Regresso da chuva marca o fim de semana e frente atlântica abre porta a sucessivas depressões durante a próxima semana

A chuva e o vento devem regressar a Portugal Continental no domingo, 19 de outubro, sobretudo ao Norte e Centro. A chegada de uma frente atlântica sinaliza a cedência do anticiclone e o início de um padrão mais húmido durante a próxima semana. A semana poderá trazer sucessivas depressões.
O fim de semana marca uma viragem no estado do tempo em Portugal. Este sábado, 18 de outubro, mantém-se o cenário de “verão fora de época”: céu pouco nublado, aumento da nebulosidade e ausência de precipitação no Continente.
As máximas continuam muito acima do normal para outubro e o risco de incêndio permanece elevado, com vento fraco a moderado de leste rodando para sudeste. No mar, espera-se ondulação relativamente baixa na costa ocidental e mar calmo no Sotavento Algarvio. Este será, provavelmente, o último “dia de praia” antes da mudança de padrão.
Domingo marca a mudança de padrão atmosférico associada a uma superfície frontal fria
No domingo, 19 de outubro, a aproximação e passagem de uma superfície frontal fria deverá aumentar a nebulosidade e trazer períodos de chuva ou aguaceiros ao Norte e Centro, em especial do litoral para o interior e com maior probabilidade da manhã para o meio do dia. O vento desloca-se para sudoeste e poderá soprar moderado, por vezes com rajadas nas terras altas.
A incerteza é maior a sul do Tejo, onde a precipitação pode ser mais escassa ou ocasional. Apesar da chegada da chuva, o “frio” não chega. As temperaturas, embora em diminuição no Norte, mantêm-se acima da média, com ambiente particularmente “abafado” no Centro e Sul, podendo chegar em algumas localidades à temperatura máxima de 30 ºC. Prevê-se também algum reforço da agitação marítima na fachada ocidental.

Nos arquipélagos, o quadro é distinto. Nos Açores, a passagem de frentes em fluxo de oeste/sudoeste mantém a humidade elevada e a possibilidade de chuva, com variações entre ilhas e janelas de abertas. Ainda assim, o sábado tende a ser o dia mais chuvoso destes dias. Na Madeira, o fim de semana deverá ser globalmente seco, com fluxo de oeste, muita nebulosidade e apenas possibilidade de aguaceiros pontuais.
O elemento determinante é a alteração do regime de grande escala. O anticiclone recua e permite que as depressões atlânticas circulem em latitudes mais baixas, abrindo a porta a vários impulsos frontais ao longo da próxima semana. Os modelos de referência, como o usado pela nossa equipa da Meteored, isto é, o ECMWF, sugerem uma sucessão de perturbações capazes de garantir precipitação especialmente no Norte e Centro, intercalada com abertas devido ainda à influência residual de altas pressões. Em termos térmicos, o cenário mantém-se anómalo para a época. Mesmo com chuva, persistem máximas e mínimas relativamente elevadas para outubro.
E como serão os próximos dias? Chuva parece que vem para ficar
Há também indícios de um corredor húmido mais persistente sobre o Atlântico oriental que, se se alinhar com a posição do jato, poderá configurar episódios de precipitação mais intensa no Noroeste peninsular. Embora a designação formal de “rio atmosférico” dependa de métricas específicas, o padrão projetado é compatível com transportes de vapor de água mais robustos rumo ao Norte do país, um risco a monitorizar em bacias sensíveis e áreas afetadas por incêndios recentes, onde o escoamento superficial pode causar problemas localizados.
Para quem planear atividades, o conselho é simples: sábado ainda favorece saídas ao ar livre. Domingo requer atenção a períodos de chuva e vento, sobretudo no litoral Norte e Centro e em altitude.
O que é um facto é que o fim de semana marca o ponto de viragem de um outubro excecionalmente quente para um regime mais outonal, com a chuva a regressar de forma faseada e possibilidade de sucessivas depressões na semana de 20 a 26 de outubro. A incerteza espacial e temporal típica das primeiras frentes (mais notória a sul) recomenda seguir os avisos por distrito nos próximos dias.

A tendência geral, contudo, é clara: mais nuvens, mais vento de sudoeste, mais precipitação no Norte e Centro e temperaturas ainda acima do normal, pelo menos nos primeiros dias desta nova fase. Até quarta-feira espera-se que a precipitação acumulada se cifre em valores até aos 170 mm no Minho. Além disso, esperam-se os primeiros aguaceiros em todo o território continental.