Estas são as implicações do aquecimento acelerado do Ártico na vegetação desta região da Terra
Um estudo científico recente, publicado na revista Nature, quantificou as mudanças temporais na riqueza e composição de espécies no Ártico, por meio de pesquisas repetidas entre 1981 e 2022.

Os autores do estudo também identificaram os fatores geográficos, climáticos e bióticos por trás dessas mudanças.
Dinâmica da diversidade vegetal no espaço e no tempo
O Ártico, que regista as maiores taxas de aquecimento da Terra, foi o local escolhido pelos autores deste estudo, que analisaram mais de 40 000 registos de 490 espécies de plantas vasculares para avaliar as alterações na riqueza e composição das espécies em 40 anos, período entre 1981 e 2022.
Verificaram que a riqueza de espécies era maior nas latitudes mais baixas e nos locais mais quentes, mas não encontraram qualquer indicação de que a riqueza tenha mudado de direção ao longo do tempo.
As proporções de ganhos e perdas de espécies foram maiores onde as temperaturas aumentaram mais.
Há muitos fatores, além da temperatura, que determinam a forma como a vida vegetal muda num determinado local, como a humidade do solo ou a intensidade do vento., o que afeta o microclima que as plantas experimentam.
Os resultados do estudo não indicam claramente quais as espécies vegetais que são favorecidas em detrimento de outras. Mas os investigadores têm a certeza de que as montanhas sem árvores e os prados de montanha vão mudar de aspeto.
Em geral, verificou-se que os arbustos beneficiam de uma estação de crescimento mais longa, pois simplesmente roubam a luz solar às espécies com um hábito de crescimento baixo.
As plantas perenes têm vantagens
As plantas perenes, como as amoras e os mirtilos, bem como algumas plantas verdes de verão, como os arbustos de salgueiro, também terão uma vantagem competitiva quando a neve cobrir o solo menos dias por ano nas montanhas suecas.

Muitas plantas da tundra crescem pouco para resistir aos ventos fortes e, se o clima aquecer, mais espécies podem estabelecer-se, aumentando a biodiversidade em alguns locais.
A vegetação única da tundra do Ártico é importante para o sequestro de carbono e para a quantidade de radiação solar que é refletida pela superfície do solo, enquanto que os arbustos de maiores dimensões absorvem mais raios solares do que a vegetação atual, o que amplifica o aquecimento do Ártico.
As alterações na vegetação também afetam os animais herbívoros. A criação de renas não pode ter as mesmas áreas de pastagem que tem atualmente nos vales, mas talvez possa encontrar novas áreas nas montanhas nuas.

O turismo será afetado quando as bétulas e os arbustos tomarem conta das montanhas e os prados alpinos com belas flores silvestres desaparecerem.
É de referir ainda, que no futuro será difícil obter água potável quando os glaciares e os campos de neve tardios derreterem.
Atualmente, os investigadores não podem dar uma imagem clara de como será exatamente o mundo montanhoso sueco dentro de 50 a 100 anos. Há ainda muita investigação a fazer para o descobrir, mas é certo que a área de prados de montanha abertos irá diminuir.
Os autores do estudo referem que se está no meio de uma mudança climática e serão atingidos certos limiares em que a flora vai mudar radicalmente, mas não se sabe quando isso vai acontecer, ou, como é que isso vai acontecer.
Referência da notícia
“Plant diversity dynamics over space and time in a warming Arctic”, Nature, Mariana García Criado, Isla H. Myers-Smith et al., Published: 30 April 2025.