A dissociação durante eventos traumáticos: como o cérebro protege a mente?

Durante eventos traumáticos, a dissociação constitui-se como uma fórmula protetora da mente, separando-a da dor. Embora essencial para sobrevivência, é crucial procurar apoio para uma recuperação saudável. Saiba mais aqui!

cérebro; mente
A dissociação pode ajudar o Ser Humano a proteger a mente relativamente à dor, sendo essencial para uma recuperação saudável.

Durante situações traumáticas, é comum as pessoas sentirem-se desconectadas da realidade, como se estivessem a ter uma experiência “fora” do seu corpo. Estes sintomas de desconexão descrevem o fenómeno da dissociação, um mecanismo de defesa do cérebro que separa os sentimentos e as ideias temíveis que alguém cria.

O papel da dissociação como mecanismo de proteção durante o trauma: uma análise especializada

A dissociação pode ser útil em situações em que alguém não pode fisicamente escapar do perigo ou do stress, bem como ser vítima de um crime violento ou abuso. O sistema nervoso simpático, responsável pela resposta que nos ajuda a “lutar ou fugir”, é ativado quando uma pessoa está em perigo físico iminente. No entanto, quando a luta ou fuga parece ser demasiado perigosa ou impossível, a dissociação é outra forma pela qual o sistema nervoso se prepara para responder ao trauma.

Segundo especialistas, a dissociação pode proteger alguém em determinado momento, permitindo que sejam mentalmente separados de uma situação que causa dor física, emocional ou ainda ambas. Este mecanismo para enfrentar determinada situação pode estar associado ao congelamento e à separação da pessoa da memória do evento traumático.

Ruth Ellingsen, Professora Associada de Psicologia na Universidade de Oregon (Estados Unidos), salienta que, para algumas pessoas, "a dissociação pode ser a única forma de se manterem seguras após terem sido vítimas de um abuso". No entanto, os problemas podem surgir se as pessoas continuarem a dissociar-se mesmo após estarem separadas do trauma, em vez de recorrerem a outras estratégias para lidar com a situação, como a mindfulness, a meditação ou a ajuda profissional.

A dissociação crónica: o equilíbrio entre a utilidade e os desafios pós-trauma

O objetivo de se abordar a dissociação crónica não é eliminá-la totalmente, uma vez que pode ser uma tática útil para sobreviver a determinada situação de perigo. No entanto, as memórias de um evento traumático são frequentemente disruptivas e dolorosas, pelo que ter alguma distância destas memórias pode significar uma melhor qualidade de vida após o trauma.

É importante reconhecer que a dissociação durante eventos traumáticos é uma resposta natural do cérebro para proteger a mente em situações de perigo extremo. É importante, ainda assim, procurar ajuda e desenvolver outras estratégias saudáveis para lidar com o stress diário e promover uma recuperação completa após o trauma.

Destaca-se, pois, a importância de compreender a dissociação como um mecanismo de defesa, mas também ressalta a necessidade de apoio e intervenção para aqueles que lutam com a dissociação crónica, com a finalidade de promover uma melhor saúde mental e qualidade de vida.