A planta que nunca deve ser plantada no seu jardim: é um íman para carraças
Os últimos estudos apontam para uma espécie de planta muito comum como um aliado involuntário das carraças. Se a tiver por perto, pode estar a facilitar involuntariamente a sua proliferação.

As carraças não sobrevivem apenas nas florestas: também encontram o ambiente ideal em certos jardins. E há uma planta, mais comum do que se possa pensar, que parece ter uma estranha afinidade com estes pequenos mas perigosos parasitas. Cientistas europeus detetaram uma forte presença de carraças em zonas onde esta espécie cresce, o que está a suscitar preocupações entre os especialistas em saúde ambiental.
Embora já se soubesse que as carraças se desenvolvem em ambientes húmidos e sombrios, o que surpreendeu os investigadores foi o facto de o seu número se multiplicar significativamente quando uma planta muito específica está presente. A relação vai além da coincidência espacial: há elementos químicos e físicos que podem estar a fazer desta planta um verdadeiro refúgio para estes parasitas. Estamos a falar do feto.
Os fetos podem causar problemas no seu jardim
Não se trata de uma planta exótica ou rara. De facto, encontra-se em muitos jardins e trilhos naturais pelo seu valor decorativo e capacidade de crescer à sombra. No entanto, os fetos, uma espécie de planta antiga, estão a ganhar uma má reputação por atraírem mais carraças do que outras espécies na área.
Arrimarte a helechos y pillar garrapatas es todo uno pic.twitter.com/5mIlpT5gBn
— eljose (@eljose) June 27, 2018
A investigação sugere que os fetos emitem certos compostos voláteis, como os terpenos e os ácidos fenólicos, que podem funcionar como “chamadas químicas” para as carraças. Estes parasitas, que não têm boa visão e se orientam principalmente pelo cheiro e pela temperatura, parecem responder a estes estímulos com uma frequência invulgar. Mas não é apenas a química que está em jogo. A sua forma, com frondes compridas e múltiplas dobras, constitui uma estrutura perfeita para a carraça se esconder e esperar a passagem de um mamífero. Neste microclima vegetal húmido e protegido, as carraças encontram o local ideal para se esconderem.
Carraças: um risco crescente para a saúde pública
Este fenómeno não é apenas uma curiosidade botânica: pode ter sérias implicações na prevenção de doenças. As carraças transmitem doenças como a doença de Lyme e a febre do botão, ambas com um impacto significativo nos seres humanos e nos animais de estimação.
Holi
— Sara Morante (@Sara_Morante) August 16, 2020
Consejo, y no por experiencia propia: nunca andéis entre helechos u otros matorrales con pantalones cortos o sin zapato cerrado si hay ganado cerca.
(Garrapatas y pulgas) pic.twitter.com/dUtmBaSsI0
Em áreas onde o feto cresce sem controlo, especialmente em climas temperados e chuvosos, os cientistas estão a observar um aumento de picadas de carraças. Embora isto não possa ser atribuído exclusivamente a esta planta, o padrão sugere que pode estar a atuar como um catalisador ecológico. Por conseguinte, os cientistas recomendam que se preste atenção ao tipo de vegetação mantida em jardins e parques, especialmente em zonas rurais ou montanhosas. A remoção ou controlo dos fetos em zonas frequentadas por pessoas ou animais de estimação pode ser uma estratégia preventiva mais eficaz do que se pensava.
Será que as alterações climáticas influenciam esta estranha associação?
O aquecimento global não afeta apenas os polos ou o nível do mar. Também altera a forma e o local onde certas espécies se desenvolvem, incluindo plantas e parasitas. Neste contexto, os fetos estão a espalhar-se por novas áreas, em parte devido ao aumento das temperaturas e à humidade constante em algumas partes do planeta.
Con la llegada de las altas temperaturas proliferan las garrapatas en el medio natural, con el consiguiente riesgo para la salud que pueden conllevar sus picaduras.
112 Comunidad de Madrid (@112cmadrid) June 2, 2025
Para evitarlas anota estos consejos de los #AgentesForestalesCM.https://t.co/ToEbSq7UMo#ASEM112 pic.twitter.com/WI2RO8PqzN
Isto está a promover a expansão geográfica das carraças, que aparecem agora em locais onde antes eram pouco comuns. Se acrescentarmos à equação que os fetos oferecem abrigo e potenciais atrativos químicos, o cocktail está pronto. Além disso, há uma relação indireta que não deve ser ignorada: os habitats ricos em fetos também tendem a ser abundantes em roedores, aves e veados, todos hospedeiros comuns de carraças. Por outras palavras, a planta pode estar a reforçar todo um ecossistema que favorece a cadeia de transmissão destes parasitas.
O que fazer se tiver fetos em casa ou nas proximidades?
Não é necessário arrancar tudo o que existe no seu jardim, mas é importante usar o bom senso. Se tiver fetos numa zona onde as crianças brincam, os cães passeiam, ou simplesmente numa zona movimentada, pode ser uma boa ideia podá-los ou mudá-los para um local menos acessível.

A utilização de repelentes, tanto pessoais como para animais de companhia, continua a ser a medida mais eficaz para evitar as picadas. É também essencial verificar cuidadosamente a roupa e o corpo depois de entrar em contacto com vegetação alta ou densa. Por último, manter a vegetação sob controlo, remover as folhas mortas e evitar a acumulação de humidade em torno de caminhos e passadeiras pode reduzir significativamente a probabilidade de encontrar estes parasitas. Por vezes, estas pequenas ações fazem toda a diferença na prevenção.
A descoberta de que os fetos podem atrair carraças não é uma pequena curiosidade: é um alerta sobre como a interação entre espécies aparentemente inofensivas pode ter consequências para a saúde humana. A prevenção começa com o conhecimento do que temos plantado nas proximidades.