Previsão do verão pela Meteored: será rijo, até 2 ºC acima da média

Após uma primavera excecional no que diz respeito à meteorologia, muitas pessoas estão “de olho” no tempo para este verão. Os nossos mapas apostam num trimestre, em geral, mais quente do que o normal. Mas haverá exceções. Confira a previsão!

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Caso as previsões se cumpram, o verão climatológico, que está prestes a começar, será muito rijo em quase todo o país.

A primavera climatológica está a chegar ao fim e, desde já, a deste ano não deixou ninguém indiferente: intrusões massivas de poeiras do Saara, um março chuvoso à escala nacional – com destaque para as estações meteorológicas do Sul - e um abril que, tendo sido seco, teve espaço para o maior nevão da temporada em Portugal continental.

Quanto a maio, é inevitável a alusão aos últimos dias, nos quais o calor extraordinário assumiu o protagonismo. Não esquecer também os episódios de trovoadas e granizo, alguns deles muito intensos. Tendo em conta isto, muita gente está “de olho” no tempo deste verão que, climatologicamente, arranca no próximo 1 de junho.

O tempo “normal” do verão em Portugal continental

Como se sabe, o verão no nosso país é caracterizado pelo calor e pela estabilidade meteorológica, embora com algumas nuances. No trimestre que abrange os meses de junho, julho e agosto a média das temperaturas máximas ronda os 30 ºC no Alentejo e os 29 ºC no Algarve, com destaque para o Vale do Guadiana e o Sotavento Algarvio. Logo de imediato realce para a Área Metropolitana de Lisboa (aproximadamente 27 ºC) e para a região do Centro (26 ºC).

Para os que não aguentam bem o calor, as temperaturas diurnas mais suaves concentram-se em partes do litoral Norte (em particular nas localidades junto à linha de costa dos distritos de Viana do Castelo e do Porto) e na alta montanha (sobretudo Alto Minho e Alto Tâmega). Além disso, entre 15 de julho e 15 de agosto ocorre a canícula, o período mais quente do ano no país inteiro.

As noites tropicais, embora não tão comuns como na vizinha Espanha, começam a ser cada vez mais temidas em Portugal continental, especialmente tendo em conta o seu aumento nas últimas décadas. Quando ocorrem concentram-se especialmente no interior alentejano, no Algarve, e no interior do Norte e do Centro. São praticamente inexistentes no resto do território.

E no que toca à chuva?

Apesar de normalmente ser bastante escassa, especialmente quanto mais para Sul, também é a estação na qual é mais temida: são meses em que podem ocorrer chuvas de granizo potencialmente catastróficas para os campos e respetivas culturas agrícolas.

Apesar de a precipitação ser escassa no nosso país durante o verão (a estação mais seca), a Região Norte pode chegar a registar uma média de precipitação acumulada a rondar os 55 mm no mês de junho.

No verão as trovoadas podem assumir um papel de relevo no interior e em áreas de montanha, e, todavia, apesar de a precipitação ser escassa no nosso país durante a estação mais seca (verão), a Região Norte pode chegar a registar uma média de precipitação acumulada a rondar os 55 mm só no mês de junho. O Alentejo e o Algarve, além de serem as regiões mais quentes, por serem as mais austrais, também são das que apresentam níveis de precipitação globalmente bastante reduzidos.

Verão: até 2 ºC mais quente do que o normal, mas com exceções

De acordo com as previsões manuseadas na Meteored, para já não há boas notícias para as pessoas que não suportam bem o calor. Os mapas salientam que o próximo trimestre será, em geral, excessivamente quente. Mas haverá exceções!

anomalia de temperatura; portugal
O próximo trimestre será globalmente mais quente do que o normal, mas dos três meses em questão, junho é aquele que poderá apresentar anomalias térmicas mais notáveis.

Prevê-se anomalia de temperatura entre 1 ºC a 2 ºC acima da média em mais de 2/3 do território (toda esta porção territorial no interior do país). Contudo, no resto do país, quanto mais para oeste de Portugal continental, espera-se temperaturas até 0,5 ºC acima do habitual nas partes ocidentais dos distritos que contêm litoral, ou então valores térmicos dentro do normal.

E porquê?

Com base no nosso modelo, a crista anticiclónica manterá uma forte influência nas latitudes médias e altas, originando muitas horas de sol e ausência de vento, com o aquecimento gradual da área continental. Por outro lado, o Atlântico continuará com águas com temperaturas relativamente normais em junho, ou inclusive mais frias do que o normal em julho e agosto, sobretudo na linha de costa entre o Cabo Carvoeiro e o Barlavento Algarvio, o que pode influenciar a temperatura ambiente circundante.

Aliás, as mencionadas exceções térmicas, prendem-se com um ambiente mais fresco do que o habitual e poderão ocorrer nos meses de julho e agosto no litoral alentejano (distrito de Beja) e Barlavento Algarvio (parte ocidental do distrito de Faro). Aí a temperatura poderá registar valores de até 1 ºC abaixo do normal.

A chuva já costuma ser uma raridade, este ano ainda mais

De momento, não se vislumbra um verão instável na Europa, tendo em conta aquilo que espelham os mapas de anomalia de precipitação, em particular os da região austral (Sul) do Continente. Em Portugal continental, tudo indica que a precipitação ficará consideravelmente abaixo da média de norte a sul da geografia, mas é necessário salientar que no interior Norte, em grande parte do Centro e sobretudo nas regiões do Alentejo e do Algarve, o verão já é de si uma estação muito seca.

anomalia precipitação; portugal
Já é habitual a precipitação ser escassa no verão, mas em agosto, isso ainda deverá mais evidente em 2022.

Apesar disso, nada impede o desenvolvimento e ocorrência de chuva ou trovoadas nos próximos meses. Na Madeira não há sinais de anomalia de precipitação estatisticamente significativos para o próximo trimestre e mesmo nos Açores poderá ficar abaixo do normal, sobretudo em junho e agosto. Quanto à temperatura prevista para as Regiões insulares, tampouco se vislumbram anomalias relevantes para a estação estival.

Embora atualmente seja esta a previsão, convém não esquecer que as previsões a longo prazo nas nossas latitudes são muito poucos fiáveis à data de hoje. No entanto, podem fornecer-nos uma ideia de como poderá ser a situação meteorológica em traços gerais.