Calor extremo não será o único fenómeno dos próximos dias: atenção às poeiras, à nortada e a outros 2 efeitos!

Além do tempo quente esperado para os próximos dias, com temperaturas até 40 ºC, há outros fenómenos meteorológicos adversos que os portugueses devem ter em conta. Saiba a previsão completa!
É verdade que Portugal continental está nesta reta final do mês de maio envolto num episódio de tempo quente. O calor intenso, nalgumas regiões extremo - devido às temperaturas entre 35 e 40 ºC - tem vindo a causar preocupação junto da população, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera).
Estas temperaturas elevadíssimas para a época do ano apresentam valores de máxima mais típicos da canícula, período da estação estival (o verão) que decorre entre 15 de julho e 15 de agosto.

Motivados pelas inequívocas previsões que apontam para, pelo menos, mais um dia de calor intenso a extremo, as autoridades (ANEPC, IPMA e DGS) em Portugal já lançaram diversos avisos e recomendações oficiais que a população deve seguir escrupulosamente, sobretudo aqueles que se encontram entre os grupos populacionais mais vulneráveis (idosos, crianças, grávidas e pacientes com doenças cardiorrespiratórias e cujo quadro clínico tende a agravar-se perante episódios de tempo quente).
Mas há outros fenómenos meteorológicos à vista e que devem ser tidos em conta pelos portuguesas
Desde logo as poeiras provenientes do Deserto do Saara. Estas partículas em suspensão, transportadas na circulação de uma massa de ar tropical continental proveniente do Norte de África e muito quente e seca, poderá causar vários efeitos: desde logo amenizar o calor inicialmente previsto, uma vez que o céu limpo associado às altas pressões ficará esbranquiçado e alaranjado.

Por outro lado, pode inibir a ocorrência de aguaceiros e trovoadas, que também não estão totalmente descartadas na geografia de Portugal continental, embora devam ser mais esporádicas e localizadas no território.
A precipitação convectiva (aguaceiros, trovoada e granizo), que tende a aparecer com frequência na primavera e no verão, não surge apenas a partir das famosas gotas frias ou depressões isoladas em altitude. De facto, o forte aquecimento diurno provocado pelos altíssimos valores de radiação solar desta altura do ano, aliado às temperaturas máximas elevadas, provocam um aquecimento fortíssimo durante o dia na superfície terrestre.
Deste modo, o ar fica quente, e, por ser mais leve, ascende, arrefece, condensa e precipita. No processo, geram-se as nuvens de trovoada mais famosas, as de desenvolvimento vertical, comummente conhecidas como cumulonimbus.

Ora, além do calor intenso e das poeiras do Saara, também há a possibilidade de aguaceiros, granizo e trovoadas esporádicos e localmente fortes nalgumas zonas da nossa geografia nos próximos dias, incluindo sábado 31 de maio. Muita cautela com as trovoadas: em momentos em que a humidade relativa do ar (%) é reduzida e o calor é intenso, o perigo de incêndio rural (PIR) aumenta exponencialmente em vastas zonas do nosso país.
Porém, nem tudo são "más notícias" para aqueles que lidam mal com o calor intenso
Para quem reside junto da faixa costeira ocidental, este tempo de "cheirinho a verão" (recordemos que o verão climatológico está prestes a arrancar a 1 de junho e terminará a 31 de agosto) é amenizado ou suavizado devido a dois fatores: o primeiro, é o nevoeiro de advecção que surge no período da manhã e que, embora não "tape" a radiação solar, serve de efeito-tampão ao calor emanado pelo Sol.

O segundo é a famosa nortada da costa atlântica portuguesa. O vento do quadrante Norte, que domina a meteorologia durante mais de 80% dos dias dos três meses de verão em Portugal continental, é um elemento climático fulcral para a frescura vespertina (de tarde) e noturna (de noite) que se vai sentindo em nas regiões costeiras do país. Além disto, a própria brisa marítima do oceano Atlântico tende a amenizar o calor em dias de verão escaldantes.
Calor no litoral português versus calor no interior português
É tudo uma questão de perspetiva, mas privilegiados são os que podem usufruir do calor junto ao mar e mesmo assim não ficarem sujeitos ao calor infernal das regiões do interior. O oceano Atlântico em Portugal continental é fulcral para o nosso clima devido ao efeito termorregulador que aplica: não deixa que o tempo fique nem demasiado quente, nem demasiado frio.
Já nas regiões do interior, é famosa a expressão idiomática "9 meses de inverno, 3 meses de inferno". Agora que o "inferno" está aí à porta, os residentes das regiões do interior devem buscar locais à sombra abrigados do calor, hidratarem-se constantemente e, se possível, banharem-se em rios.