Novo satélite chinês Fengyun-3H revela as suas primeiras imagens incríveis da Terra

A China divulgou as primeiras imagens capturadas pelo satélite meteorológico Fengyun-3H, um instrumento que promete revolucionar a observação global. As imagens revelam um nível de detalhe sem precedentes da atmosfera, oceanos e superfície da Terra.

Imagem em cores reais da Antártida capturada pelo instrumento MERSI-III (Medium Resolution Spectral Imager III) a bordo do FY-3H. Fonte: OMM (Organização Meteorológica Mundial).

O satélite meteorológico Fengyun-3H (FY-3H) foi lançado a 27 de setembro de 2025, a partir do Centro Espacial de Jiuquan, e já começou a transmitir os seus primeiros dados científicos. As imagens, apresentadas na 15ª Conferência de Utilizadores de Satélites Meteorológicos da Ásia-Oceânia, em Qingdao, demonstram a capacidade do novo sistema de capturar fenómenos atmosféricos com resolução sem precedentes.

Pela primeira vez, o novo satélite FY-3H mostra o nosso planeta com clareza global e, ao mesmo tempo, abre caminho para a monitorização de tempestades severas e gases com efeito de estufa a partir do espaço, num único dispositivo.

Segundo a Administração Meteorológica da China (CMA), seis dos nove instrumentos a bordo já estão operacionais. Entre eles está o Espectrómetro de Absorção de Gases com Efeito de Estufa II (GAS-II), que medirá as concentrações de dióxido de carbono e de metano com uma precisão de apenas uma ou duas partes por milhão (ppm).

As primeiras imagens divulgadas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostram desde a extensão do gelo na Antártida até ciclones tropicais no Pacífico. Esta cobertura global, obtida a partir de uma órbita polar, será fundamental para aprimorar a previsão do tempo e de desastres naturais à escala planetária.

Um novo olhar sobre o planeta

O FY-3H pertence à terceira geração de satélites meteorológicos chineses e faz parte da rede internacional integrada de observação da OMM. A sua órbita mais avançada complementa as observações de outros satélites, como o europeu MetOp e o americano NOAA-20, fornecendo dados em diferentes momentos e, assim, melhorando a cobertura global.

Este satélite transporta nove instrumentos de deteção remota capazes de observar em diferentes comprimentos de onda, do visível ao infravermelho. Estes instrumentos gerarão mais de 70 produtos diferentes: imagens de nuvens, temperatura e humidade atmosféricas, aerossóis, radiação solar, superfície oceânica e concentrações de gases com efeito de estufa.

A combinação destes sensores melhorará a precisão dos modelos de previsão do tempo, especialmente em regiões tropicais e polares onde a observação terrestre é limitada. Além disso, o seu sistema de transmissão direta facilitará o acesso aos dados para centros meteorológicos em todo o mundo.

Aplicações científicas e cooperação global

A OMM destacou que os dados do terceiro semestre do ano fiscal serão partilhados abertamente com outros países no âmbito do WIGOS (Sistema Global Integrado de Observação). Isto fortalecerá a cooperação internacional na monitorização climática e na resposta a emergências meteorológicas.

Imagem composta de céu limpo sobre a Ásia capturada pelo instrumento MERSI-III (Medium Resolution Spectral Imager III) a bordo do satélite FY-3H (9 a 21 de outubro de 2025). Fonte: OMM.

A China procura posicionar-se como um ator fundamental na ciência climática, e este novo satélite fortalece a sua contribuição para a rede global de observação. Os dados gerados por ele permitirão a análise de tempestades, ondas de calor, secas e variações nas concentrações de gases com efeito de estufa.

Os próximos meses serão cruciais para concluir a calibração dos nove instrumentos e validar os resultados científicos. Se o desempenho atender às expectativas, o FY-3H irá tornar-se uma ferramenta essencial para a compreensão da atmosfera terrestre num estágio crítico das alterações climáticas.