Javalis causaram 8 milhões de euros de prejuízos nas searas de milho em 2024. Agricultores pedem ação ao Governo
O Plano Estratégico e de Ação do Javali em Portugal foi apresentado em 2023, mas, “inexplicavelmente, ainda não foi implementado”, lamenta Jorge Neves, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis).

A apresentação pública do Plano Estratégico e de Ação do Javali em Portugal, promovido pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e elaborado pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro, aconteceu no dia 30 de maio de 2023.
O documento, que foi financiado pelo Fundo Florestal Permanente, foi coordenado por Rita Torres e João Carvalho, ambos investigadores do CESAM/UA, e nele participou Carlos Fonseca, à data Chief Technology Officer (CFO) do Laboratório Colaborativo ForestWISE, professor da UA. Participaram ainda Nuno Pinto, Carlos Barroqueiro e Guilherme Pereira.
"Um marco a nível nacional e europeu"
O Plano foi considerado pela equipa que coordenou cientificamente o trabalho como “um marco a nível nacional e europeu”.
Este Plano Estratégico assenta em quatro objetivos. O primeiro, envolve o conhecimento do tamanho populacional de javalis em Portugal.
O segundo, consiste na descrição e acompanhamento dos principais parâmetros fisiológicos e indicadores de condição física dos animais.

O terceiro, contempla a avaliação do habitat e dos fatores que possam aumentar ou diminuir o impacto e dimensão dos prejuízos causados pela espécie.
Por fim, o quarto objetivo diz respeito aos acidentes rodoviários em que esta espécie está diretamente envolvida.
Como forma de reverter a tendência de crescimento das populações de javali, e tendo em vista a compatibilização da sua presença com o contexto ecológico, sanitário e socioeconómico envolvente, Rita Torres, membro da equipa coordenadora, refere que se sugere a combinação de diferentes abordagens.
Plano não está a ser executado
Entre elas, está a "limitação temporal do período de cevagem" (engorda), com colocação de milho em certos locais para atrair os javalis durante a caça, assim como o "aumento da taxa de extração anual, à extração de classes etárias e sexo específicos" e, ainda, a "aplicação de um maior esforço no primeiro trimestre do período venatório" (caça).
Uma situação que a Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis) considera “de todo incompreensível”.

Por essa razão, a Anpromis solicita que, face à dimensão desta problemática, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) proceda à implementação “mais rapidamente possível” do Plano Estratégico e de Ação do Javali em Portugal, apresentado em 2023.
Descontrolo da população de javalis
A Anpromis revela, através de um comunicado divulgado nesta terça-feira, 17 de junho, que os prejuízos provocados pelos javalis nas searas de milho dos seus associados tenham representado, só em 2024, “um valor extremamente elevado, a rondar os oito milhões de euros”.
“Os produtores nacionais de milho não podem continuar a ser penalizados pela falta de implementação de um Plano que, recordamos, foi apresentado há dois anos e que inexplicavelmente ainda não foi implementado”, refere Jorge Neves, presidente da Anpromis.
O dirigente da Associação acrescenta que “é altura de passarmos das palavras aos atos e, neste caso particular, não podemos perder mais tempo e continuar a assistir impavidamente ao descontrolo da população de javalis que atualmente se verifica, sem nada fazer”.