O Leslie poderá vir passar o fim-de-semana!

Nos últimos dias, o Hemisfério Norte tem sido assolado por eventos meteorológicos com maior severidade, maior frequência e em maior número do que habitualmente tendem a ocorrer, sempre que há necessidade de reequilíbrio atmosférico.

Uma imponente beleza que nasce no lugar mais quente e seco do planeta!

Ora falamos de Furacões, os quais têm a sua ignição (normalmente, em regiões tropicais do planeta) por variações de temperatura da superfície oceânica (normalmente, quando ultrapassa os 27⁰C) e mudanças na direcção dos ventos, os quais podem atingir mais de 250km/h (nível 5 da escala Saffir-Simpson).

A evaporação da água do oceano vai-se acumulando em nuvens na camada mais baixa da atmosfera, criando um centro de baixas pressões, fazendo com que o ar aquecido suba cada vez mais rápido, e obrigando o ar frio da camada superior a descer para o centro de uma célula de tempestade que gira sobre si própria. E, à medida que o furacão se movimenta, vai-se alimentando com mais vapor de água, crescendo e girando em redemoinho sobre o oceano, normalmente, começando a dissipar-se quando atinge terra (mais fria e seca, aliado ao “factor atrito”), mas ainda com considerável capacidade para provocar estragos!

Os Furacões têm origem, curiosamente, no deserto do Sahara, em África, onde se formam massas de ar de altas temperaturas e baixa humidade, o chamado African easterly jet. E quando este sistema climático se cruza, ao largo do arquipélago de Cabo Verde, com massas de ar mais frias e húmidas, provenientes essencialmente da floresta do Congo, formam células de grande instabilidade, as quais sobre o oceano Atlântico, começam a sugar a água aquecida pelo Sol, aprisionando-a numa célula de massa de nuvens em forma de bolacha, que vai aumentando de tamanho (perigosidade) de acordo com a força / intensidade do vento e da capacidade de reter água.

E, a causa disso poderá decorrer do facto de, findo um período de verão muito quente, como o que terminou no passado mês de Setembro, as águas do oceano Atlântico se encontrarem muito aquecidas, o que potencia a formação de furacões.

Poderá passar pela Península Ibérica já no próximo dia 14 o Furacão LESLIE!

De acordo com os registos da temperatura da superfície do mar, e com os modelos de previsão atmosférica, a LESLIE, inicialmente uma tempestade tropical, movimentando-se sob as águas oceânicas particularmente mais quentes, aumentou a sua força e personifica já um Furacão que se prevê afecte o continente no próximo domingo, começando a fazer-se sentir agitação marítima, com ondulação com período elevado e tamanho a variar entre os 2 e os 3 metros de altura em toda a costa.

Os últimos registos de satélite detectam o Furacão LESLIE ao largo do arquipélago dos Açores (a cerca 1500km a OSO/WSW), com uma pressão atmosférica que ronda os 900 milibares, movendo-se a uma velocidade de aproximadamente 10km/h, e com ventos ciclónicos em torno de um raio de cerca de 400km.

Como todos os seus “parentes”, o Furacão LESLIE tem vontade própria, pelo que não existem, neste momento, certezas absolutas acerca do seu percurso e tempo de vida. Contudo, lembra o bom senso, que na prevenção é que está o ganho, e pelas consequências associadas a este tipo de fenómeno atmosférico – ventos fortíssimos, chuvadas intensas, cheias rápidas, perdas materiais e até mortes, mais vale estarmos atentos!