Esta aldeia histórica de Viseu estava ao abandono. Agora foi comprada por 2,35 milhões de euros

Localizada em Silgueiros, Póvoa Dão, com dezenas de casas, capela e espaços ajardinados, foi adquirida por um investidor lisboeta após um intenso leilão online.

Aldeia Póvoa Dão
Abandonada durante anos, esta aldeia histórica de Viseu acaba de ser comprada por 2,35 milhões de euros. Foto: Leilosoc

Durante anos esteve ao abandono. Agora tudo parece indicar que vai voltar à vida. Do que é que estamos a falar? Da aldeia histórica Póvoa Dão, localizada na freguesia de Silgueiros, a 14 quilómetros de Viseu, que foi vendida por 2,35 milhões de euros.

A leiloeira Leilosoc, responsável pela venda, revelou ao ‘Jornal Negócios’ que o leilão online registou cerca de duas dezenas de inscritos, na sua maioria portugueses, mas que atraiu também investidores da Alemanha, Brasil e até dos Estados Unidos.

Ao fim de várias horas de leilão, um investidor de Lisboa adquiriu a aldeia, que ocupa aproximadamente 100 hectares. Inclui ainda um casario em pedra com várias habitações, capela, restaurante, piscina, campo de ténis e zonas ajardinadas. O despique teve 72 licitações.

Afinal, que aldeia é esta?

A origem de Póvoa Dão remonta ao século XIII, época em que era mencionada nas inquirições afonsinas com o nome Póvoa de Jusã. O nome atual só surgiu mais tarde, numa homenagem ao rio Dão.

Esta aldeia teve um papel importante no comércio da zona, mas começou a perder população a partir dos anos 60, principalmente devido à emigração. Com isso, muitas casas ficaram abandonadas.

Em 1995, a localidade foi vendida ao Grupo Catarino por cerca de 400 mil euros.

Nessa altura, só lá viviam “quatro idosos, das dezenas de famílias que 20 anos antes habitavam na localidade”, escreveu a agência ‘Lusa’, citada mais tarde pelo jornal “Público”. O objetivo da compra era recuperar a aldeia, vender parte das casas a privados e manter outras para alojamento rural.

“A construtora de Cantanhede investiu cerca de 3,5 milhões de euros na recuperação e restauração — mantendo a traça original beirã — das 32 habitações T1 e T2 e da capela, dotando ainda Póvoa Dão de uma série de outros espaços, como restaurante e campo de ténis, além de zonas comuns e espaços exteriores ajardinados”, lê-se no ‘Jornal de Negócios’.

Aldeia Póvoa Dão
Um novo recomeço. Foto: Leilosoc

Em 2004, renasceu assim como aldeia turística. Das 32 casas, 16 foram compradas por privados a título individual por famílias portuguesas vindas de Lisboa, Porto, Coimbra e Viseu. No entanto, tudo mudou em 2015, com as dificuldades financeiras da empresa de construção. Muitas das casas acabaram, portanto, por ser deixadas ao abandono.

Este ano, a Ramos Catarino entrou em insolvência, tendo a aldeia de Póvoa Dão sido colocada em leilão eletrónico com o preço base fixado em 1,7 milhões de euros e o mínimo em 1,445 milhões.

Para surpresa de alguns, a sessão, com encerramento previsto para as 18:00 horas de sexta-feira, 5 de dezembro, teve um desfecho movimentado, com sucessivos lances de 10 mil euros nos últimos dez minutos. Pelas 17:30, a melhor oferta situava-se nos 1,51 milhões de euros, tendo subido 300 mil euros em apenas meia hora.

“Ditam as regras do leilão que, caso surjam novas propostas nos últimos cinco minutos, a contagem decrescente reinicia-se por mais cinco minutos.” Foi precisamente o que aconteceu, tendo o processo terminado às 19:33, após 72 licitações. A aldeia da Póvoa Dão foi, assim, adjudicada por 2,35 milhões de euros a um investidor de Lisboa, segundo revelou uma fonte oficial da Leilosoc ao ‘Jornal de Negócios’.

O que vai acontecer à aldeia?

A pergunta que se tem colocado nos últimos dias é precisamente essa: “então, e agora?”.

A leiloeira refere que existem vários projetos em cima da mesa. Estes vão desde a criação de um eco-resort de luxo a um aldeamento turístico, passando por um empreendimento vinícola ou um condomínio rural sustentável.

Contudo, ainda não é certo se o novo proprietário irá avançar com algum destes planos.