Feira Nacional da Agricultura de Santarém acolhe conferência sobre "Agricultura nos Países do Sul da Europa"

O diretor-geral adjunto da DG-AGRI da Comissão Europeia, Pierre Bascou, e o ministro da Agricultura de Portugal, José Manuel Fernandes, são dois dos oradores. A agricultura de regadio e a nova PAC vão estar em debate.

agricultura de regadio
A FENAREG organiza a 11 de junho uma conferência internacional dedicada ao tema “Agricultura nos Países do Sul da Europa”. O evento decorre no âmbito da Feira Nacional de Agricultura.

A FENAREG – Federação Nacional dos Regantes de Portugal em parceria com a CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal organizam no dia 11 de junho, a partir das 10h00, uma conferência internacional dedicada ao tema “Agricultura nos Países do Sul da Europa”.

O evento decorre no âmbito da Feira Nacional de Agricultura, que decorre no CNEMA - Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas de 7 a 15 de junho.

José Núncio, presidente da FENAREG e da associação europeia Irrigants d'Europe, refere, em comunicado, que “este é um momento muito importante para os desafios e prioridades da Política Agrícola Comum (PAC) pós-2027, porque precisamos de assegurar um orçamento robusto, fundamental para o futuro da agricultura europeia”.

O orçamento da PAC é importante para José Núncio, quer no que se refere ao Plano de Resiliência Hídrica Europeu, que impacta diretamente o desenvolvimento da agricultura e da segurança alimentar na Europa, quer quanto ao envolvimento do setor agrícola, que é um dos grandes utilizadores das verbas da Política Agrícola Comum.

“Temos a expectativa de que este debate possa também contribuir para que o Plano de Resiliência Hídrica Europeu ganhe uma visão holística e seja capaz de unir as realidades e as necessidades distintas do Norte e do Sul da Europa”, declara José Núncio, presidente da FENAREG.

No que respeita à água, o presidente da FENAREG diz que “o grande desafio é equilibrar realidades e ajustar as soluções à medida de cada uma das regiões do continente”, articulando também os planos de inundação com planos de seca e “fazendo convergir os sentidos”.

Pierre Bascou, da DG AGRI

O debate que terá lugar em Santarém no dia 11 de junho conta, entre outros oradores, com Pierre Bascou, diretor-geral adjunto da Direção-Geral da Agricultura (DG AGRI) da Comissão Europeia.

Agricultura de sequeiro
O presidente da FENAREG diz que “o grande desafio é equilibrar realidades e ajustar as soluções à medida de cada região do continente”, articulando os planos de inundação com planos de seca.

O ministro da Agricultura de Portugal, José Manuel Fernandes, assim como o próprio José Núncio, presidente da FENAREG e dos Irrigants d’Europe, bem como Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, também serão oradores.

Paulo do Nascimento Cabral, eurodeputado, Elli Tsifourou, secretária geral do Copa–Cogeca e os responsáveis das principais organizações agrícolas europeias de Portugal, França, Espanha, Itália, Grécia e Croácia vão igualmente participar.

Em cima da mesa estarão os temas da resiliência da agricultura de regadio face às alterações climáticas, as ferramentas políticas e tecnológicas ao dispor dos agricultores, as expectativas dos agricultores em relação à nova PAC e o papel da agricultura e das florestas na sustentabilidade e coesão dos países do sul da Europa.

O presidente da FENAREG considera que “é fundamental que a resiliência hídrica na Europa assuma agora também uma perspetiva mais ampla e atenta ao futuro, em que o armazenamento de água será cada vez mais crítico e com tendência a transformar-se em estratégico, até porque a ciência nos diz que a escassez da água será uma realidade crescente que as alterações climáticas acelerarão”.

Estratégia "Água que Une"

Por outro lado, “a tónica do combate ao desperdício, que assenta essencialmente em tarifas penalizadoras, deve ser agora colocada na modernização dos sistemas de rega”, que são “muito mais evoluídos e eficientes nos países do Sul, com menos resiliência hídrica, onde a rega localizada (gota a gota) e de aspersão é utilizada em 84% da área regada”.

Rega gota a gota
O presidente da FENAREG diz que “a tónica do combate ao desperdício, que assenta essencialmente em tarifas penalizadoras, deve ser agora colocada na modernização dos sistemas de rega”, que são “muito mais evoluídos e eficientes nos países do Sul, onde a rega gota a gota e de aspersão é utilizada em 84% da área regada”.

Isto sucede em contraponto com outras regiões onde o recurso água é relativamente mais abundante e que “ainda usam os tradicionais sistemas de aplicação em canhão que marcaram os anos 90 do século passado”.

Recorde-se que o anterior Governo aprovou a 18 de junho de 2024, no Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, a criação da estratégia "Água que Une", que viria a ser apresentada ao país a 9 de março deste ano, em Coimbra.

O documento está assente em três eixos - eficiência, resiliência e inteligência - e prevê cerca de 300 medidas, que serão executadas durante os próximos 15 anos. O investimento estimado é de 5 mil milhões de euros até 2030.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, garantiu, durante a apresentação do documento, em Coimbra, e, mais tarde, à comunicação social, que a nova estratégia “Água que Une”, se for concretizada, “trará um aumento de 30% para o regadio”.

SEDES não quer perder mais tempo

Portugal tem disponíveis perto de 51 mil milhões de metros cúbicos (m3) por ano de água, dos quais apenas são captados anualmente 4 324 milhões de m3.

Por outro lado, até 2040, está prevista uma quebra de 6% nas disponibilidades hídricas, acompanhada de um aumento de 26% nos consumos.

Nesta segunda-feira, 2 de junho, o Observatório da Agricultura da associação SEDES veio lembra que a eleição de Luís Montenegro como Primeiro-Ministro a 18 de maio é "uma oportunidade única" de se implementar a estratégia "Água que Une". José Palha, coordenador deste Observatório, diz que “o país não pode perder mais tempo e tem de implementar rapidamente" as medidas nela previstas.