Sem luz e sem sinal? Eis como o apagão afeta a sua rede móvel

Quando a eletricidade falha, não são só os candeeiros que se apagam: as chamadas desaparecem, as mensagens congelam e a solidão digital instala-se. Saiba o que fazer quando fica sem sinal.

Rede móvel
Descubra porque ficou sem rede no telemóvel durante um apagão e saiba o que pode fazer para continuar a comunicar. Foto: Unsplash

A 28 de abril de 2025 o país ficou às escuras. Não era um romance policial, nem uma nova série da Netflix. Era mesmo a realidade: um grande apagão que deixou Portugal (e vários países da Europa) às escuras… e sem rede no telemóvel.

O país ficou às escuras em plena luz do dia. Em vários locais era impossível comunicar, fazer ou receber chamadas e à medida que as horas passavam a situação piorava”, lê-se na ‘SIC Notícias’.

Se passou por isto sem a ajuda de um gerador, sabe como é frustrante: sem luz, sem internet, e ainda por cima sem conseguir ligar à família ou ao trabalho. Mas afinal, porque é que o seu telemóvel perde o sinal quando falta a eletricidade?

As antenas não fazem milagres

Comecemos pelo básico: a rede móvel não funciona por magia. Há por todo o país milhares de antenas — aquelas que muitas vezes nem reparamos nos telhados ou nas torres — que fazem a ponte entre o seu telemóvel e o resto do mundo. Mas essas antenas precisam de eletricidade, tal como a sua televisão ou a máquina de café.

Quando a luz vai abaixo, muitas dessas estações têm baterias ou geradores de reserva que aguentam o barco... durante umas horas. Normalmente, essas baterias conseguem manter a rede ativa entre 2 a 8 horas.

Só que, num apagão mais prolongado — como o que vivemos há poucos dias —, essas reservas acabam por se esgotar. E quando isso acontece, lá se vai o sinal e os dados móveis desaparecem.

“Em caso de queda de energia, muitas antenas têm geradores de reserva ou baterias que permitem que continuem a operar por um tempo limitado. Entretanto, nem todas as estações contam com esses sistemas de suporte, pois não são obrigatórios. Quando uma estação base perde energia de reserva ou fica sem energia de reserva, a antena para de funcionar, fazendo com que os utilizadores percam a voz, a cobertura de dados móveis ou até mesmo ambos. Por outro lado, se os geradores não forem acionados corretamente, não tiverem combustível suficiente ou não receberem manutenção, a antena também desliga”, escreve o diário espanhol ‘20 Minutos’.

Quando todos ligam ao mesmo tempo…

Há ainda outro problema: durante um apagão, toda a gente tenta ligar a alguém. Seja para saber se está tudo bem, para pedir ajuda ou simplesmente para desabafar.

Esse aumento súbito de chamadas e uso de dados cria uma espécie de “engarrafamento” digital.

As redes ficam congestionadas, incapazes de dar resposta a tanta procura ao mesmo tempo. Resultado? Chamadas que não passam, mensagens que não chegam, e aquela sensação de isolamento, mesmo rodeado de gente.

Os bastidores da internet: também precisam de luz

Pode pensar: "Bem, sem rede, uso os dados móveis." Mas nem sempre isso é possível.

Poste telefónico
Estes equipamentos também estão dependentes de energia. Foto: Unsplash

A internet que chega ao seu telemóvel também depende de equipamentos espalhados pelas cidades — como centros de dados, switches e cabos de fibra ótica — que precisam de eletricidade para funcionar. Se essas infraestruturas ficarem sem energia (e sem geradores ou se estes falharem), a internet vai pelo mesmo caminho: abaixo.

Aliás, durante o último apagão, a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) apontou o dedo às operadoras, dizendo que muitas não estavam preparadas para uma crise tão longa. As baterias duraram pouco, os geradores ficaram sem combustível, e até o 5G teve de ser desligado para poupar recursos.

Os tempos de autonomia não estavam preparados em muitos sistemas de rede para aguentar tanto tempo. Foram havendo falhas sucessivas”, explica Sandra Maximiano, presidente da Anacom, citada pela ‘SIC Notícias’.

Quem se aguentou melhor?

“Assim, com os planos em vigor, as operadoras viram-se forçadas a limitar o acesso dos consumidores comuns à rede, de modo a assegurar a comunicação das autoridades e serviços de emergência”, nota a ‘Magazine HD’.

Ainda assim, no meio da tempestade, houve quem conseguisse manter algum sinal. A MEO, por exemplo, foi apontada como a que conseguiu "aguentar-se" mais tempo ativa. Já a NOS e a Vodafone sofreram falhas prolongadas e a DIGI, essa, teve mesmo uma travagem a fundo, com muitos clientes a queixarem-se que ainda dias depois não conseguiam comunicar.

Pelo que se viu nos fóruns online, o cenário foi mais ou menos este: redes a cair pelas 15h e só a regressarem lá para as 21h ou 22h. Mas, mesmo quando o serviço voltava, havia falhas aqui e ali — um bocadinho como aquela luz que pisca quando volta a eletricidade.

E o que pode fazer quando ficar sem sinal?

Não há solução milagrosa, mas há truques que ajudam. Um deles é poupar a bateria, desligando aplicações que não precisa e baixando o brilho do ecrã. Há também telemóveis com a própria definição ‘Economizar Energia’.

O que fazer quando ficar sem sinal?
Evite utilizar o telemóvel para atividades não prioritárias. Foto: Unsplash

Outra é usar SMS. Estes são mais "leves" e conseguem passar mesmo quando as chamadas falham. Tenha também uma power bank à mão, porque um telemóvel sem bateria é um peso morto.

Por fim, procure Wi-Fi. Se estiver num local com energia, como um hospital ou edifício com gerador, pode conseguir ligar-se.

E no futuro?

Depois deste apagão ibérico, ficou claro que as redes precisam de mais músculo para aguentar crises prolongadas. A ANACOM já pediu às operadoras para reforçarem os seus sistemas de backup e melhorarem a autonomia das antenas. Porque num mundo onde dependemos tanto dos telemóveis, estar sem luz já é mau… mas estar sem sinal é ainda pior.

Por isso, da próxima vez que a luz falhar, já sabe: respire fundo, envie aquele SMS para dizer que está bem, e poupe a bateria. A rede pode cair, mas a calma não tem de ir com ela.