O vórtice polar congela EUA, 50 ºC na Austrália

As vagas de frio que estão a afetar algumas regiões do hemisfério norte, em particular os Estados Unidos, contrasta com as ondas de calor que afetam alguns países do hemisfério sul.

Vaga de frio intenso com queda de neve e ventos fortes a atingir os Estados Unidos.

O frio associado à massa de ar polar que está a atingir os Estados Unidos e que já provocou fortes e graves impactos, é tão intenso que, de acordo com John Gagan, meteorologista do Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos (NWS), é um fenómeno que acontece uma vez numa geração.

No entanto este tipo de fenómeno tem-se tornado mais frequente nos últimos invernos nos Estados Unidos. Um fenómeno semelhante ocorreu em janeiro de 2014, em que as cataratas do Niagara e o lago Michigan em frente a Chicago também congelaram e em muitos locais foram batidos recordes de temperaturas.

Vórtice polar

O frio anormal que tem atingido os Estados Unidos foi causado por perturbações no vórtice polar, nome dado à circulação da massa de ar extremamente frio que se estende acima do pólo norte. Ocasionalmente, este sistema polar de baixa pressão sofre perturbações, que faz com que o ar frio polar atinja países como o Canadá e Estados Unidos. Meteorologistas americanos estão a atribuir este frio intenso a um súbito aquecimento em níveis da atmosfera acima do Pólo Norte.

Este aquecimento teria dividido o vórtice polar levando-o a deslocar-se mais para sul, transportando uma massa de ar polar extremamente frio, de acordo com o que referiu à agência de notícias AP, Judah Cohen, especialista em tempestades de inverno da Atmospheric and Environmental Research (AER).

Temperaturas extremas registadas

Este ano o frio tem sido mais intenso associado a ventos muito fortes e que fazem com que a sensação térmica seja bem inferior às temperaturas que se registam nos termómetros e nunca registadas anteriormente. As autoridades americanas têm vindo a alertar que com tais temperaturas extremas o congelamento é possível ao ar livre em apenas 10 minutos.

Com as temperaturas extremas que se atingiram nos Estados Unidos o congelamento é possível ao ar livre em apenas 10 minutos.

Segundo o Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos, nestes dias a temperatura mais baixa registada foi de -48°C na região de Norris Camp, no norte de Minnesota, no dia 30 de janeiro, com uma sensação térmica de -53°C. Foram batidos recordes anteriores de temperaturas mínimas em alguns locais, como foi o caso de Rockford, Illinois, que atingiu -35°C.

Em Chicago a temperatura mais baixa registada foi de -30°C, que segundo o NWS, é a 4ª temperatura mais baixa de todos os tempos. A temperatura mais baixa anteriormente registada na cidade foi de -33°C, em janeiro de 1985. Têm sido registadas temperaturas mais baixas do que as registadas atualmente no Alasca, onde as temperaturas mínimas atingem cerca de -14°C.

Ondas de calor no hemisfério sul

Enquanto que no hemisfério norte se assistem a vagas de frio intenso, no hemisfério sul ondas de calor estão a afetar alguns países, como é o caso da Austrália e do Brasil. Na Austrália os termómetros chegaram perto dos 50°C, com Sydney a registar uma temperatura máxima de 47°C.

De acordo com o Serviço Meteorológico Australiano janeiro foi o mês mais quente dos últimos 97 anos. No Brasil, em janeiro, foram ultrapassadas temperaturas máximas anteriormente registadas como foi o caso do Rio de Janeiro a atingir os 42°C, a mais elevada em quase 100 anos.

Previsão para os próximos dias

A vaga de frio nos Estados Unidos tende a diminuir já a partir do fim de semana, esperando-se uma subida das temperaturas, que em alguns locais pode atingir subidas bastante elevadas; temperaturas a subir cerca de 40°C em poucos dias. No entanto em relação à Austrália há uma probabilidade de 70% das temperaturas continuarem acima da média para fevereiro, enquanto que no Brasil há tendência para diminuir a onda de calor.