Inverno climatológico: que tempo nos reserva o próximo trimestre?

O inverno é, inegavelmente, a estação do ano conhecida pelo frio, com o aparecimento de dias gélidos e com maior propensão para a ocorrência de chuva, ventanias e até mesmo neve. Como poderá estar o tempo nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro? Confira aqui as últimas tendências!

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Será que o inverno de 2021/2022 em Portugal continental vai ser gélido e chuvoso, ou nem por isso?

Faltam poucos dias para o início oficial do inverno no calendário climatológico (1 de dezembro), período de tempo que na Climatologia abarca os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, distinguindo-se desde logo do inverno astronómico cujo arranque é ligeiramente mais tardio - marcado pelo solstício de inverno – e que em 2021 terá início no dia 21 do próximo mês.

Para obter um melhor desempenho nas atividades profissionais e/ou de lazer, muita gente depende do estado do tempo. Nesse sentido, é importante estar informado (a) sobre o que a atmosfera irá reservar para o próximo trimestre em Portugal continental, Açores e Madeira.

Um inverno, em geral, pouco chuvoso

De acordo com o nosso modelo de maior confiança, o ECMWF, o mês de dezembro deverá caracterizar-se pela presença de um padrão meteorológico de grande estabilidade. De momento, os mapas de previsão indicam que os níveis de chuva serão consideravelmente inferiores ao normal, sobretudo na primeira quinzena do mês, e provavelmente também na terceira semana. É possível que na última semana a precipitação distribuída pela geografia continental já se enquadre dentro dos valores de referência da normal climatológica 1971-2000. Ainda assim, o total poderá ser inferior à média mensal continental de 150 mm.

Quanto ao Arquipélago dos Açores prevê-se um cenário muito próximo daquilo que é habitual no décimo segundo mês do ano, ao passo que na Madeira se antecipa níveis de precipitação razoavelmente superiores à normal climatológica, entre 20 a 40 mm acima do habitual. A região de Portugal continental que vai sair mais beneficiada com a chuva em dezembro, sendo a única com valores que se estimam superiores ao normal, será o Algarve, nomeadamente o Sotavento Algarvio.

Em janeiro, prevê-se uma situação bem distinta da do mês anterior. Durante este mês o país poderá ser afetado mais vezes por situações de instabilidade, especialmente nas Regiões do Norte e do Centro (onde se prevê valores de precipitação mensal superiores ao habitual), que poderiam ser geradas por depressões ou frentes atlânticas associadas vindas de Norte ou Noroeste. No que concerne ao resto do país, aos Açores e à Madeira, espera-se um panorama com valores de pluviosidade dentro do normal.

Por último, as cartas de previsão sazonal antecipam que o mês de fevereiro seja o mais seco do trimestre invernal, sendo um período em que inclusive se estima anomalia negativa de precipitação numa grande parte da faixa costeira ocidental, desde Caminha até Peniche, isto é, pouquíssima chuva no litoral do Norte e do Centro.

Termicamente, um inverno menos rigoroso do que o normal

Dezembro revela uma tendência para os valores de temperatura dentro do normal em quase toda a extensão continental, à exceção de uma fina porção do litoral Norte e Centro, onde se prevê uma anomalia negativa de -0,50 ºC a -0,25 ºC. Esta será a única área do país mais fria que o normal no primeiro mês do inverno climatológico. No resto do país, antecipa-se valores dentro do habitual, e em certas partes do interior, como a Beira Alta, o Alentejo Central, o Baixo Alentejo e o Sotavento Algarvio, as temperaturas poderão apresentar valores ligeiramente acima da normal climatológica.

Quanto ao arquipélago dos Açores, as temperaturas poderão ser superiores ao habitual, com uma anomalia térmica positiva de até 0,50 ºC. Na Madeira também estará mais calor do que o normal em dezembro, prevendo-se uma anomalia térmica positiva de até 0,25 ºC.

Quanto a janeiro, prevê-se que seja um mês mais quente que o normal em toda a extensão continental, com uma anomalia térmica entre 0,25 ºC e 0,50 ºC. Nos territórios insulares o padrão térmico será praticamente igual ao de dezembro, com temperaturas ligeiramente superiores à média de referência.

Para o mês de fevereiro, espera-se mais calor que o habitual numa fatia significativa do país, bem como na Madeira e nos Açores. Exceção prender-se-á com uma importante porção da faixa costeira respeitante ao litoral minhoto e duriense, à Beira Litoral, Estremadura e Ribatejo, Lisboa, Alentejo Litoral e Barlavento algarvio, onde os valores térmicos estarão dentro da referência 1971-2000.

Estes modelos são fiáveis?

É preciso realçar que estes modelos não operam da mesma forma que os convencionais que são usados para prognósticos a médio prazo. Antes de os utilizarmos, temos que considerar a sua interpretação como um indicador de probabilidade, bem como o facto de que só trabalham à escala sinótica e planetária, isto é, não são úteis para previsões locais ou regionais. Quanto mais aprofundamos uma previsão climática ou meteorológica, maior é o erro cometido.

A interpretação destes modelos deve ser feita como um indicador de probabilidade porque trabalham à escala planetária, pelo que não são úteis para previsões locais ou regionais.
Portanto, pode-se dizer que estes modelos são apenas uma ferramenta experimental, útil para projetar uma previsão geral e/ou probabilística, que confere uma ideia aproximada da tendência que podemos esperar a longo prazo da evolução de parâmetros diretos como a temperatura ou a precipitação. Não detetam sistemas meteorológicos como frentes, ciclones ou depressões isoladas, essas sim, capazes de alterar o carácter geral de um mês em apenas uns dias de ocorrência. Deste modo, estas previsões podem alterar-se de umas regiões para outras com o decorrer das semanas ou inclusive não se cumprirem em determinadas áreas.