Solstício de inverno: já começou a estação mais fria do ano!

Segundo o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), o solstício de inverno ocorreu hoje, 21 de dezembro de 2021 pelas 15h59min, assinalando o início da estação invernal no hemisfério norte, a mais fria de todas. Isto apesar da Terra vir a estar mais perto do sol no próximo dia 4 de janeiro. O sol neste dia de solstício estará o mais baixo possível no céu em Portugal e no momento em que atravessar o meridiano alcançará a altura mínima de 28º.

Este é também o dia mais curto do ano, e, como consequência, aquele que tem a noite mais longa. Este 21 de dezembro de 2021 o disco solar nasceu às 07h51min e pôr-se-á às 17h18min em Lisboa. A duração exata do dia será de 09h e 27 minutos. Da mesma forma que hoje arranca o inverno astronómico em Portugal e no hemisfério norte, inicia-se, ao invés, o verão astronómico no hemisfério sul.

O que significa solstício e até quando durará o inverno?

Os movimentos da Terra em redor de si mesma e em volta do Sol (translação e rotação), resultam numa distribuição não uniforme da luz solar nos dois hemisférios do planeta. O solstício de inverno ocorre quando o Sol atinge a maior distância angular em relação ao plano que passa pela linha do Equador, ou seja, quando o Sol se encontra mais a sul. Por isso, o hemisfério em que acontece o solstício de inverno recebe menor incidência de raios solares. Os solstícios acontecem duas vezes por ano (no inverno e no verão), mas em datas móveis.

O inverno é a estação mais curta e mais fria do ano, efeito dos raios solares incidirem mais obliquamente sobre a superfície do hemisfério norte, emanando menos calor. Ocorre o inverso no hemisfério sul. Este período sazonal vai prolongar-se por 88,996 dias, desde esta tarde até ao equinócio da primavera, que começará oficialmente no dia 20 de março de 2022.

A etimologia da palavra latina (Solstitium) deve-se ao facto do Sol travar o movimento diário de afastamento ao plano equatorial e “estacionar” ao atingir a sua posição mais alta ou mais baixa no céu local. Assim, a palavra solstício significa literalmente "sol parado" e é a junção das palavras em latim, sol + sistere, que significa "ficar parado".

O misticismo associado ao solstício de inverno

Na Antiguidade, os povos mantinham estreito contacto com a Natureza, atribuindo ao Sol uma enorme importância nas suas vidas. Dele dependia o sucesso das colheitas, a perspetiva de alimentos, assim como o comportamento meteorológico, a rígida sequência de dias quentes e soalheiros e as noites frias, misteriosas ou gélidas. Como se sabe, o solstício de inverno marca a noite mais longa do ano, levando à conceção de muitas histórias e tradições associadas com a morte e a ressurreição em diferentes culturas e religiões como a Egípcia, a Cristã, a Asteca ou império do sol nascente japonês, entre outros.

Para os povos ancestrais, o fenómeno do solstício de inverno, o dia mais curto do ano, simbolizava a vitória da luz sobre a escuridão, uma vez que, a partir de então, a luz voltaria a reinar com o recomeço do aumento da duração do dia. As pirâmides do Egipto terão sido construídas em alinhamento para receber o Sol de frente à porta de entrada, exatamente no dia do solstício de inverno.

Os cultos pagãos de adoração ao Sol parecem ter influenciado a própria liturgia cristã, ao fixar o dia incerto do nascimento de Jesus, data máxima do cristianismo, a 25 de dezembro, para coincidir com a festa da religião monoteísta romana dedicada ao deus Saturno (17 a 25 dezembro), para celebração do nascimento do Sol invencível - Natalis Solis Invictus.

Festejava-se, com ritos de alegria e troca de prendas o momento em que o Sol cresce, ou renasce, após ter atingido a sua duração mais curta a 21 ou 22 de dezembro. Nessa data, o Sol atinge a sua máxima declinação Sul, cerca de 23⁰27’, “estacionando” nela durante três dias, e retomando o caminho do Norte, a partir do dia 24 ou 25 de dezembro.