Entre segunda e quarta-feira, está confirmada uma DINA que poderá trazer chuva e trovoada a Portugal

A posição e as caraterísticas desta DINA, que começará a deslocar-se durante o fim de semana, favorecerão o desenvolvimento de tempestades fortes e organizadas que poderão afetar a Península Ibérica.
As condições meteorológicas à escala sinóptica nesta região da Europa são particularmente invulgares. Algumas regiões da Península Ibérica registam, desde há várias semanas, temperaturas médias superiores às de julho, o que é invulgar para o mês de junho, normalmente o terceiro mês mais quente do ano e não o primeiro.
Esta situação está também a acentuar a anomalia de calor nos nossos mares, que continuam a aquecer devido ao vento calmo e a uma massa de ar muito quente que prevalece sobre eles.
A DINA vai descolar este domingo
Esta situação é dada por uma crista não muito estável mas relativamente forte que tende a regenerar-se sobre a Península Ibérica e o Mediterrâneo ocidental. As depressões vindas do Atlântico estão a conseguir aproximar-se muito da Península com este padrão de circulação. De tal forma que, para além de empurrarem ar subtropical e reforçarem os períodos de calor, geram ocasionalmente um ambiente muito favorável ao desenvolvimento de tempestades, como aconteceu em várias ocasiões ao longo das últimas semanas.

Um destes episódios de tempestade poderá ocorrer, com uma probabilidade muito elevada, a partir deste fim de semana e, sobretudo, durante os primeiros dias da próxima semana. Uma bolsa de ar frio aproximar-se-á de oeste, aumentando a sua amplitude e fechando a sua circulação durante o domingo, dando origem a uma DINA que se localizará a sudoeste da Península. A depressão, agora isolada, começará a deslocar-se para nordeste durante domingo e segunda-feira e atingirá previsivelmente a Península Ibérica na terça-feira, dia 24 de junho.
Trovoadas fortes e organizadas a partir de segunda-feira
Com a DINA a oeste, os ventos em altitude favorecerão a subida do ar no interior da Península Ibérica, gerando uma extensa região com divergência e difluência do fluxo dominante. Por outro lado, a baixa térmica sobre o território peninsular, mais intensa durante o dia, empurrará ventos carregados de humidade para o interior, o que facilitará o aparecimento de convecção e a organização de tempestades.

Em suma, estará criado o terreno fértil típico para as tempestades associadas a este tipo de situação de aproximação de uma DINA do Atlântico. Assim, é de esperar que as tempestades, que já crescerão de forma desorganizada durante o fim de semana nas zonas do interior e norte peninsular, se intensifiquem e se tornem mais organizadas a partir de segunda-feira, com possibilidade de ocorrência de tempestades fortes entre segunda e quarta-feira.
Em princípio, o norte e uma grande parte do interior da península serão os setores com maior probabilidade de formação destes fenómenos.
O ingrediente extra que pode acentuar a gravidade do episódio
Desta vez, as tempestades têm um extra: o fornecimento de humidade e energia por parte destes ventos vindos do mar circundante será extraordinário. A temperatura da água do mar Mediterrâneo, que na próxima semana poderá estar, em alguns pontos, 4 a 5ºC acima dos seus valores normais de junho, desempenhará um papel fundamental na dopagem da atmosfera com energia extra numa situação que já tem potencial para gerar tempestades severas.
Estas tempestades terão uma distribuição irregular e as suas áreas de desenvolvimento máximo dependerão da posição exata da DINA e da direção dos ventos. Os dias mais ativos serão terça e quarta-feira, quando esta depressão entrar na Península e se dirigir para norte, reintegrando-se no jato polar.

Não obstante, onde se desenvolvem as tempestades mais organizadas, a probabilidade de ocorrência de fenómenos extremos, como granizo muito grande, ventos muito fortes ou chuvas torrenciais, será maior do que o habitual, pelo que será necessário seguir este episódio com muita atenção. Neste momento, nem a atmosfera nem os mares circundantes se comportam como num mês de junho normal, o que acrescenta uma dificuldade suplementar à previsão deste episódio.