Nem praia, nem piscina. Aqui não tem de fazer escolhas
Uns preferem praia. Outros, piscina. Neste destino, não se discute: mergulha-se nos dois. Conheça o lugar que junta o melhor dos dois mundos.

Se alguma vez deu por si a debater, em pleno verão, se preferia o conforto de uma piscina ou a imensidão do mar, então está na hora de conhecer um lugar que resolve essa indecisão com elegância. “Esperem lá… estão a dizer que posso ter o mar ali mesmo ao lado e, ao mesmo tempo, mergulhar sem medo de não ter pé?”
Sim, é isso mesmo. E não, não é um sonho de verão — é Leça da Palmeira.
A Piscina das Marés dá-lhe o melhor dos dois mundos, num cenário onde a natureza e a arquitetura se encontram com uma harmonia tão simples quanto impressionante.
Um mergulho numa obra-prima
Imaginada pelo então jovem arquiteto Álvaro Siza Vieira e inaugurada em 1966, esta piscina não é só um espaço para se refrescar nos dias quentes. É uma verdadeira obra de arte à beira-mar, que se esconde entre rochas e que se revela como uma extensão natural da paisagem.
Foi precisamente esta integração subtil com a costa que lhe valeu o reconhecimento como Monumento Nacional em 2011. E sim, é uma das poucas piscinas do mundo que pode gabar-se de figurar nas listas internacionais de arquitetura como um exemplo brilhante da modernidade que respeita o lugar onde nasce.
Depois de mais de cinco décadas a encantar banhistas e apaixonados por arquitetura, a Piscina das Marés passou por uma reabilitação profunda entre 2019 e 2021. A intervenção foi liderada pela Câmara Municipal de Matosinhos e acompanhada pelo próprio Siza, que garantiu que a essência do projeto original se mantivesse intacta.
Os trabalhos envolveram a recuperação da estrutura em betão, a renovação do sistema de captação e filtragem de água do mar, e até a requalificação dos balneários e das zonas de apoio.

"O investimento desta reabilitação, no valor de 1,3 milhões de euros, envolveu a instalação mecânica de bombas de captação e circulação, sistema de filtragem e tratamento da água, tubagens e infraestruturas elétricas", explica a autarquia.
Entre o silêncio das rochas e o som das ondas
O mais curioso é que, apesar de todo o seu valor patrimonial, a Piscina das Marés mantém uma aura simples. Não espere grandes extravagâncias, escorregas ou bares com música alta. O que encontra aqui é outra coisa: um tanque de água salgada que se enche com as marés, rodeado por rochas, com uma vista desimpedida para o Atlântico.
Além das piscinas, há balneários discretos, vestiários funcionais e um pequeno café onde pode tomar algo fresco entre mergulhos. Tudo minimalista, tudo com propósito.
Informações práticas
E quando é que a pode visitar? Já pode fazê-lo — corra.
A época balnear costuma arrancar no início de junho e prolonga-se até meados de setembro. Durante esse período, a piscina está aberta entre as 9:00 e as 19:00 horas, embora possa haver alterações pontuais relacionadas com o estado do mar. Os bilhetes variam consoante a idade e o dia da semana, mas espere pagar entre 5€ e 10€ por adulto, e entre 3,50€ e 6€ por criança.
Fora da época de banhos, o espaço não fecha completamente. Pelo contrário, abre-se a visitas guiadas de cariz cultural, recebe sessões fotográficas, eventos ligados ao património e até estudos académicos.

“Com o final da época balnear a Piscina encerra ao público, sendo autorizadas apenas visitas guiadas de interesse arquitetónico e/ou técnico, ao longo do ano ou atividades de caráter comercial (fotografia, filmagem, eventos, entre outros)”, lê-se no site municipal.
Se gosta de sítios que surpreendem sem precisar de artifícios, este é um deles. Visitar a Piscina das Marés é muito mais do que ir a banhos. É entrar num lugar onde o tempo abranda, onde a arquitetura se põe ao serviço da natureza, e onde cada mergulho tem o sabor do Atlântico — mas também da história e da beleza pura.
Com a previsão de temperaturas superiores a 40 °C para o último fim de semana de junho, talvez esteja na altura de o colocar na sua lista para este verão.