Poeiras do Saara chegam ao arquipélago dos Açores

Um conjunto de poeiras microscópicas vindas do Deserto do Saara vão atingir os Açores nos próximos dias. Este fenómeno pouco comum está a ser acompanhado pelas autoridades meteorológicas locais. Fique a par de tudo connosco!

Poeira sahariana
Deserto do Saara, a região de onde são provenientes as areias.

Durante o dia de hoje, o Arquipélago dos Açores vai ser afetado por uma “tempestade” de poeira que tem a sua origem no Deserto do Saara. As partículas estão a deslocar-se de Sudeste para Noroeste, esperando-se que, com a chegada àquelas ilhas, mudem de direção, afetando em primeiro lugar o Grupo Ocidental e posteriormente os restantes Grupos.

Estas poeiras foram detetas pelo programa Copernicus Atmospheric Monitoring Services (CAMS, na sigla em inglês). Este programa consiste na monitorização, controlo e produção de informação sobre a qualidade do ar, os gases com efeito de estufa, a energia solar e a poluição atmosférica associada à saúde, a nível europeu e mundial.

O evento iniciou-se devido à existência de movimentos verticais ascendentes em algumas áreas do Deserto do Saara, no Norte de África. Estes movimentos ascendentes do ar transportam partículas para níveis mais elevados da troposfera. A circulação das partículas na superfície terrestre está igualmente facilitada pela ação do Anticiclone do Açores, cujo centro se tem localizado a sul-sueste do Arquipélago.

De onde vem e para onde vai?

Este evento está diretamente relacionado com a “Calima” que se verificou no fim-de-semana e no início da semana no Arquipélago das Canárias, Espanha. Assim designada pelos habitantes locais, esta névoa seca consiste na suspensão de partículas de areia originárias de regiões desérticas, transportadas pela força do vento no âmbito da circulação geral da atmosfera.

Nas ilhas Canárias, devido à proximidade geográfica com o continente africano, estas poeiras verificaram-se com especial intensidade, tendo afetado a qualidade do ar, a paisagem e os transportes aéreos, levando ao encerramento dos principais aeroportos daquelas ilhas. No entanto, este fenómeno também se revelou positivo no combate aos incêndios florestais que afetam o arquipélago e que estão relacionados com as elevadas temperaturas registadas.

À medida que se deslocar para Noroeste, este fenómeno vai afetar o Arquipélago da Madeira e o dos Açores, já com menor intensidade. É possível que o céu geralmente azul se apresente com um tom mais pálido do que é habitual, quase esbranquiçado. Como nos Açores está prevista alguma precipitação, na quinta e na sexta-feira, a deposição destas partículas será facilitada, passando a poeira a ser perfeitamente visível a olho nu nas áreas urbanas de Santa Cruz das Flores, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. Não são esperados constrangimentos na vida dos habitantes ou nos meios de transporte aéreo.