Tempo da próxima semana em Portugal: depressões com ar subtropical trarão chuva forte, vento intenso e risco de trovoada

Este fim de semana e nos dias que se lhe seguirão, prevalecerá um forte fluxo de sudoeste, muito mais ameno, que favorecerá chuva persistente e localmente forte em várias regiões de Portugal continental. Saiba quais as que poderão ser mais afetadas.

Após esta sexta-feira (12) de tempo estável, seco, frio e de céu parcialmente nublado, Portugal continental irá testemunhar a partir da madrugada deste sábado (13) uma mudança drástica da situação meteorológica.

Tudo se deverá à deslocação de uma massa de ar quente, que virá de sudoeste, e que terá impacto no sábado (13), mas ainda mais ao longo do dia de domingo (14). A massa de ar subtropical marítimo, muito mais húmida e quente, continuará a ser “bombeada” até à nossa geografia nos próximos dias e condicionará o estado do tempo em grande parte da próxima semana.

Prevê-se que este domingo (14) seja um dia chuvoso, húmido e instável, com a precipitação a ser mais provável e frequente no Minho e no Douro Litoral. Não se descarta a ocorrência de inundações.

A corrente de jato polar irá descer em latitude sobre a Europa Ocidental e interagir de maneira breve com a corrente de jato subtropical, fortalecendo-se e criando um forte gradiente de temperatura sobre a parte do Atlântico mais próxima ao nosso país. Isto fornecerá o “combustível” ideal para os centros de baixas pressões que tendem a desenvolver-se nestas latitudes. Estas depressões irão deslocar-se de sudoeste para nordeste, atingindo Portugal continental, Espanha, mas também outras áreas geográficas do Sudoeste Europeu.

A primeira destas depressões, Hipolito, foi nomeada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) há já alguns dias, tendo por nós sido noticiada diversas vezes quanto aos seus efeitos e impactos previstos para as várias unidades territoriais portuguesas. A referida depressão tem afetado com severidade o Arquipélago dos Açores nestes últimos dias. Deixará alguns efeitos indiretos no Arquipélago da Madeira e também no Continente.

Ao deslocar-se para este-nordeste, a Depressão Hipolito enfraquecerá, mas os seus remanescentes, sob a forma de frentes algo desestruturadas, afetarão primeiro a vertente atlântica e mais ocidental da Península Ibérica (Galiza e Portugal continental). Hipolito será a primeira das depressões a dar início à “canalização” contínua de ar subtropical marítimo durante vários dias.

Todavia, haverá uma segunda depressão que começará a afetar de forma mais copiosa Portugal continental a partir de segunda (15), alterando significativamente o estado do tempo no nosso território a partir desse dia e até quinta-feira (18).

Para já, não se exclui que esta segunda depressão seja a última desta sequência, dado que alguns cenários apontam para a chegada de outra baixa ou frente no final da próxima semana que poderia prolongar esta situação ou mesmo estendê-la, pois se a baixa pressão permanecer por perto, poderia levar a outro tipo de advecção que traria chuva ou massas de ar mais frias para outras zonas.

Com este panorama, após um fim de semana já de si marcado pela subida das temperaturas e pela precipitação, é de esperar uma atmosfera ainda mais amena a partir de segunda-feira (15), com um aumento vertiginoso da nebulosidade e da velocidade do vento que soprará moderado a forte de Oeste/Sudoeste.

Espera-se que a chuva associada à segunda depressão comece a cair em Portugal continental entre domingo (14) e segunda-feira (15).

Chuva forte, vento intenso e risco de trovoada em várias regiões do Continente

Ao longo de boa parte da próxima semana, entre segunda (15) e quinta (18), prevê-se precipitação em várias regiões do Continente, esperando-se que o pico das acumulações pluviométricas mais abundantes ocorra nalguns períodos do dia de terça (16) e do dia de quarta (17).

Espera-se chuva persistente, com intensidade fraca a moderada, podendo surgir localmente forte. Terá tendência a intensificar-se nas zonas montanhosas e mais expostas ao fluxo de Sudoeste. As condições atmosféricas (ar bastante húmido, relativamente quente e instável) poderão ser favoráveis ao desenvolvimento de células convectivas, pelo que não se exclui a ocorrência de trovoada.

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Estima-se que as regiões mais afetadas sejam as que se situam a oeste da Barreira de Condensação e a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, por terem uma maior capacidade de retenção da nebulosidade e da precipitação e pelo próprio efeito orográfico dos mencionados acidentes geográficos.

Ainda assim, nesta ocasião, até mesmo o Alto Alentejo poderá ser significativamente regado, já que as frentes poderão ter a capacidade de ultrapassar as barreiras orográficas e chegar a zonas habitualmente menos regadas, como é o caso do Alentejo. Quanto mais para sul/sudeste, menor será a probabilidade de precipitação, pelo que o Algarve e o Baixo Alentejo deverão novamente ser as regiões menos afetadas pela chuva.

O vento também poderá soprar forte, mas é necessário sublinhar que o cavamento e a trajetória da depressão não são conhecidas na totalidade, pelo que, de momento, ainda não é possível saber com exatidão a extensão da situação meteorológica. A incerteza sobre a intensidade do episódio meteorológico associado à segunda depressão será provavelmente solucionada este fim de semana com as próximas atualizações do nosso modelo de referência (ECMWF).

Aumento das temperaturas, derretimento de neve e gelo e possibilidade de inundações e transbordamento de rios

Outro aspeto a ter em conta para estes próximos dias é o derretimento da neve que se acumulou nas partes mais elevadas da Serra da Estrela nos primeiros dias de janeiro devido à previsão do aumento acentuado das temperaturas.

Isto contribuirá para um aumento significativo do caudal dos rios adjacentes à Cordilheira Central, que, somado a elementos climáticos como a chuva e o vento, provocarão um aceleramento do processo e a possibilidade de transbordamentos de canais fluviais.

Outros rios de Portugal continental também poderão registar o mesmo fenómeno, sobretudo naqueles onde, nos últimos dias, se formou gelo devido ao tempo frio.

Por fim, algumas zonas historicamente vulneráveis à ocorrência de inundações, principalmente as que se localizam nas Regiões Norte e Centro do país, poderão registar este tipo de ocorrência devido à chuva forte e abundante num curto espaço de tempo.