O momento em que estamos a adormecer é o ponto ideal para a criatividade!

Um novo estudo revela que as pessoas são mais criativas depois de acordarem da fase mais precoce do sono, especialmente quando são orientadas para sonhar com um tema específico.

sono
Desde há muitos anos que há indícios de que a fase mais precoce do sono, também conhecida por N1 ou hipnagogia, é um terreno fértil para ideias criativas.

Sente-se preso a um problema que parece não ter solução? Pode encontrar uma solução criativa depois de uma curta sesta - muito curta, de acordo com um novo estudo de investigadores do MIT e da Harvard Medical School, publicado na Scientific Reports.

Durante a fase em que se está à deriva entre o sono e a vigília, num estado conhecido como início do sono, a mente criativa é particularmente fértil, mostraram os investigadores.

Também demonstraram, pela primeira vez, que quando as pessoas são levadas a sonhar com um determinado tópico durante essa fase do sono, têm um desempenho muito mais criativo quando mais tarde lhes é pedido que realizem três tarefas de criatividade em torno desse tópico.

"Quando nos é pedido que sonhemos com um tema durante o início do sono, podemos ter experiências de sonho que mais tarde podemos utilizar para estas tarefas criativas", afirma Kathleen Esfahany, finalista do MIT e uma das principais autoras do estudo.

Incubação de sonhos

As pessoas que receberam este estímulo, conhecido como "incubação de sonhos direcionada", geraram histórias mais criativas do que as pessoas que dormiram a sesta sem um estímulo específico ou do que as pessoas que permaneceram acordadas.

Os resultados sugerem que, durante este estado de sonho, o cérebro estabelece ligações mais abrangentes entre conceitos díspares, o que aumenta a criatividade, afirmam os investigadores.

Se acedermos a este estado cerebral, podemos ser mais criativos na nossa vida de vigília. - Adam Haar Horowitz, pós-doutorado no MIT Media Lab e um dos principais autores do estudo.

Perceção criativa

Thomas Edison, entre outros, tirava frequentemente partido deste estado. Quando se debatia com um problema espinhoso, sentava-se para dormir a sesta, enquanto segurava uma bola de metal na mão. Assim que adormecia, a bola caía da sua mão e acordava-o. Quando acordava, tinha frequentemente uma nova solução em mente.

Em 2021, um estudo do Instituto do Cérebro de Paris forneceu provas experimentais de que o início do sono ajuda a gerar esse tipo de perceção criativa. Nesse estudo, os participantes que caíram brevemente em N1 eram muito mais propensos a ter sucesso em descobrir uma maneira fácil de resolver uma tarefa relacionada com números.

A equipa do MIT quer tentar alargar esta descoberta a domínios mais vulgarmente associados à criatividade, como a narração de histórias. Pretendem, também, explorar a possibilidade de orientar o conteúdo dos sonhos das pessoas e a forma como esse conteúdo orientado poderia afetar o processo criativo.

Os investigadores estão agora a estudar a possibilidade de alargar este protocolo de incubação de sonhos a fases posteriores do sono, como o REM. Estão a tentar tornar o protocolo mais fácil de executar e alargá-lo a outros domínios, por exemplo, para ajudar a tratar a angústia relacionada com os pesadelos.