopolítica, ou seja, o grau de alinhamento geopolítico entre parceiros comerciais, se tenha degradado em numerosos países, constituindo um indicador inequívoco da deterioração da confiança transfronteiriça. E amplificou consideravelmente as vulnerabilidades estruturais desenvolvidas em consequência da integração económica global.

Incerteza política e económica mundial

Todos estes acontecimentos expuseram a economia mundial a uma condição de vulnerabilidade, perante desafios de natureza económica e securitária que as empresas e os governos se veem presentemente compelidos a enfrentar.

Acresce a este contexto já complexo o facto de, em 2 de abril de 2025, os Estados Unidos da América (EUA) terem anunciado a implementação de tarifas alfandegárias, que são as mais elevadas registadas nos últimos 100 anos, gerando um clima de incerteza política e económica mundial sem precedentes.

Exportações
A AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal lançou esta semana o estudo “A Economia Portuguesa em Contexto de Incerteza Mundial – Análise das Dinâmicas Comerciais”.

A pensar nisso, a AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal lançou esta semana o estudo “A Economia Portuguesa em Contexto de Incerteza Mundial – Análise das Dinâmicas Comerciais”.

Trata-se de uma espécie de manual técnico que pretende ser “uma ferramenta útil para as empresas portuguesas, em especial as exportadoras”. O estudo traz “uma análise detalhada sobre o impacto das tensões geopolíticas, das tarifas alfandegárias, em especial dos Estados Unidos da América (EUA), e da incerteza no comércio internacional na economia portuguesa”, refere a Agência que, desde junho, passou a ser liderada por Madalena Oliveira e Silva.

Num momento em que os EUA aplicam as tarifas mais elevadas dos últimos 100 anos e em que a incerteza da política económica mundial atinge níveis históricos, “esta análise oferece às empresas portuguesas uma visão clara sobre os riscos e as oportunidades que se colocam à sua atividade internacional”.

A partir de “fontes fidedignas e cálculos da AICEP”, o estudo agora apresentado evidencia vários pontos. Um deles é a “resiliência das exportações portuguesas, que cresceram 3,7% nos primeiros cinco meses de 2025, acima da média da UE27”.

Importância estratégica dos EUA

Por outro lado, sublinha-se “a importância estratégica dos EUA como quarto destino das exportações nacionais, apesar de uma ligeira contração no período mais recente”, mas que, apesar disso, “tem tido um crescimento sustentado da quota de mercado”.

Vinho
O estudo da AICEP traz “uma análise detalhada sobre o impacto das tensões geopolíticas, das tarifas alfandegárias, em especial dos EUA. O vinho é um dos produtos abrangidos pelas tarifas.

Em paralelo, o estudo da AICEP fala da “concentração geográfica das exportações na União Europeia, que continua a mitigar parte do impacto das tarifas norte-americanas”, e ainda realça “os desafios para setores como o automóvel e a maquinaria, devido ao protecionismo, e as oportunidades que surgem para outros setores, como o farmacêutico”.

Rede da AICEP em 50 mercados

Tendo em vista o objetivo nacional de atingir 55% do peso das exportações no PIB até 2029, a AICEP considera “essencial que as empresas reforcem a diversificação de mercados” e, por outro lado, “consolidem a integração em cadeias de valor regionais”.

E a Agência propõe-se apoiar as empresas exportadoras a vários níveis, nomeadamente através dos seus “serviços de Intelligence, com estudos e análises para apoio à diversificação de mercados”. A AICEP também dá apoio ao nível do “reforço da capacitação às empresas”, nomeadamente através de programas especializados, por exemplo Programa Exportar Online, assim como por via de linhas de incentivos para a internacionalização.

A par disso, a rede externa da AICEP, que está disponível em mais de 50 mercados, assume uma “capacidade para prestar um apoio local e de proximidade” às empresas portuguesas no exterior.

Madalena Oliveira e Silva, que lidera os destinos da Agência desde a saída de Ricardo Arroja, em junho deste ano, é taxativa: “As empresas portuguesas enfrentam hoje um ambiente de incerteza sem precedentes, mas também dispõem de oportunidades para se reposicionarem nos mercados internacionais”.

Para a presidente da AICEP, o estudo “A Economia Portuguesa em Contexto de Incerteza Mundial – Análise das Dinâmicas Comerciais” é “uma ferramenta prática para apoiar a tomada de decisão estratégica das empresas e reforçar a competitividade de Portugal no comércio mundial”.

“Perante tarifas e regras voláteis, a AICEP atua como torre de controlo”, garante Madalena Oliveira e Silva, que fala da emissão de alertas, análises de impacto setorial, leitura de barreiras e planos de diversificação com entrada assistida em mercados alternativos.

Tudo, para dar apoio às empresas exportadoras, apoiando-as, nomeadamente, na defesa da sua quota de mercado nos EUA ou na tarefa de abrir novos destinos de alto potencial.