O Famoso Macaréu do Oriente!

A imponência dos fenómenos naturais sempre despertou no Homem sensações duais de curiosidade e receio, sendo que estes eventos só personificam desastres quando, pela sua intervenção, o Homem se vulnerabiliza aos seus efeitos.

Com uma linha de costa de 18mil km, caracterizam-se ambientes muito diversos, desde a frigida baía de Bohai a norte, à ilha Hanain no longínquo sul tropical.

A China, um país tão vasto como um continente, onde a tradição e a modernidade se fundem, com a maior taxa demográfica do planeta, é uma nação de contrastes – o interior central é dissecado pelos rios mais extensos da Ásia, e as regiões fronteiriças, a ocidente, são circundadas por gelo e deserto.

No centro da sua rápida industrialização, estão arrojados projectos de infraestruturas, como os que ligam cidades e regiões através de extensas redes rodoviárias e ferroviárias, assim como, monumentais projectos de engenharia, como, - a ponte marítima mais longa do mundo (aço = 60 torres Eiffel, e betão = 400 piscinas olímpicas) liga 3 cidades nos 50 km do delta do rio das Pérolas (costa sudeste), uma enseada fustigada por tufões, e onde se encontra um dos portos mais movimentados do mundo; ou, - os muros/paredões de contenção, edificados para mitigar o poder destrutivo das marés e proteger as populações. Na dinâmica costa, sujeita às poderosas forças da natureza, registam-se as velocidades médias de vento mais elevadas no mundo – tufões que atingem a costa leste, 7 a 8 vezes por ano.

E, é na baía de Hangzhou, uma enseada do mar da China oriental, onde ocorre um impressionante fenómeno da natureza – um dos maiores macaréus do mundo!

Trata-se de um fenómeno caracterizado pela formação de uma frente de onda em rebentação que se propaga num estuário, de jusante para montante, em consequência da subida da maré. Pode ocorrer junto à foz de rios ou estuários, com zonas extensas de fundos baixos, se a amplitude da maré for suficientemente grande, e, dependendo do número e do grau de severidade dos tufões que ocorram na região, o seu poder destrutivo aumenta, exponenciando a sua dimensão perante a combinação das forças gravitacionais da lua, sol e terra.

O Festival de Observação dos Macaréus atrai cerca de 170 mil pessoas, e ocorre a cada 18º dia do 8º mês do calendário chinês

Curiosidades do Dragão de Prata (macaréu)

*Trata-se de uma tradição milenar, em que os que habitantes sacrificavam animais para afastar a desgraça, uma vez que (sem a protecção da orla), com a subida da maré, a água salgada tornava a terra incultivável por 4 a 5 anos;

*A onda chega a atingir os 9 metros de altura (servindo de escala de medição, quando embate no muro, uma corrente de lanternas chinesas);

*É causado pela maré forte de outono, que passa da ampla baía para uma zona mais estreita do rio Qiantang, criando uma parede de água por mais de 100km, com um rugido que alerta os milhares de observadores, e atrai alguns dos melhores surfistas, uma vez que dura cerca de 1h40, ao contrario das ondas de mar que duram alguns segundos!

    Ao longo do seu percurso, é feita monitorização, reunindo informações acerca da altura, formato, duração e amostras dos sedimentos deixados pelo macaréu, permitindo prever a ocorrência deste fenómeno com nível potencialmente mais destrutivo. Pela sua altura e imponência, apenas o macaréu do Amazonas (‘pororoca’, palavra de origem indígena que significa estrondo, forte barulho da natureza) é superior ao do rio Qiantang, mas em termos de impacte visual, este é o Nr.1!