África está a partir-se e permitiria a formação de um novo oceano

Embora a probabilidade do continente africano se dividir em dois tenha sido há muito estudada, novo estudo sugere que tal separação poderia dar origem a um sexto oceano. Quando é que uma mudança tão profunda se poderia materializar?

Rift; África; zona de ruptura geológica
O grande rift africano atravessa uma dezena de países. É considerada uma das maravilhas geológicas do planeta.

Embora em rigor exista apenas um oceano, a fim de facilitar a sua compreensão, foi acordado que existem 5. Quais? Pacífico, Atlântico, Índico, Ártico e Antártico. Mas esta situação pode mudar. Porquê? Porque um novo oceano poderia estar a formar-se no leste de África.

Assim o diz um grupo de geólogos, que confirmam algo que foi estudado durante muito tempo e que é que o continente africano está a passar por um processo de divisão.

Desta vez a novidade é revelada por um estudo, publicado na revista Geophysical Research Letters, que combina dados sísmicos da formação de fendas para mostrar que é impulsionada por processos semelhantes aos do fundo do mar.

Os especialistas argumentam que a rutura terrestre, descoberta na Etiópia durante 2005, está a criar um novo oceano. Isto na medida em que África está dividida em dois por uma fenda gigantesca que se estende por quase 5.000 quilómetros através de pelo menos uma dezena de países.

Placas inquietas

Neste setor do planeta, as placas tectónicas de África (ou Núbia), Arábica e Somali interagem. Enquanto as duas primeiras colidem, esta última e Núbia estão separadas milimetricamente num processo que começou há cerca de 30 milhões de anos.

O que chama a atenção dos cientistas é que este é o único lugar na Terra onde é possível analisar como uma fenda continental se torna uma abertura oceânica.

"O setor oriental do Vale do Rift é muito ativo, pode ver-se isto nos muitos terramotos que ocorrem à sua volta. Portanto, é possível que se esteja a formar um oceano ao longo do braço oriental do Vale do Rift Africano. No entanto, isso levará muito tempo, provavelmente milhões de anos", diz Edwin Dindi, geólogo da Universidade de Nairobi, no Quénia.

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"Os continentes mudam com o tempo. Não ficam parados como as 'peças do puzzle' que vemos agora, mas estas peças estão a colidir ou a separar-se. Têm muitas interações", afirma Cristián Farías, geofísico chileno.

A Terra a ser a Terra

O vale do Rift da África Oriental é uma das fendas mais extensas na superfície da Terra, estendendo-se desde a Jordânia no sudoeste asiático até Moçambique no sudeste de África, abrangendo mais de 6.000 quilómetros de comprimento.

"A probabilidade de África se partir em dois tem sido analisada há muito tempo. O que devemos ter claro é que estes processos são super graduais. São fenómenos lentos que levam milhares ou milhões de anos, ou seja, nem sequer nos vamos aperceber disso", diz Cristián Farías, um académico da Universidade Católica de Temuco, no Chile.

O geofísico convida-nos a pensar que "o Chile, dentro de milhões de anos, não será sequer uma sombra do que é hoje. E não só por causa das alterações climáticas que nos tirarão o litoral, mas também pela forma como as placas se movem. Tudo era diferente antes e também será diferente no futuro. Não é nada terrível, é apenas a Terra a ser a Terra".