Como estará o tempo na segunda quinzena de junho? As previsões apontam para calor, poeiras e alguma instabilidade
A segunda quinzena de junho em Portugal deverá manter uma dinâmica meteorológica variável, marcada por calor, instabilidade passageira e reforço da estabilidade no final do mês. As temperaturas tenderão a subir, com possibilidade de poeiras africanas e trovoadas localizadas.

A segunda metade de junho de 2025 deverá prolongar a tendência variável já observada na primeira quinzena, alternando entre episódios de calor significativo, instabilidade atmosférica e possíveis fases de maior estabilidade. De acordo com os modelos de previsão de médio prazo, não se perspetivam anomalias estatisticamente relevantes à escala nacional, embora algumas áreas, como o Sotavento Algarvio, possam registar temperaturas ligeiramente superiores à média.
Calor no interior de Portugal, poeiras africanas e risco de trovoadas
Nas regiões do interior do país, particularmente no vale do Tejo, Alentejo e Douro, é provável que se registem dias muito quentes logo a partir de 15 ou 16 de junho, com temperaturas a rondar os 38 e os 40 ºC. Esta subida térmica estará associada a uma circulação de leste ou sudeste, que poderá, nalguns dias, transportar poeiras do norte de África, afetando também o litoral. Este padrão atmosférico – com anticiclone posicionado a norte da Península Ibérica e depressões a sudoeste – tende a favorecer a chegada de massas de ar quente e seco, e poderá reduzir a influência marítima em áreas costeiras.

Apesar do calor, alguns modelos sugerem que a atmosfera poderá manter alguma instabilidade até meados do mês. Entre os dias 18 e 20 de junho, poderão ocorrer episódios de trovoadas, sobretudo no interior Norte e Centro, associados a convecção térmica. Estes eventos podem ser localmente intensos, com aguaceiros fortes e até granizo, embora a sua distribuição seja pontual e difícil de antecipar. A precipitação convectiva, típica de junho, é por natureza caótica e altamente irregular, pelo que continua a ser necessário cautela ao interpretar mapas de tendência média.
Após este período instável, é provável uma nova mudança de padrão atmosférico, com a corrente de jato a enfraquecer e o anticiclone dos Açores a ganhar influência, elevando-se em latitude. Este cenário poderá traduzir-se numa fase mais estável e seca entre os dias 23 e 30 de junho. As temperaturas manter-se-ão elevadas, especialmente no interior, mas poderão verificar-se diferenças marcadas entre regiões: neblina e tempo mais fresco junto ao litoral ocidental, e calor persistente nas áreas mais continentais.
Segunda quinzena de junho marcada por calor e padrão volátil em Portugal
De acordo com os dados mais recentes do modelo ECMWF, as anomalias térmicas médias para esta segunda quinzena deverão situar-se cerca de 1 ºC acima da normal climatológica, em particular no interior centro e sul. Já no que diz respeito à precipitação, os sinais apontam para um cenário mais seco do que o habitual em grande parte do território continental, especialmente no Interior Norte, Centro, Alentejo e Algarve ocidental. Contudo, a média das previsões pouco diz sobre fenómenos convectivos localizados, que podem alterar rapidamente a realidade numa determinada região.
A nível de padrões atmosféricos globais, o mês de junho parece estar a ser condicionado por uma combinação de crista atlântica, bloqueio e fase negativa da Oscilação do Atlântico Norte (NAO-), cenários que favorecem instabilidade e variabilidade em Portugal continental. Ainda não há sinais claros de transição para o regime mais seco e quente tipicamente associado ao verão meteorológico. A ausência de uma NAO+ definida explica em parte a ausência de estabilidade prolongada e o carácter errático do tempo, com alternância entre calor e frescura. Ainda assim, os dados mostram que podemos ter uma última semana de junho com -10% de probabilidade de precipitação em Portugal Continental.

Relativamente ao Atlântico tropical, não há atualmente sinais consistentes de formação de ciclones tropicais durante junho. O ar seco e a presença de poeiras em suspensão na área de desenvolvimento principal continuam a limitar a probabilidade de formação. Ainda assim, o Golfo do México poderá tornar-se uma área mais propensa a algum desenvolvimento tropical a partir da segunda metade do mês.
Junho deverá encerrar como um mês meteorologicamente instável e dinâmico, com transições frequentes entre padrões atmosféricos, calor acentuado em momentos pontuais e alguma precipitação convectiva localizada. O cenário afigura-se volátil, pelo que será fundamental acompanhar as atualizações mais próximas da data para uma previsão mais precisa, disponibilizadas pela nossa equipa da Meteored.