Depressão fria retrógrada a caminho de Portugal: onde terá maior impacto?

Há alguns dias avisámos da possível chegada a Portugal de uma depressão fria retrógrada proveniente de Espanha. Além da chuva, poderá cair neve. Em que regiões do país é que os efeitos do temporal poderão ser mais intensos? Consulte a previsão!

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Além da chuva, esta depressão fria retrógrada também poderá provocar a queda de neve a várias cotas. Onde será mais provável?

Em breve Portugal continental sofrerá os efeitos de um novo temporal invernal que atravessará (quase) toda a geografia de Espanha até chegar cá. As características deste episódio meteorológico serão bastante distintas do habitual. Embora se preveja uma descida da temperatura diurna, o nosso país não viverá uma vaga de frio.

Ainda assim, a chuva poderá ser relativamente abundante nalgumas regiões e a neve precipitará noutras, em cotas não demasiado elevadas. Apesar disso, a acumulação (de neve) não se prevê significativa.

Nas próximas horas uma depressão fria retrógrada irá nascer

Como já foi explicado ao longo dos últimos dias na Meteored Portugal, o estado do tempo no nosso país será condicionado pela chegada de uma massa de ar polar continental, associada a uma ondulação de evolução retrógrada que chegará do Mediterrâneo. Não será excessivamente fria, sendo que até deverá aquecer ligeiramente ao percorrer o Mar Mediterrâneo, mas ao atravessá-lo adquirirá humidade, passando pelas Ilhas Baleares, Espanha e por fim, Portugal continental.

Ar polar continental e fluxo de Leste contribuirão para uma depressão fria retrógrada (trajetória Leste-Oeste) que terá como principais consequências: descida da temperatura, maior intensidade do vento, chuva e queda de neve a várias cotas.

As altas pressões geradas entre o Atlântico e a Europa Central permitirão a canalização de um fluxo de Leste muito húmido até ao Mediterrâneo e Baleares. Como se não bastasse, a ondulação irá descolar-se, dando origem a uma depressão fria retrógrada que avançará de leste para oeste, ou seja, com uma trajetória inversa aquela que é normal nas nossas latitudes. Esta situação meteorológica, além de incomum, é bastante complexa de prever.

Em que regiões de Portugal se prevê mais instabilidade?

Esta segunda-feira (6) ainda impera uma anomalia térmica positiva (temperatura ligeiramente acima do normal para a época do ano), com domínio absoluto das altas pressões sobre o nosso país. Isto resulta em condições meteorológicas de estabilidade, ausência total de chuva e céu limpo ou pouco nublado de norte a sul da geografia continental. Mas este panorama tem “as horas contadas”.

Terça e quarta-feira serão os dias mais instáveis

Na terça-feira (7) o episódio de instabilidade começará a manifestar-se no Alentejo e Algarve nas primeiras horas da manhã, sob a forma de aguaceiros de chuva. No resto de Portugal, com o decorrer das horas será perfeitamente notória a mudança do tempo: de um céu limpo ou pouco nublado, registar-se-á a passagem para um céu completamente povoado por nuvens, sobretudo no interior.

Alguns "pingos" de chuva e de neve são esperados já no último terço do dia para outras áreas mais a norte, ainda que muito irregulares e dispersos, e sobretudo a Sul do Mondego. O vento ganhará intensidade, soprando moderado a forte do quadrante Leste, com rajadas até 50/60 km/h, e contribuindo para o agravamento da sensação térmica de frio.

Aliás, é para quarta-feira (8) que se prevê o momento mais crítico deste temporal invernal em Portugal (os maiores impactos serão na vizinha Espanha). Na quarta (8) o fluxo de Leste/Nordeste continuará a persistir, mas a depressão em altitude deslocar-se-á até Portugal, ficando aí posicionada. Prevê-se que a maior parte da chuva precipite e acumule no Centro-Sul do país (apesar da rega nalguns pontos do Norte).

De momento o nosso modelo de maior confiança prevê acumulações de chuva entre 7 e 33 mm até à meia-noite de quinta-feira (9), com a maior quantidade pluviométrica estimada para o Alto Alentejo (distrito de Portalegre), seguida de pontos do Baixo Alentejo, Península de Setúbal e Área Metropolitana de Lisboa. A precipitação poderá ser localmente forte e até mesmo acompanhada de trovoada. Não se descarta a ocorrência de inundações.

Aguaceiros de neve poderão cair acima dos 650/750 metros de altitude entre o fim do dia de terça (7) e até meio da tarde de quarta-feira (8) nas seguintes regiões: serras e localidades médias/altas do interior Norte, Beira Alta e Serra da Estrela. De um modo geral, apesar de fresca, a temperatura registará uma ligeira subida, quer nos valores quer nos valores mínimos, em praticamente todo o país, entre terça (7) e quarta-feira (8). A mínima rondaria os 0 ºC em Bragança e Guarda, com a máxima a não ir além dos 15 ºC no Baixo Alentejo e Algarve (Faro).

Alguns vestígios de instabilidade de quinta-feira em diante?

O nosso modelo de referência aposta numa segunda metade da semana marcada pelo afastamento da depressão fria da Península Ibérica (cuja passagem será muito rápida) até ser reabsorvida pelo jato polar no sábado, esperando-se que as altas pressões voltem a imperar, o que resultaria num tempo maioritariamente estável e seco.

Ainda assim, há possibilidade de aguaceiros fracos e irregulares, muito dispersos pela geografia do nosso país entre quinta (9) e sábado (11), com grandes períodos soalheiros e alguns nublados/húmidos. Apesar disto, as geadas (principalmente no interior Norte e Centro) e o nevoeiro/neblina matinal, voltarão a aparecer nalgumas regiões de quinta-feira (9) em diante.

No momento da escrita deste artigo, há mapas que sugerem a possível chegada de chuva a Portugal continental proveniente do Atlântico, já no próximo domingo, dia 12. A partir desse dia a incerteza na previsão meteorológica aumenta consideravelmente.