Truques utilizados por serpente para fugir aos predadores

Denominada Serpente-Dado utiliza uma série de truques para escapar rapidamente aos seus predadores. Fique a saber quais são aqui!

Cobra-Dado
A cobra-dado é uma serpente não venenosa da Eurásia, pertencente à família Colubridae. É também designada por cobra-de-água e utiliza a falsa morte para não se tornar comida para os predadores. Fonte: BioDiversity4all

De acordo com um estudo avançado pela Science News, algumas Cobras-Dado, Natrix Tessellata, fingem-se de mortas para escarpar de forma mais rápida aos seus predadores.

Elas enchem a boca com sangue, sujam-se com excrementos evitando assim servir de refeição a outros animais. E, ao que parece, de acordo com um estudo publicado na revista Biology Letters, estas mortes falsas com vários elementos pouco atraentes podem tornar toda a exibição mais eficiente.

As serpentes que sangram pela boca e se cobrem de fezes passam menos tempo a fingir-se de mortas do que as que não o fazem.

Estas defesas, sugerem os cientistas, podem estar a funcionar em sinergia: aumentam o impacto global da exibição e ajudam a cobra a escapar mais rapidamente a um predador.

Morte ficcional como tática defensiva

A falsa morte é uma tática defensiva comum em todo o reino animal. Muitas vezes, a presa fica imóvel enquanto expõe partes vulneráveis do corpo, o que a torna uma manobra de alto risco, mas potencialmente de alta recompensa.

Muitos predadores não tocam em coisas aparentemente mortas, talvez por causa de parasitas, ou talvez porque a falta de movimento não provoca a sua reação predatória.

Dois indivíduos diferentes a exibir DF com e sem auto-hemorragia (AH) - indivíduo verde, sem AH (a), indivíduo manchado com AH (b). AH (autohemorragia); DF (fingimento de morte). Fonte: V. Bjelica and A. Golubović

A cobra-cega é particularmente elaborada quando encena a sua morte. Quando capturada, debate-se e sibila antes de se cobrir com fezes. Para o grande final, abre a boca, põe a língua de fora e enche a boca de sangue.

Combinação de truques torna mais rápido o estratagema?

Os biólogos Vukašin Bjelica e Ana Golubović, da Universidade de Belgrado, na Sérvia, queriam saber se estes esforços defensivos combinados fazem com que todo o estratagema seja mais rápido. Capturaram cerca de 263 serpentes selvagens na ilha de Golem Grad, na Macedónia do Norte, e registaram as manchas de fezes.

De seguida, a equipa colocou as serpentes no chão e desapareceu, imitando as ações de um predador hesitante, antes de registar todos os comportamentos subsequentes. Pouco menos de metade das cobras sujaram-se com fezes, enquanto cerca de 10% sangraram pela boca. Algumas mortes falsas sem fezes ou sangue duraram quase 40 segundos.

As 11 serpentes que combinaram as defesas passaram, em média, cerca de dois segundos a menos a fingir a morte.

"Dois segundos podem não ser muito, mas podem ser o suficiente para uma serpente conseguir escapar se o predador desistir de a atacar".
Vukašin Bjelica - biólogo da Universidade de Belgrado

Este estudo levantou novas questões, sendo que, segundo a ecologista Katja Rönkä, da Universidade de Helsínquia, o próximo passo é estudar o lado predador deste comportamento: saber como são dissuadidos por animais "mortos", especialmente se acabaram de os ver vivos.

Referência do artigo:

V. Bjelica and A. Golubović, 2024, "Synergistic effects of musking and autohaemorrhaging on the duration of death feigning in dice snakes (Natrix tessellata)."