Descoberto um asteroide que pode atingir a Terra em 2046

Batizado de 2023DW, o objeto pode atingir o nosso planeta daqui a 23 anos, mas a probabilidade ainda é baixa. Observações ao longo das próximas semanas revelarão a trajetória do asteroide com maior certeza.

Descoberto asteroide que pode atingir a Terra em 2046
Batizado de 2023DW, o objeto pode atingir o nosso planeta daqui a 23 anos, mas os resultados são preliminares e a probabilidade de impacto ainda é baixa.

Alguns dias atrás, em 27 de fevereiro, astrónomos descobriram um novo asteroide batizado de 2023DW. Num esforço conjunto entre várias agências espaciais, foi determinado que há uma pequena probabilidade deste asteroide atingir a Terra em 14 de fevereiro de 2046: daqui a 23 anos.

As últimas estimativas indicam que o asteroide possui cerca de 50 metros de diâmetro. Embora pareça pouco, seria o suficiente para causar estragos significativos na região que atingisse.

O 2023DW ocupa atualmente o primeiro lugar na lista de riscos espaciais da Agência Espacial Europeia (European Space Agency, ESA).

Vale a pena lembrar que, no entanto, a análise de órbita do objeto até ao momento baseou-se em menos de 100 observações. Este é um número baixo, e precisamente por causa disto as conclusões sobre a sua rota ainda são preliminares. Ao longo das próximas semanas, mais dados e observações sobre o objeto serão capazes de refinar a estimativa da sua órbita.

Atualmente, a probabilidade do objeto atingir o planeta já é menor que 1% (mais especificamente, 1 em 625). Astrónomos acreditam que, com uma estimativa de órbita mais refinada, a probabilidade deverá tornar-se nula. Ainda assim, é possível estimar matematicamente os possíveis locais de impacto.

O asteroide é, atualmente, o único objeto rastreado que regista alguma pontuação na Escala Torino. O seu valor é 1, o que significa que este é um objeto que merece atenção, mas ainda não representa nenhum risco confirmado para nós.

Geralmente, o que acontece com a descoberta de objetos deste tipo é que, à medida que as estimativas de órbita se tornam mais refinadas, os astrónomos acabam por descobrir que o objeto vai acabar por passar longe do planeta. Isto aconteceu várias vezes nos últimos meses.

A escala de Torino é usada para categorizar o risco que os asteroides e os cometas representam para nós. Combina a probabilidade de impacto e o dano potencial do objeto num único valor que vai de 0 (sem perigo) a 10 (muito perigoso).

Talvez esteja a perguntar-se porque meteoros ameaçadores tornaram-se mais numerosos ao longo dos últimos meses. O facto é que o número de asteroides não está a mudar, mas a nossa tecnologia está.

Porque é que cada vez mais meteoritos estão a ser classificados como perigosos?

Não é que estejam a tornar-se mais numerosos, mas a crescente tecnologia de observação espacial está a permitir aos astrónomos identificar objetos que antes não podiam ser observados.

Isto significa que, nos próximos anos, descobrir objetos como o 2023DW vai tornar-se rotineiro. Telescópios como o Vera Rubin, o NEO Surveyor e o NEOMIR, que serão inaugurados em breve, serão capazes de detetar objetos ainda menores e mais numerosos.

Apenas há um mês, o húngaro Krisztián Sárneczky descobriu um asteroide poucas horas antes de ele atingir a França. O objeto era minúsculo e apenas criou um breve espetáculo de luzes sobre o país, mas demonstra como a nossa capacidade de detecção está a aumentar.

Por enquanto, podemos dormir tranquilos: 2023DW provavelmente não irá atingir o planeta e, se atingir, estará longe de causar o fim da raça humana. O objeto é similar ao meteoro que atingiu a Rússia em 1908: foi capaz de destruir parte de uma floresta e causar três mortes, mas de qualquer das formas, os seus danos foram apenas superficiais.