Vamos perceber o vento!

A energia recebida do Sol representa a força motriz que alimenta uma dinâmica personificada pela movimentação das massas de ar na atmosfera, as quais influem no equilíbrio da temperatura e na modelação morfológica da superfície do planeta.

Balões de ar quente
Por cada metro quadrado da superfície da Terra (aproximadamente 5•10¹⁴ m²) a coluna de ar pesa cerca de 10 toneladas.

A atmosfera envolve a Terra numa extensão que em altitude ronda os 1000 km, representando uma espécie de camada reservatório de gases, elementos químicos e partículas, que se encontra acoplada ao planeta por acção da gravidade. Todavia, apesar de em suspensão, a atmosfera tem peso, exercendo pressão sobre a superfície terrestre – a chamada pressão atmosférica, medida em bares (1 Bar corresponde a cerca de 1 kg/cm²) é a força exercida, por unidade de área, que varia, temporalmente, em função da composição da massa, da altitude, da temperatura, assim como do espaço. E, é nos 5 km mais próximos da superfície do planeta que a massa atmosférica se encontra mais concentrada, tendo por isso maior densidade.

Assim, nas regiões onde a coluna de ar é rarefeita, a pressão atmosférica na superfície é baixa, razão pela qual ao nível do mar, onde a massa atmosférica é grande, a pressão é maior do que a registada numa região montanhosa na mesma latitude.

Nesta espécie de invólucro, sucede-se continuamente uma dinâmica que promove a distribuição da energia térmica proveniente do Sol, reduzindo as amplitudes entre as temperaturas diurnas e noturnas, determinando o modo como a energia solar entra e sai do planeta. E assim, na atmosfera, fenómenos meteorológicos como depressões e anticiclones estão constantemente a desenvolver-se e a desaparecer. Eventos que, em função da sua dimensão se podem manter mais estacionários (os de grande dimensão), ou movimentarem-se particularmente rápido nas latitudes médias, podendo demorar dias ou semanas a desaparecer.

Anemómetro
Os anemoscópios fornecem a direção do vento, já a sua velocidade é medida pelos anemómetros e registada pelos anemógrafos.

A variação, ao longo do dia (a maré barométrica) e durante o ano, da pressão atmosférica, traduz-se em efeitos meteorológicos que decorrem da condicionante temperatura (do ar e da superfície) e assim, quanto maior a temperatura do ar, mais as moléculas se movimentam e se distanciam umas das outras, e, reduzindo o seu número por m3 de ar, reduzem o peso do ar aquecido.

Inversamente, quando o ar arrefece as moléculas aglutinam-se e perdem mobilidade, tornando o ar mais denso e pesado, ou seja, ocorre o aumento na pressão atmosférica. É assim, a razão da relação entre temperatura e pressão, que alavanca a movimentação do ar. O ar frio, mais pesado, desloca-se para as áreas mais baixas, desce, enquanto o ar mais quente e leve tende a subir, ascende para as áreas mais elevadas da atmosfera, uma dinâmica circular constante, na busca por equilíbrio de pressão e temperatura, que impele à movimentação do ar.

Fluidamente, o ar movimenta-se

O ar, sob a denominação de vento, não se pode ver, mas é facilmente evidente na sensação transmitida pelo atrito com o maior órgão humano, a pele, ao movimentar as nuvens, as ondas no mar, as folhas nas árvores, as velas dos navios, ou o esvoaçar dos papagaios de papel. De facto, o vento traduz a deslocação do ar que ocorre quando existem diferenças de temperatura e pressão , destacando-se três tipos de vento que circulam em grandes extensões do planeta - as brisas, as monções e os alísios.

Três tipos de vento

As brisas ocorrem em zonas litorais, uma vez que durante o dia, a massa oceânica, vector de equilíbrio térmico por demorar a aquecer e arrefecer, encontra-se mais fria comparativamente com a massa litosférica. Estando o solo mais quente, e, como o vento circula dos locais mais frios para os quentes (o ar quente sobe, e o espaço que deixa livre é ocupado por ar frio), as massas de ar deslocam-se em direção aos continentes (brisa marítima), sendo que durante a noite ocorre o processo inverso (brisa terrestre) .

Já as monções, caracterizam ventos que ocorrem a cada seis meses, na região sudeste da Ásia, sendo que de junho a setembro, o vento sopra carregado de humidade, do oceano Índico para o continente, gerando durante meses chuvas torrenciais, que caracterizam a região do globo com pluviosidade mais elevada; mas nos meses de dezembro a março, os ventos secos opostamente direcionados do continente para o oceano, originam vários meses de estiagem severa pela quase inexistente formação de nuvens.

Refira-se que a rotação do planeta também infere determinantemente na circulação do ar, sendo que o vento não é uniforme, mesmo sob o mesmo gradiente de pressão, ele sopra por faixas, exemplo disso são os ventos alísios . A Terra gira de oeste para leste, por consequência, o ar que está em contacto com o planeta sofre atrito, e como a velocidade de rotação da terra é mais rápida no equador, então esses ventos são mais percetíveis entre os trópicos. Os alísios habitam os trópicos de Câncer e Capricórnio, soprando em direção ao equador, de nordeste e sudeste, respectivamente, convergindo num centro de baixa pressão.

Considere-se ainda o efeito de Coriolis, pois quando a terra gira, as massas de ar, no caso, os ventos alísios, são sempre redireccionados para a direita, no Hemisfério Norte, e para a esquerda no Hemisfério Sul.