Previsão do tempo na segunda quinzena de março: o jato polar poderá trazer depressões e chuva a Portugal

O calor será o aspeto mais chamativo do estado do tempo em Portugal continental ao longo dos próximos dias. Mas, durante a próxima semana o jato polar poderá apresentar ondulações significativas, favorecendo a chegada de depressões ao nosso país.

Faltam menos de dez dias para a tão esperada Semana Santa! Muito gente está “de olho” na previsão do tempo para a semana da Páscoa em Portugal, seja pelas expectativas de participação em eventos típicos desta altura festiva e religiosa do ano, ou apenas porque aproveitarão esta época do ano para desfrutar de uns dias de férias e descanso.

De qualquer das formas, tal como temos vindo a antecipar ultimamente na Meteored, os mapas revelam que a médio e longo prazo poderão ser registadas mudanças importantes na situação meteorológica, quer em relação às temperaturas, quer relativamente à possibilidade de depressões e frentes que poderiam trazer mais precipitação ao país.

Calor e estabilidade nos próximos dias

De momento impera a estabilidade em Portugal continental devido a uma crista anticiclónica. Até à próxima terça-feira, 19 de março, as depressões vão circular em latitudes muito altas. O aspeto meteorológico mais notável será a subida acentuada e generalizada das temperaturas devido à presença de uma massa de ar bastante quente para esta altura do ano, associada à já referida crista anticiclónica.

Pode-se mesmo falar em calor de primavera antecipada, sobretudo nas regiões centrais e meridionais da geografia do Continente, com valores entre 24 e 26 ºC nas cidades de Coimbra, Lisboa, Évora, Santarém e Beja previstos já para este domingo, dia 17.

As temperaturas do próximo domingo (17) serão invulgarmente altas para a época do ano, com quase 10 ºC acima do normal previstos para várias zonas da faixa costeira ocidental de Portugal continental.

Entre a neve que caiu nas principais montanhas do país nos últimos dias e as temperaturas elevadas, o risco de derretimento do gelo e da neve existe, não se excluindo o transbordamento de rios cujos caudais já se encontram muito volumosos após as chuvadas de outono e inverno.

Quanto à precipitação, que se prevê escassa e pouco intensa, deverá surgir maioritariamente na Região Norte - sobretudo na metade ocidental (Minho e Douro Litoral) - graças à passagem de "vestígios" de várias frentes. A chuva também poderá cair fraca e muito dispersa em pontos da Região Centro.

Em meados da próxima semana, poderá ocorrer uma mudança radical no tempo

De acordo com o nosso modelo de referência (ECMWF), tudo indica que irão ocorrer alterações entre quarta (20) e quinta-feira (21) da próxima semana. O jato polar começaria a produzir ondulações significativas sendo que, à data de hoje, os mapas sugerem o desenvolvimento de uma depressão isolada em altitude nas imediações da Península Ibérica.

O modelo Europeu prevê que em meados da próxima semana o jato polar produza ondulações significativas. Isto poderá resultar na aproximação de depressões à Península Ibérica.

No entanto, é preciso salientar o seguinte: a evolução e trajetória deste sistema de baixas pressões ainda não é claro. O que parece ser mais evidente a partir de meados da próxima semana é a descida das temperaturas na geografia do Continente após o calor destes dias.

Aproximação de depressões ao nosso país durante a semana da Páscoa

A incerteza na previsão para a Semana Santa (24 a 31 de março) mantém-se bastante elevada, algo que é normal nesta época do ano, uma vez que não só nos referimos a períodos de tempo muito longos, como também deve ser tido em conta outro fator extra: uma corrente de jato polar ondulante que torna impossível fazer uma previsão para um determinado local num dado momento.

Ainda assim, é possível analisar tendências ou aproximações gerais, e as últimas atualizações do modelo que merece a nossa maior confiança mostram uma provável alteração do padrão meteorológico.

Deste modo, passar-se-ia de uma situação de NAO+ (com circulação de depressões em latitudes altas) para uma situação de bloqueio, ou de NAO-, com o possível estabelecimento de anticiclones nas latitudes setentrionais. Isto favoreceria a aproximação de depressões e/ou gotas frias ao nosso território, com possibilidade de precipitação em muitas regiões.

Por enquanto, os cenários mais prováveis são os que apontam para uma situação de instabilidade atmosférica em Portugal continental a partir do meio da próxima semana, embora isso não signifique que seja o que acabará por acontecer.

Na primavera, a atmosfera é, por norma, muito dinâmica, com um jato polar muito ondulante e centros barométricos muito móveis. Assim, a tendência que se verifica neste momento ainda terá de ser confirmada nos próximos dias.