Mudança radical do tempo em Portugal: saiba o que o jato polar pode trazer na segunda quinzena de novembro

Esta semana o tempo estável e com temperaturas acima da média irá prevalecer em Portugal, apesar da chuva prevista para partes do Norte. Mas, em breve, o jato polar poderá trazer mudanças. Eis a previsão para a segunda quinzena de novembro.

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Com a possível chegada do ar polar, a atmosfera ficará bem mais fria, o que resultará numa maior probabilidade de surgirem geadas, sobretudo nas terras do interior Norte e Centro de Portugal continental.

A primeira metade de novembro em Portugal continental foi caracterizada por uma sequência de sistemas frontais associados a depressões, o que resultou em chuva abundante e generalizada nas Regiões Norte e Centro - sobretudo a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela - e, em particular nas sub-regiões do Minho e Douro Litoral, mais expostas ao fluxo zonal de oeste.

Nestes últimos dias, esse padrão meteorológico que esteve vigente desde meados de outubro foi substituído por uma massa de ar invulgarmente quente para a época do ano, com temperaturas bastante amenas (sobretudo no Centro e Sul do território do Continente). A anomalia térmica positiva não foi tão significativa como na vizinha Espanha, mas há locais do país que registaram temperaturas até 9 ºC acima da média climatológica de referência.

Além disto, o anticiclone em crista irrompeu em força, o que, todavia, não impediu a persistência da chuva no Noroeste do país devido à passagem “de raspão” de sucessivas frentes atlânticas. Ao longo das últimas semanas fomos testemunhando um bom reportório de fenómenos meteorológicos, alguns deles bastante adversos, e, ao que tudo indica, apesar da segunda quinzena evidenciar uma tendência geral para a estabilidade meteorológica, esta não deverá manifestar-se de uma maneira esmagadora.

Tal como explicámos na nossa última previsão, nos próximos dias prevalecerá um tempo estável em grande parte de Portugal, com temperaturas acima da média de norte a sul do território do Continente e nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. A chuva irá manter-se somente no Noroeste do território, em particular no Minho e Douro Litoral, entre esta terça - 14 de novembro - e até quinta, 16 de novembro. No entanto, é provável que o panorama mude a partir de sexta-feira, dia 17.

O ar polar pode chegar na próxima semana

Segundo o nosso modelo de referência, a partir de segunda-feira (20), existe a probabilidade de que o jato polar apresente ondulações significativas, o que originaria uma situação de bloqueio em ómega no Atlântico Norte, com as altas pressões a subirem para latitudes mais altas rumo às regiões mais setentrionais, ao passo que o ar frio deslizaria pelos flancos do anticiclone em crista.

É preciso verificar por onde irão ascender as altas pressões, mas, o cenário mais provável à data de hoje mostra que se abrirá um corredor do vento de Norte/Nordeste. Isto faria com que o ar polar ou ártico tivesse “via verde” para chegar a Portugal continental e Espanha, panorama que se traduziria numa queda acentuada das temperaturas, após o ambiente bem ameno que se está a registar esta semana.

A incerteza na previsão é enorme tendo em conta os prazos e a configuração atmosférica em causa, pelo que, assim, resta saber se o ar frio irá atravessar todo o território de Espanha até chegar a Portugal continental - possibilidade de tempo instável - ou se se irá limitar ao Leste da Península Ibérica. Tendo em conta o vislumbre de um regime de ventos do quadrante Norte, a chuva deverá ficar retida, essencialmente, na Região Norte.

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Com a circulação em ómega no Atlântico Norte, é provável que o ar frio e as zonas de instabilidade se descolem da circulação principal, rumando ao leste de Espanha, sul de França e norte de Itália.

O que parece evidente é a previsível descida das temperaturas e, caso este cenário se concretize, o estado do tempo ficará bem mais fresco ou frio, com a formação de geadas, não se excluindo a possibilidade de queda de neve (caso surjam as combinações certas de frio e precipitação em altitude nas regiões montanhosas e de maior altitude).

Tampouco deve ser descartado um cenário de anticiclone estacionado sobre a Península Ibérica, o que traria temperaturas mais dentro do que é normal para esta época do ano.

Como poderá novembro terminar em Portugal continental?

O panorama mostra-se bastante indefinido a partir da próxima semana e o modelo em que depositamos a nossa maior confiança apresenta vários cenários. Desta forma só será possível pormenorizar o estado do tempo mais adiante, em futuras previsões meteorológicas. Para os últimos dias de novembro, o cenário mais provável mostra um deslocamento do anticiclone sobre Portugal continental e Espanha, o que se traduziria, então, numa atmosfera mais estável e numa subida das temperaturas.

Mas há outros cenários distintos que projetam a possibilidade de um anticiclone de bloqueio se desenvolver em redor do Mar do Norte. Neste caso, as depressões poderiam circular em latitudes muito mais baixas, rumo a países e regiões mais meridionais, afetando, por exemplo, Portugal continental. Outro dos cenários contemplado pelo ensemble do ECMWF consiste no facto do padrão em ómega persistir durante mais alguns dias no Atlântico.

Apesar da enorme incerteza associada ao estado do tempo para as próximas semanas, em especial a partir da próxima, tudo aponta para uma atmosfera menos rígida dentro de alguns dias, o que abriria caminho a outro tipo de situações meteorológicas mais comuns nesta altura do ano. Para que se mantenha constantemente informado e atualizado sobre esta provável mudança no estado do tempo em Portugal, consulte regularmente o site e a aplicação da Meteored.