Esta aldeia histórica de Viseu estava ao abandono. Agora foi comprada por 2,35 milhões de euros
Localizada em Silgueiros, Póvoa Dão, com dezenas de casas, capela e espaços ajardinados, foi adquirida por um investidor lisboeta após um intenso leilão online.

Durante anos esteve ao abandono. Agora tudo parece indicar que vai voltar à vida. Do que é que estamos a falar? Da aldeia histórica Póvoa Dão, localizada na freguesia de Silgueiros, a 14 quilómetros de Viseu, que foi vendida por 2,35 milhões de euros.
A leiloeira Leilosoc, responsável pela venda, revelou ao ‘Jornal Negócios’ que o leilão online registou cerca de duas dezenas de inscritos, na sua maioria portugueses, mas que atraiu também investidores da Alemanha, Brasil e até dos Estados Unidos.
Ao fim de várias horas de leilão, um investidor de Lisboa adquiriu a aldeia, que ocupa aproximadamente 100 hectares. Inclui ainda um casario em pedra com várias habitações, capela, restaurante, piscina, campo de ténis e zonas ajardinadas. O despique teve 72 licitações.
Afinal, que aldeia é esta?
A origem de Póvoa Dão remonta ao século XIII, época em que era mencionada nas inquirições afonsinas com o nome Póvoa de Jusã. O nome atual só surgiu mais tarde, numa homenagem ao rio Dão.
Esta aldeia teve um papel importante no comércio da zona, mas começou a perder população a partir dos anos 60, principalmente devido à emigração. Com isso, muitas casas ficaram abandonadas.
Nessa altura, só lá viviam “quatro idosos, das dezenas de famílias que 20 anos antes habitavam na localidade”, escreveu a agência ‘Lusa’, citada mais tarde pelo jornal “Público”. O objetivo da compra era recuperar a aldeia, vender parte das casas a privados e manter outras para alojamento rural.
“A construtora de Cantanhede investiu cerca de 3,5 milhões de euros na recuperação e restauração — mantendo a traça original beirã — das 32 habitações T1 e T2 e da capela, dotando ainda Póvoa Dão de uma série de outros espaços, como restaurante e campo de ténis, além de zonas comuns e espaços exteriores ajardinados”, lê-se no ‘Jornal de Negócios’.

Em 2004, renasceu assim como aldeia turística. Das 32 casas, 16 foram compradas por privados a título individual por famílias portuguesas vindas de Lisboa, Porto, Coimbra e Viseu. No entanto, tudo mudou em 2015, com as dificuldades financeiras da empresa de construção. Muitas das casas acabaram, portanto, por ser deixadas ao abandono.
Este ano, a Ramos Catarino entrou em insolvência, tendo a aldeia de Póvoa Dão sido colocada em leilão eletrónico com o preço base fixado em 1,7 milhões de euros e o mínimo em 1,445 milhões.
Para surpresa de alguns, a sessão, com encerramento previsto para as 18:00 horas de sexta-feira, 5 de dezembro, teve um desfecho movimentado, com sucessivos lances de 10 mil euros nos últimos dez minutos. Pelas 17:30, a melhor oferta situava-se nos 1,51 milhões de euros, tendo subido 300 mil euros em apenas meia hora.
“Ditam as regras do leilão que, caso surjam novas propostas nos últimos cinco minutos, a contagem decrescente reinicia-se por mais cinco minutos.” Foi precisamente o que aconteceu, tendo o processo terminado às 19:33, após 72 licitações. A aldeia da Póvoa Dão foi, assim, adjudicada por 2,35 milhões de euros a um investidor de Lisboa, segundo revelou uma fonte oficial da Leilosoc ao ‘Jornal de Negócios’.
O que vai acontecer à aldeia?
A pergunta que se tem colocado nos últimos dias é precisamente essa: “então, e agora?”.
A leiloeira refere que existem vários projetos em cima da mesa. Estes vão desde a criação de um eco-resort de luxo a um aldeamento turístico, passando por um empreendimento vinícola ou um condomínio rural sustentável.
Contudo, ainda não é certo se o novo proprietário irá avançar com algum destes planos.